A Headline, nova gestora de Romero Rodrigues, que tem a XP como sócia, quer fechar seus primeiros 2 ou 3 investimentos até o fim do ano. A informação foi dada durante painel no Startup Summit, em Florianópolis, que teve mediação de Fred Santoro, ex-AWS e fundador da Raketo.
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De acordo com Romero, com um mês e meio de operação, a equipe da Headline já analisou 650 companhias. A busca é por negócios que estejam em estágio seed mais avançado e também nas A e B. Não há setores, nem corte específico em relação a tamanho e receita para definir os investimentos. Os cheques são sempre minoritários e o tamanho da fatia de até 20%. “A gente não investe em tecnologia, em fluxo de caixa, investe em gente, e conhecer as pessoas leva tempo. Queremos investir em empreendedores que já iam dar certo sem a gente e ajudá-los a ir mais rápido”, disse.
A Headline
Em junho a Headline concluiu a captação de seu fundo com R$ 915,7 milhões, bem mais que seu alvo inicial, de R$ 834 milhões. De acordo com Romero, metade dos recursos será usada para investimentos em 25 negócios ao longo dos próximos 4 anos. A outra metade será usada para aportes subsequentes nas companhias
A captação do fundo levou 3 semanas para ser feita, um processo que envolveu 150 reuniões, segundo Romero. Ele contou que a história começou em fevereiro, quando Guilherme Benchimol, fundador da XP, o procurou para montar o Headline III dentro da compahia.
O fundo é o sucessor da história da Redpoint eventures, uma das primeiras gestoras de venture capital brasileiras, que suspendeu novos investimentos ano passado por discordâncias entre os sócios exatamente em relação à captação do novo fundo.
Usando a distribuição da XP, o Headline III conquistou 12.497 mil investidores, o que fez dele o maior fundo de venture capital em número de cotistas do mundo, segundo Romero. “E se Deus quiser, [o maior] em retorno também”, brincou.
Segundo ele, 90% dos investidores nunca tinham acessado o mercado de venture capital, mas muitos já tinham investido como anjos, colocado dinheiro em cripto. “Conseguimos democratizar o acesso com uma estrutura profissional para fazer investimentos para eles”, completou.
Democratizar talvez não seja o melhor termo para ser usado, uma vez que a oferta ficou limitada a investidores qualificados – traduzindo, que têm mais de R$ 1 milhão disponíveis para aplicações. Mas já foi alguma coisa. “Não são só investidores, mas sócio-torcedores. Gente que quer ajudar, usar os produtos e serviços dos quais são sócios. Pode ser uma boa estratégia de desenvolvimento de negócios”, disse Romero.
Pelo lado dos fundadores, o plano é ser mais do que apenas dinheiro e, para fazer isso, o plano é ter encontros, discussões e revisões de rota quinzenais, mensais e trimestrais. A ideia é que o próprio Benchimol participe dos encontros mensais.
O pacote de investimento também inclui a oferta de serviços financeiros por parte da XP.
Cenário atual
Perguntado sobre o atual momento do mercado, ele destacou que que uma recuperação em V não é uma realidade para o Brasil e que os EUA já estão tecnicamente em recessão – apesar de o FED tentar convencer o mercado do contrário. Ele pontou, entretanto, que isso é uma boa notícia.
“As 3 grandes recessões desde os anos 1970 produziram as melhores empresas. Durante esses momentos é mais fácil mudar modelos de consumo e criar modelos de negócios mais otimizados. O capital está mais difícil, mas quem captar vai ter menos competição”, avaliou.
Para ele, ter muito dinheiro disponível não dá certo e é natural que muita besteira será feita. A tendência é que esse excesso de liquidez suma com os juros altos remunerando o dinheiro com menos risco. E isso vai ajudar a “limpar” o mercado. “Você filtra não quem é bom, mas o cara que ia criar ruído, que captava tanto que acabava virando uma profecia auto-realizável. Quem sabe executar vai ter pista livre. Uma das melhores safras que vão sair são as safras dos próximos 3 a 4 anos”, concluiu.