*A cobertura especial do Startups no Gramado Summit tem apoio da Sólides.
Para os investidores, montar negócios pensando em investidor é coisa do passado. Segundo os convidados do primeiro dia de Pitch Reverso realizado no Gramado Summit, o momento é de centrar a visão no core business e nas necessidades dos clientes, numa espécie de “Campo dos Sonhos” comercial: resolva as dores dos clientes e a rentabilidade virá (talvez).
“Se não fizer o negócio pensando no cliente, não vai durar. Tem muito fundador que montou business plan pensando em investidor e está aí quebrando”, disparou Fred Santoro, CEO da Raketo, um dos executivos a fazer o pitch de sua companhia no Palco Startups.
Segundo o investidor e líder da plataforma de fomento a novos negócios, as startups em começo de operação ainda têm grandes oportunidades para captar, pois o early stage ainda está movimentado. “(O early stage) está super aquecido, especialmente para quem tá buscando ser rentável cedo”, completa.
Atualmente com cerca de 46 mil investidores cadastrado em sua plataforma de crowdfunding Divi-hub, o momento da Raketo é o de trazer mais investidores para apoiar negócios em fase inicial. “Estamos recomendando a agentes de investimentos a incluírem startups como opções em suas carteiras, com a Raketo sendo suas parceiras”, destaca.
No caso da Vox Capital, outro fundo que fez o seu pitch no 1º dia do Pitch Reverso no Gramado Summit, a tese de impacto da gestora se tornou ainda mais essencial neste momento, quando rentabilidade se tornou um requisito essencial na hora de assinar um cheque.
“Investir com impacto é conectado com retorno financeiro. Resolver problemas da sociedade, na base da pirâmide, é um bom negócio, e nossa tese gira em torno disso”, afirma Rafael Campos, sócio da Vox, durante o painel no Gramado Summit.
Na hora que aperta…
Para Rafael, em um momento em que os valuations estão em baixa, e a visão dos investidores está bem mais cética em relação a períodos mais generosos no VC, é a hora dos founders ficarem cada vez mais próximos de seu propósito base. Segundo ele (e os outros painelistas), este não é o momento de desviar foco e buscar soluções periféricas pensando em crescimento.
“Na hora que aperta, é justamente a hora de pensar no impacto inicial e se dedicar ao core business. É ele que antecede o lucro, e acaba sendo mais valorizado neste momento”, completa Rafael.
Atualmente a Vox tem atuação em rodadas seed, série A e B, assim como gere fundos com o Banco do Brasil (para fintechs) e com o Hospital Albert Einstein – com o Arava, fundo voltado a healthtechs. Além disso, ela captou no ano passado R$ 50 milhões para o seu fundo de impacto Tech For Good Growth (TFGG), que soma mais de R$ 200 milhões em investimentos. Hoje a empresa tem uma base de ativos gerida de mais de R$ 650 milhões.
O terceiro fundo a fazer o pitch foi a Catarina Capital, que tem um tempo menor de mercado (3 anos) e uma tese um tanto diferente. Com foco regional mirando os 3 estados do Sul do país (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), a Catarina Capital tem uma tese voltada a tecnologia B2B, mas contemplando empresas em todos os estágios.
“Vamos da garagem até a bolsa”, explica José Augusto Albino, sócio do fundo. Segundo ele, o momento do fundo é o de olhar com atenção para o early stage (uma tese defendida pelos outros painelistas), apostando em uma abordagem hands-on com os founders e aproveitando o foco regional para garantir isso.
De acordo com o gestor, no momento a Catarina Capital está fazendo a captação de seu segundo fundo, que deve levantar R$ 100 milhões e investir em até 20 empresas, com cheques de R$ 3 a 5 milhões. “Queremos começar a investir a partir do último trimestre deste ano”, completa José Augusto.