Inteligência artificial

O estágio final da evolução da IA é a simbiose, afirma Neil Redding

Especialista apresenta modelo de evolução da IA em 5 estágios e propõe simbiose como alternativa à automação total

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Neil Redding
Neil Redding durante palestra no HackTown 2025 (Foto: Divulgação)

Durante o HackTown 2025, Neil Redding não poupou projeções ousadas sobre o papel da inteligência artificial nos negócios. No último sábado (2), o futurista e estrategista em inovação afirmou que o destino final da IA não é simplesmente a automação total, mas a simbiose, um estágio em que humanos e máquinas colaboram como espécies distintas que se beneficiam mutuamente.

Para o CEO da Redding Futures, o debate sobre inteligência artificial precisa ir além da dicotomia entre ferramenta e ameaça. Redding propõe uma perspectiva diferente, da IA como uma nova espécie que pode estabelecer relações simbióticas com os humanos, semelhante ao que acontece na natureza. Assim, muito mais do que uma ferramenta, a IA passará a atuar como parceria estratégica.

“Para termos um futuro próspero e abundante, mesmo no curto prazo, precisamos caminhar rumo à simbiose”, afirmou Redding.

Ele apresentou um modelo de evolução da inteligência artificial em cinco etapas. O primeiro estágio é o Prompt, que representa o que conhecemos hoje: sistemas como ChatGPT e Claude que aguardam comandos humanos para executar tarefas a partir de instruções diretas. Em seguida, vem o estágio Participar, quando a IA começa a interagir proativamente e co-criar, iniciando conversas e tornando-se parceira ativa no trabalho criativo e estratégico.

Na terceira fase, Delegar, humanos passam a confiar tarefas complexas a agentes de IA que atuam com autonomia parcial, pesquisando, analisando e entregando resultados sem supervisão constante. O quarto estágio, Iniciar, marca o momento em que sistemas tomam decisões e agem de forma independente.

O quinto e último estágio é a simbiose propriamente dita. Redding apresentou sua visão do “negócio autoevolutivo”: organizações financeiramente bem-sucedidas, resultado de uma colaboração crescente entre humanos e IA. Além disso, são empresas que se adaptam continuamente às mudanças do contexto em que estão inseridas, alinhando-se cada vez mais aos ecossistemas dos quais fazem parte. “Em outras palavras, é um simbionte com o planeta”, pontuou.

Imperativo da humanidade

O palestrante foi enfático sobre a urgência da transformação. “Não há mais tempo para ficar na lateral. Isso não é apenas um imperativo de negócios, é um imperativo ao nível da humanidade”, alertou.

Segundo Redding, vivemos um momento histórico único. “Pela primeira vez em eras, talvez para sempre, estamos experimentando o surgimento de uma nova espécie que é igual a nós de muitas maneiras, desafiando a noção de supremacia humana”, afirmou.

Realidade participativa

Para Redding, a transformação depende da participação, elemento essencial para a saúde das ecologias naturais, para o engajamento das equipes e para desbloquear todo o potencial da inteligência artificial nos negócios.

O especialista fundamentou sua visão em conceitos da física quântica e da neurociência. Citando o neurocientista Anil Seth, lembrou que “todos nós estamos alucinando o tempo todo. Quando concordamos sobre nossas alucinações, chamamos isso de realidade”.

Para ele, essa perspectiva é libertadora: se a realidade é participativa e co-criada, humanos e IA podem moldar juntos um futuro próspero. “Descobrimos um novo tipo de fogo. Temos esta nova espécie chamada IA”, concluiu, comparando o momento atual à descoberta que transformou a civilização humana.

A proposta de simbiose de Redding representa uma terceira via no debate sobre IA – nem dominação humana, nem substituição, mas uma colaboração evolutiva que beneficia ambas as espécies e o planeta como um todo.