Apesar de ter chegado ao Brasil com cerca de 4 anos de vida, em 2012, a operação da NetSuite no país só começou a engatar de verdade há cerca de um ano, quando o sistema de gestão para empresas de porte médio da Oracle foi adaptado para o português. Agora, com as bases da operação fortalecidas, o plano é destravar o crescimento e avançar de forma acelerada.
“O maior sonho é ser o fornecedor número um, com o maior número de clientes dentro do Brasil”, brincou Gustavo Moussali, vice-presidente de NetSuite para a América Latina, em conversa com jornalistas durante o NetSuite 2023, evento anual da companhia que acontece em Las Vegas. O evento reuniu 6,5 mil pessoas no Caesar´s Forum, um centro de eventos localizado próximo a duas das mais recentes atrações turísticas da capital dos casinos: a roda gigante High Roller e a arena em formato de domo The Sphere.
Um fato curioso sobre o evento é que produtos de clientes têm um protagonismo. No banheiro, produtos de higiene da Bigelow e da Dude Wipes sumiram das bandejas já no 1º dia. Uma caixa com uma garrafa térmica da Simple Modern e outros itens foi entregue aos participantes que se hospedaram no hotel Caesar´s Palace.
Planos para o Brasil
Segundo Gustavo, o avanço no país acontecerá principalmente por conta de investimentos em 3 frentes. Na parte comercial, a equipe de vendas, que já foi multiplicada por 8, chegando a 40 pessoas, vai dobrar de tamanho em 2024. Com um time maior, a NetSuite pretende aumentar sua presença no território nacional. “Já temos regionais no Sul e Sudeste. No Norte e Nordeste a cobertura ainda é rasa, muito por demanda, a gente pode explorar muito mais. A hora que a gente conseguir fazer isso [aumentar a cobertura] a gente ocupa o mercado e fica muito ruim para os nossos concorrentes. Por tudo que vocês viram aqui, de solução de investimento, de modernização da nossa tecnologia, pelo tipo de segmento que a gente atua, e com o preço que a gente tem, é muito difícil”, disse.
PAra Gustavo, o mercado explorado pela companhia hoje com a estrutura que ela tem é de apenas é de 10% do que ela pode ser, e o principal desafio hoje é treinar pessoas no ritmo necessário para acelerar a expansão.
Aproveitando o lançamento de um novo módulo para atendimento de empresas de manufatura feito durante o NetSuite, Gustavo também quer ampliar o tipo de empresas que podem usar o sistema de gestão.
De acordo com ele, o potencial de crescimento é praticamente infinito. “Eu falo com a nossa força de vendas. Olha pela janela dos escritório, nos próximos 10 quarteirões. Você já foi no prédio aqui da frente? Todos são potenciais clientes. Só em volta do bairro no qual o nossos escritório está a gente tem um potencial enorme. Só São Paulo já é uma mostruosidade. E aí a gente fala de uma expansão regional”, avaliou.
No mundo das startups, o plano é conquistar os próximos gigantes antes que eles cresçam. A lista já tem alguns nomes interessantes como Kavak, Piperun, Kovi, Loft, Intelipost, Gerando Falcões, Pipefy, Sensedia e Gympass. Segundo a NetSuite, 60% das empresas de tecnologia que fizeram IPO nos últimos tempos são suas clientes.
Outra possibilidade para as companhias de tecnologia é usar o software o NetSuite como plataforma de distribuição de seus produtos por meio da lojas de aplicativos SuiteApp. A Brex, banco digital criado pelos brasileiros Henrique Dubugras e Pedro Franceschi nos EUA, é um exemplo de cliente e parceiro que está no marketplace.
O NetSuite é um sistema de gestão que se posiciona acima da Conta Azul e da Omie (ainda muito voltados ao controle financeiro da empresa), e compete com o Business One, da SAP e com a Totvs.
Para chamar a atenção do mercado, a Oracle aposta no conceito de pacote, a amplitude de ferramentas de sua oferta – que agora conta com recursos de inteligência artificial generativa embarcados – e também na adoção de boas práticas globais por meio de seus 37 mil clientes.
Gustavo e Adriano Arroio, que comanda as operações no Brasil, Argentina e Chile, garantem quem a NetSuite tem total liberdade de operação em relação à nave mãe, a Oracle, e tem uma política comercial própria, bem menos agressiva. O software ainda é bem mais simples de ser implementado, levando cerca de 45 dias.
Para se habilitar a ser cliente NetSuite, a empresa já tem que ter um certo porte. A receita mínima é de US$ 2 milhões – isso mesmo, dólares, que hoje equivalem a cerca de R$ 10 milhões. O corte na faixa superior é para as companhias com receita de até US$ 200 milhões.
Daí para cima, entra o Fusion, o software que é o carro-chefe da Oracle. Mas não necessariamente empresa precisa migrar de um para o outro caso consiga romper esse teto. Companhias listadas como a GoPro ainda operam com o NetSuite.
*O jornalista viajou para Las Vegas a convite da Oracle