SXSW 2025

O que não perder - e o que não fazer - no SXSW 2025

Personalidades do ecossistema dizem os conteúdos que vão acompanhar e as "dicas de ouro" para aproveitar o evento ao máximo

SXSW
Austin Convention Center. Foto: Shutterstock

Nos últimos anos, a impressão é de que, pelo menos quando se trata do “ecossistema de inovação”, todo brasileiro vai para o South By Southwest (SXSW). Claro que estou hiperbolizando, mas durante o festival, que começa nesta sexta (07) e vai até o dia 15 de março, é de que o português é a segunda língua mais falada pelas ruas da capital do Texas.

Para a edição 2025, a expectativa é de que o evento receba novamente cerca de 150 mil pessoas – com o Brasil representando a maior comitiva internacional entre os visitantes. No público geral, só fica atrás dos, obviamente, norte-americanos.

Serão 23 trilhas de conteúdo: 2050, Advertising & Brand Experience, AI, Climate & Sustainability, Creating Film & TV, Creator Economy, Culture, Design, Energy, Fashion & Beauty, Film & TV Industry, Food, Game Industry, Government & Civic Engagement, Health & MedTech, Music & Tech, Music Industry, Psychedelics, Startups, Tech Industry, Transportation, Workplace e XR.

É bastante coisa e, com certeza, qualquer um dos visitantes não terá chance de aproveitar nem metade disso (provavelmente muito menos), então é importante se programar bem – e andar bastante, já que o SXSW ocupa diversos pontos no centro de Austin.

De presença brasileira durante a programação, novamente o Itaú é um dos patrocinadores master do evento, e Governo de SP levará novamente empresas de economia criativa, fazendo a 2ª edição da São Paulo House. 

Outra iniciativa que vale a pena mencionar é do gaúcho Instituto Caldeira (em parceria com Dell e Intel), que liderará uma comitiva com startups no festival. As empresas Aprix e Planton, do Rio Grande do Sul, Abstra, do Rio de Janeiro, e Drome, da Bahia, foram selecionadas para ir com tudo pago ao SXSW.

Tá, mas e para quem estará em Austin e quer saber o que não perder em meio a um evento que é praticamente um sinônimo de FOMO? Bem, nós aqui do Startups resolvemos fazer uma espécie de serviço de utilidade pública e perguntamos a nomes conhecidos do ecossistema – e veteranos de SXSW – para responder duas perguntas: qual é o conteúdo que vale a pena acompanhar na programação e qual é a “dica de ouro” para aproveitar ao máximo os dias de SXSW.

Pegue o papel e caneta (ou abra o aplicativo do SXSW), que aqui vão as respostas.

O que vale a pena conferir no SXSW

Paulo Costa, CEO do Cubo Itaú

Olha, uma dica de ouro que eu que eu pratico e recomendo é, como diria Chris Cornell, Be Yourself: seja você mesmo. Concentre-se no que é importante para o seu trabalho ou no que você quer descobrir, o que você precisa se conectar. Evite o efeito manada.

Mas o que eu não vou perder é a palestra do Peter Attia, autor do livro Outlive: A arte e a ciência de viver mais e melhor. Ele vai falar duas vezes, uma sozinho e outra com a Esther Perel. Ele fala sobre Healthspan, que é longevidade, mas viver melhor do ponto de vista de lado cognitivo, do lado do corpo e nutrição.

Carolina Cavalheiro, Diretora de Negócios e Comunidade do Instituto Caldeira

O que não vou perder: É meu quarto ano de SXSW e descobri que assistir a Esther Perel é imperdível! Depois de assisti-la em 2023 e 2024, ficou ainda mais claro como seu olhar sobre as relações humanas se torna cada vez mais relevante em um mundo dominado por inteligência artificial, hiperconectividade e interações superficiais. Neste ano, a renomada psicoterapeuta e best-seller se junta a Peter Attia, médico e especialista em longevidade, para explorar um ponto crucial: de que adianta viver mais se não estamos verdadeiramente felizes? Sempre que escuto Esther Perel e suas provocações sobre vida e relações humanas, saio muito instigada e com a cabeça borbulhando.

A dica de ouro: não fique só nas palestras – explore os side events, ativações e encontros espontâneos pelas ruas de Austin, porque é no meio do caminho, entre uma talk e outra, que acontecem as conexões e experiências mais incríveis do festival.

