Fundada em 2017, a BrainBox AI é uma das pioneiras na utilização de inteligência artificial para enfrentar os desafios globais de sustentabilidade. A companhia desenvolveu uma tecnologia avançada que otimiza de forma autônoma o consumo de energia dos sistemas HVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado, na sigla em inglês) e fornece insights de eficiência para tornar os edifícios mais inteligentes e ecológicos.
“A BrainBox AI nasceu de uma pergunta central: ‘Será que é possível ter um cérebro constantemente presente no edifício para garantir que tudo funcione corretamente?’, revelou o CEO, Sam Ramadori, em entrevista ao Startups durante o re:Invent 2024. “Foi aí que descobrimos o potencial da inteligência artificial e vimos a oportunidade de fazer algo neste segmento.”
Desde então, a startup já impactou mais de 9 milhões de metros quadrados em prédios comerciais com sua tecnologia, em 70 cidades em todo o mundo. Com sede em Montreal, no Canadá, e cerca de 200 colaboradores em diferentes países, a empresa está conectada a 15 mil sistemas, dos quais cerca de 4 mil já operam com controle autônomo – número que cresce rapidamente, de acordo com o CEO.
Além da IA para a otimização de HVAC, a startup desenvolveu um sistema de gerenciamento de edifícios em nuvem e soluções para medir, reduzir e compensar as emissões de gases de efeito estufa, ajudando os edifícios a alcançarem suas metas de descarbonização. Ela oferece também a ARIA, uma tecnologia conversacional que fornece dados e insights sobre as instalações, além de detectar falhas, gerenciar os edifícios e fazer a manutenção preditiva.
Operação LatAm
O principal mercado da BrainBox AI é a América do Norte, mas a startup também opera em alguns países da Europa, Ásia e do Oriente Médio. “Adoraríamos expandir para a América Latina. É apenas uma questão de tempo e de recursos”, afirma Sam.
Ele acrescenta que alguns desafios enfrentados em outros países podem acabar se repetindo na América Latina. “Os sistemas existentes nos prédios não foram projetados para funcionar como um carro autônomo e enviar dados em tempo real. Além disso, a tecnologia da BrainBox AI é conectada a edifícios que já possuem um sistema de controle prédios muito antigos não costumam ter um sistema instalado”, explica.
Ele ressalta que, assim como os desafios enfrentados pelos carros autônomos, a BrainBox AI opera em um setor com um grande componente de segurança. Precisamos implementar várias camadas de segurança no controle autônomo. Podemos desligar a IA se for necessário e a própria tecnologia pode se desativar automaticamente caso perca a conexão com o prédio ou detecte falha nos dados. Assim como os fabricantes de carros autônomos ainda enfrentam grandes desafios depois de anos de desenvolvimento, o futuro do controle autônomo em edifícios também apresenta obstáculos significativos”, pontua.
A grande vantagem, segundo o CEO, é a escalabilidade da tecnologia. “Não precisamos enviar uma equipe de engenheiros para fazer a solução funcionar. Só é necessário uma infraestrutura de nuvem AWS e conexão à internet. Então, de certa forma, não é um grande desafio começar a implantação”, avalia.
Escala é, justamente, a prioridade da BrainBox AI para 2025. No ano passado, a startup recebeu um aporte de US$ 10 milhões como parte de uma rodada maior de US$ 30 milhões. A startup tem como investidores a multinacional ABB e o Governo de Quebec, além de Esplanade Ventures, Desjardins Capital e um provedor global europeu de seguros e gestão de ativos, cujo nome não foi revelado.
Para acelerar os planos, Sam revela que a empresa pode fazer uma nova rodada no ano que vem. “Queremos continuar escalando e alcançando novos mercados”, afirma. Por meio de parcerias estratégicas globais, a BrainBox AI apoia clientes em diversos segmentos, como edifícios comerciais, hotéis, varejo, supermercados, aeroportos, entre outros.
Embora não revele o prazo para chegar na América Latina, o CEO garante: “esteremos sim na região”.
Visão de longo prazo
“Os edifícios consomem muita energia no planeta e nossa missão é torná-los mais eficientes”, pontua o CEO da BrainBox AI. De acordo com Sam, outro grande desafio enfrentado com os edifícios está relacionado com a transição para fontes de energia renováveis.
“O futuro demandará flexibilidade na forma como utilizamos a energia. No caso dos edifícios, que representam uma grande parte desse consumo, o que nos anima é saber que, se uma cidade com 100 mil prédios utilizar a tecnologia da BrainBox AI, eles podem começar a se comportar de forma coordenada, consciente do que está acontecendo ao seu redor. E é essa capacidade autônoma que acreditamos ser o futuro, permitindo criar um verdadeiro exército de edifícios que se comportam de forma integrada”, conclui.