A recém-lançada Amadeus AI nasceu com uma ambição grande: liderar a transformação de inteligência artificial no Brasil. Fundada em julho de 2024 por André Borsoi e Marcellus Amadeus, a startup visa oferecer ao mercado corporativo serviços e soluções de IA adaptadas às necessidades das empresas locais, utilizando modelos e dados proprietários com foco em maximizar o sucesso dos negócios na nova era digital.
“A crescente adoção da inteligência artificial no mundo tornará as empresas ainda mais competitivas. Ficar de fora ou chegar tarde a esse cenário seria um grande erro para o Brasil, colocando o país em grande desvantagem em termos de produtividade, transformação de negócios e redução de custos”, avalia André Borsoi, CEO da Amadeus AI, em entrevista ao Startups. “A empresa que ainda não está prestando atenção nisso já está atrasada, e corremos o risco de ficar para trás em relação a outros mercados”, pontua.
A Amadeus AI surge justamente para auxiliar as empresas neste processo. Amigos de infância, os fundadores da Amadeus AI uniram suas expertises pessoais para criar o negócio. André, com um background em administração e gestão de negócios, e Marcellus com os conhecimentos técnicos avançados, incluindo especializações na Universidade de Stanford uma cadeira como advisor na Associação Brasileira de Inteligência Artificial (Abria).
Embora os sócios já tivessem o planejamento da startup, o impulso necessário para tirar as ideias do papel e criar o negócio veio com o apoio da AWS. “Criamos o CNPJ para poder nos inscrever no AWS Global Generative AI Accelerator“, conta André. Lançado em meados de 2024, o programa da Amazon Web Services tem como objetivo ajudar startups a desenvolver soluções inovadoras no segmento de IA generativa.
Como resultado, a Amadeus AI se tornou a startup mais jovem a integrar a iniciativa e uma das 10 brasileiras selecionadas entre as 80 de todo o mundo. As startups selecionadas pelo programa receberam 10 semanas de orientação de mentores técnicos e de negócios, além de US$ 1 milhão cada em créditos da AWS para ajudar no desenvolvimento, treinamento, teste e lançamento de suas soluções de IA generativa.
Desde então, a Amadeus AI começou a se estruturar. “Nos últimos quatro meses, amadurecemos bastante, definindo com mais clareza o que queremos fazer e como desejamos impactar o mercado”, observa André.
Primeiros passos
André considera 2025 o primeiro ano da Amadeus AI. É quando a startup deverá fazer os seus primeiros lançamentos de produto e começar a mostrar presença no mercado. “Até agora, estávamos em uma fase exploratória e, a partir do próximo ano, começamos a ganhar forma”, afirma.
Segundo o empreendedor, o principal desafio é criar produtos relevantes para o mercado e estabelecer um diferencial, posicionando a Amadeus AI como uma autoridade no setor. “Queremos que as pessoas sintam que realmente estamos ajudando a impulsionar suas empresas, e não sermos apenas mais um player no meio do hype”, ressalta.
O objetivo, aponta André, é construir uma carteira de clientes B2B satisfeitos e com produto escalável. “A visão da Amadeus AI é liderar a transformação de IA no Brasil. Se daqui a alguns anos formos reconhecidos como uma startup que, entre tantas outras empresas, liderou esse processo, vou ficar muito satisfeito”, pontua.
A Amadeus AI conta com investidores-anjo, mas não abre o valor do investimento captado até o momento. Uma nova rodada de investimentos ainda não está nos planos. “Estamos em fase embrionária e, no próximo ano, a Amadeus AI começa a atuar. Precisamos focar primeiro nisso para, depois, pensar nas próximas etapas”, afirma.
Visão de futuro
“Embora ainda não tenhamos um produto fechado para oferecer às empresas, hoje temos a clareza de que há uma grande oportunidade no mercado”, afirma André. Segundo o CEO, a Amadeus AI está em fase de estruturação da equipe e validação de suas estratégias, mantendo contato próximo com empresas (potenciais clientes) para entender suas necessidades e lacunas de negócios.
“Temos conversado com muitas companhias, que têm grandes problemas a serem resolvidos com o uso de IA. A maioria sente que não está acompanhando o movimento dessa tecnologia, então temos tentado instigá-las sobre as possibilidades do uso da IA. Estamos compreendendo o que essas empresas gostariam de ter e fazer, e como podemos ajudá-las”, diz André.
Sem dar spoilers sobre os primeiros lançamentos, o executivo destaca seu desejo de construir uma autoridade em torno da língua portuguesa e do Brasil. “A maioria das empresas daqui utiliza aplicações de IA de terceiros, em áreas específicas do negócio. Essa adoção ainda é fragmentada, sem uma visão estratégica de negócio. O mundo passou por uma revolução em que a IA não está mais centralizada em poucos players; ou seja, você pode construir seu próprio modelo, em vez de pagar pelo de outra empresa. Temos buscado despertar as companhias brasileiras para essa nova realidade”, explica.
A expectativa da Amadeus AI é, por meio de suas ferramentas e soluções de IA, auxiliar as empresas na construção de seus próprios modelos de IA. “Uma vez que tivermos uma coleção de cases de sucesso, em que criamos modelos seguros e de alta qualidade em parceria com as empresas, podemos lançar nossos próprios modelos, com um uso mais genérico para o mercado”, antecipa.
No entanto, a startup não quer pular etapas. Atualmente, o foco da Amadeus AI é construir os modelos para seus clientes. Para André, o grande diferencial da startup é sua abordagem propositiva em relação às empresas. “Pensamos no caso de cada companhia, avaliando o que é possível fazer. Queremos investigar os problemas dos nossos clientes e ajudá-los a entender a importância de ter uma estratégia clara de IA, com uma compreensão real de como essa tecnologia pode agregar valor ao negócio”, comenta.
“Existe uma urgência para que empresas brasileiras adotem a inteligência artificial de forma estruturada em suas operações, caso contrário, serão engolidas pelo mercado global. Hoje, se sua loja não tem um e-commerce, provavelmente não sobreviverá no mundo offline. De maneira semelhante, nesse nível de transformação digital, sem uma abordagem eficiente de IA, o negócio não será competitivo. Elas terão que entrar de cabeça, e adoraríamos liderar esse processo por meio da Amadeus AI”, conclui.