Bruno Pina, CEO e fundador da Synapse

No primeiro dia de evento, tem um painel que é superinteressante, no dia 7, chamado Poder da GenAI para Transformar o Futuro da Pesquisa Médica. Um dos palestrantes é Alex Zhavoronkov, que é CEO da Insillico Medicine, que tem sido uma das pioneiras em drug discovery. Esse é um cara que pouca gente conhece o nome dele, mesmo para quem está no setor de saúde, na indústria farmacêutica, até, mas é um cara que vai estar lá e é um cara hoje superinfluente no mercado.

Depois disso, acho que o ponto alto do dia 8 é um painel com o Peter Attia, que ficou conhecido por conta do livro Outlive, que virou bestseller global. Aí dia 9, tem um outro cara também que vai falar sobre longevidade, sobre Steam Cells, que é o doutor Rob Signer. Ele é da Universidade de San Diego.

No dia 10 tem um painel que está todo brasileiro vai estar de olho, que é moderado pelo Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein. O tema será a Amazônia: a intersecção entre IA, saúde e tecnologia. Vale a pena assistir, não só porque é um brasileiro, mas os painéis dele têm sido interessantes e todo ano tem sido cartinha marcada no evento.

Para fechar, em Saúde, no dia 10 tem um painel também que fala também sobre longevidade com o David Sinclair, professor de genética da Faculdade de Medicina de Harvard e também fundador de várias iniciativas de estudos de moléculas e biomarcadores de envelhecimento.

Minha dica é não ficar preso em apenas uma trilha. Eu não fico preso só em saúde, eu olho pra essas indústrias adjacentes e tento dar uma olhadinha ali no futuro dessa indústria. Eu busco alguns painéis que complementem o meu conhecimento.

Paulo Emediato, Ex-Oxygea e atual colunista do MIT Sloan Management Review Brasil

O que não vou perder (ou pode perder?): não perca horas na fila de um palestrante X ou Y. Faça seu planejamento, mas se a palestra que você quer ver estiver muito cheia, tenha sempre mais uma ou duas opções para o mesmo horário. Os conteúdos mais famosos serão divulgados em mil formatos e canais depois. Acho uma loucura a turma acordar 5 manhã pra pegar fila e ver a Amy Webb, por exemplo.

A dica de ouro: Não vá ao Petes todas as noites. É legal e faz parte da experiência, mas tente navegar por Austin além dos pontos mais explorados pelos brasileiros. A cidade tem inúmeras casas de musica, bares escondidos (speakeasy) entre outras atrações fora do eixo de downtown. Outra dica: faça uma corridinha matutina para dar aquela recuperada da noite anterior: é um visual incrível correr na pista que segue na borda do rio que corta a cidade e ajuda a reativar o corpo para mais um dia de festival. 

Tassia Skolaude, CMO da Mercado Bitcoin

O que não vou perder: Na minha agenda estão palestras sobre construção de marca por meio de comunidades e a ascensão dos criadores de conteúdo. IA e futurologia também estão no radar. Ah, senti falta de mais conteúdo sobre cripto na programação! Quem sabe no próximo ano ajudamos a colocar esse tema em destaque.

A dica de ouro: A grande verdade é que a melhor dica para o evento é viver a experiência única que Austin oferece nesse período. Ter um plano e incluir algumas sessões imperdíveis (como as do imbatível Ballroom D) é essencial, mas os maiores aprendizados vêm dos contatos entre um local e outro e dos side events inesperados.

Thalita Martorelli, Diretora de Marketing e Comunicação na Cielo

O que não vou perder: Um que está na minha lista é o painel “The Great Rethinking: How to Navigate the Future of Work”, que trará reflexões importantes sobre o impacto das mudanças geracionais, tecnológicas e culturais no trabalho. Empresas que querem se destacar precisam ir além da adaptação e realmente liderar essa transformação. No fim das contas, o SXSW é sobre escolhas estratégicas – e essas sessões têm muito a contribuir para o presente e o futuro do nosso setor.

A dica de ouro: Vá além do que você já sabe e se permita explorar o novo. O festival não é apenas sobre absorver conteúdo – é sobre transformar perspectivas, provocar ideias e criar conexões que podem mudar o rumo do seu negócio e da sua carreira. Mas o grande diferencial do SXSW está na intersecção entre inovação, criatividade e comportamento humano. As melhores ideias, muitas vezes, surgem nos encontros inesperados, nas conversas entre trilhas e na troca genuína entre diferentes mercados e culturas. Então, esteja aberto ao imprevisível, desafie sua zona de conforto e conecte-se com pessoas que pensam diferente de você. E lembre-se: o networking não termina no último dia do evento.