Startups Fever

“Nem toda startup precisa ser unicórnio e tá tudo bem”, diz CEO da WeWork

Na atual conjuntura, atingir valuation de US$ 1 bi deve ser uma consequência e não o objetivo principal, diz executivo

Foto: Fabiana Rolfini
Foto: Fabiana Rolfini

Muito se discute se, com o inverno das startups congelando as carteiras de investidores desde o ano passado, o Brasil verá o nascimento de mais unicórnios no futuro – empresas com avaliação acima de US$ 1 bilhão. Se depender da crença da WeWork e da Visa, a resposta é sim: ainda há espaço para novos seres raros e místicos no ecossistema, no entanto, isso não precisa ser uma prioridade.

“Nem toda startup precisa ser unicórnio e tá tudo bem. O conceito de pensar em uma solução de alcance gigante permanece, mas devemos evitar essa visão de que é preciso ser um unicórnio, e sim pensar que seja uma consequência e não o objetivo principal do seu negócio”, opinou Felipe Rizzo, CEO da WeWork Brasil, durante painel na 2ª edição do Startups Fever, evento promovido pelo Startups nesta quinta (3).

Para Eduardo Abreu, VP de novos negócios da Visa no Brasil, existe ainda muito espaço para inovação e novas tecnologias, e consequentemente, novos unicórnios, mas a barra subiu. “Diminuiu o apetite pelo investimento, mas aumentaram os critérios de como avaliar as startups. O investidor aprendeu que deve estar mais preocupado com os fundamentos da startup”, comentou, acrescentando que é preciso se diferenciar com novas soluções e não copiar o que deu certo na concorrência. 

Crescer a todo custo ou sobreviver?

Se na época de maré alta o foco era crescer a qualquer custo, em tempos de baixa, as startups precisam encontrar ferramentas para sobreviver, especialmente as que não atingiram o sonhado breakeven – ponto de equilíbrio. 

“Ter caixa para segurar as incertezas acaba sendo mais importante em cenários econômicos desafiadores. Quando uma startup prioriza um crescimento muito acelerado, a previsão de futuro é muito mais variável”, afirmou Felipe. Segundo ele, em períodos conturbados, as ferramentas de como chegar lá mudam.

Para ilustrar melhor, o CEO citou como exemplo o que a própria WeWork teve de mudar para voltar ao mercado no pós-pandemia, em 2021. O time decidiu priorizar os próximos passos em três ações: foco na missão, cocriar produtos junto aos clientes e trabalhar com parceiros. “A necessidade de se encontrar é relevante, mas você não precisa fazer tudo sozinho”, ressaltou.