As redes de comunicação 5G não representam apenas ganhar mais velocidade para baixar e-mails, mensagens no WhatsApp, ou jogar online. A tecnologia vai permitir a criação de novos negócios e aplicações que não existem hoje. E isso abre muitas oportunidades para startups. E não só na área de software: investir em hardware também se torna uma opção.
“Digitalizar a economia real passa por capturar dados. E para capturar dados você precisa de hardware. E o 5G vai exigir coisas novas e bilhões de dispositivos”, avaliou Alan Freeman, fundador da Hards, aceleradora especializada em startups de hardware sediada em Santa Catarina.
Ele participou de um painel sobre o assunto durante o Startup Summit, em Florianópolis. A conversa também teve a participação de Luiz Tonisi, presidente da Qualcomm para a América Latina, e de Carlos Reich, head de soluções de redes 5G da Intelbras. “Pensem na aplicação que a gente ajuda a pensar na infraestrutura”, disse Carlos.
Potencial trilionário
De acordo com Luiz, o 5G tem potencial de adicionar US$ 13,2 trilhões à economia global até 2035. O Brasil pode ficar com 6% disso, com uma contribuição adicional de 1% a 2% do PIB.
Ele destacou 3 desafios para a concretização dessas projeções: a infraestrutura (que está sendo implementado no Brasil e no mundo), a falta de mão-de-obra e a criação de killer applications – ou seja, produtos ou serviços que sejam praticamente indispensáveis ou muito superiores em relação a oferta existente no mercado.
Com relação a este último aspecto, ele disse que o foco deve ser nos segmentos de maior potencial econômico, como o agronegócio. Carlos deu o exemplo de um trator autônomo fazendo uma colheita guiado por centenas de sensores espalhados por uma plantação. “O 5G é sobre máquinas. Se precisar de mobilidade, de precisão, o 5G é a rede para isso”, avaliou.
Uma das vantagens do 5G é a possibilidade de criação de redes privadas, que podem ser usadas para aplicações específicas de empresas, com mais qualidade e velocidade e sem interferências. Isso já existe nas redes 4G, mas não é tão simples e nem tão barato de ser feito.
Mas hardware, no Brasil?
Tradicionalmente, fazer hardware não é uma opção para startups brasileiras. Mas esse paradigma está mudando com o barateamento de tecnologias usadas no desenvolvimento de novas tecnologias. “Nos últimos 18 meses nossas startups tiveram um barateamento no custo de importação de componentes por conta de incentivos conseguidos junto a diferentes esferas do governo – e mesmo diante da alta do dólar e dos problemas na cadeia global de semicondutores”, pontuou. Lançada em 2019, a Hards já acelerou 20 startups.
Investidores também parecem estar perdendo o medo de investir em startups que desenvolvem equipamentos, como Kuba e as fabricantes de motos elétricas Voltz e Origem, mas também de projetos que envolvam algum componente de hardware, como um dispositivo de monitoramento de painéis solares criado pela Solfácil.
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