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Nos primeiros seis meses como prefeito de Austin, o democrata Kirk Watson perdeu a conta do número de empresas que bateram na sua porta para falar que iam mudar o mundo colocando carros autônomos nas ruas da cidade. Os resultados dos primeiros testes, no entanto, deixaram a desejar, principalmente no quesito segurança. O que fez a Prefeitura recuar na avaliação do assunto.
O episódio reforçou a necessidade de colaboração entre reguladores e quem quer inovar. “As empresas não podem começar falando estou aqui para te ensinar como se faz. O bem-estar geral não pode ser visto como uma coisa secundária, algo menor que o lucro de uma entidade privada. E as coisas não estavam acontecendo da forma certa”, disse ele durante painel no SXSW 2024. Ele destacou que a cidade tem um grupo de trabalho avaliando o tema dos carros autônomos e chamou as empresas para trabalharem em conjunto. “A gente sabe que isso está chegando. Sabemos do benefício, pelo menos no papel. Eu vejo uma oportunidade muito grande. E a gente precisa de todas essas ferramentas [para melhorar a questão do transporte na cidade]”, reforçou.
O prefeito dividiu o palco com Dara Khosrowshahi, presidente do Uber. Os dois começaram a conversa lembrando das farpas trocadas nos idos de 2015, quando o aplicativo chegou a Austin. À época, por não concordar com algumas regras apresentadas, o Uber e o Lyft decidiram abandonar a cidade. Anos depois as coisas se acertaram.
Dara, que chegou ao Uber em 2017 depois que o fundador Travis Kalanick foi retirado do comando por incentivar uma cultura tóxica dentro da companhia, assumiu que ela poderia ter tido uma postura diferente ao lidar com o episódio. “A gente poderia ter feito as coisas de uma forma diferente. Naquela época a comunicação não era tão forte quanto deveria. Somos uma empresa de tecnologia, mas temos pés nas cidades. Temos investido tempo e dinheiro em uma mudança de cultura”, disse.
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Avaliando os carros autônomos
Na lista de problemas enfrentados nos testes com carros autônomos em Austin, o prefeito Kirk destacou episódios como o carro não deixar o caminho livre para uma ambulância atendendo uma ocorrência e também estacionar em local proibido.
Ele contou, no entanto, ter ficado bem impressionado com algumas coisas. Como quando, andando por uma vizinhança tranquilo, o carro desacelerou ao enxergar um outro veículo estacionado em uma esquina. Segundo ele, esse é o tipo de medida de segurança que ele toma ao andar com sua moto e não correr o risco de bater em uma porta que se abre de repente.
Dara destacou que o Uber não desenvolve seu próprio carro elétrico, mas que colabora com empresas que estão nessa área. A criação de um carro autônomo foi um dos primeiros projetos eliminados por Dara quando assumiu o Uber como forma de cortar custos. As medidas tomadas por ele nos últimos anos surtiram efeito. Em 2023, a companhia teve o primeiro lucro de sua história.
Crescimento do Uber
No futuro, veículos autônomos terão participação importante para a companhia principalmente na questão das entregas de produtos. A vertical, que hoje é representada pelo Uber Eats – que deixou o Brasil em 2022 – vai crescer para ser uma forma de entrega rápida de todo tipo de produtos, ajudando negócios locais a entregarem seus produtos em até uma hora, segundo Dara.
Ainda falando sobre o crescimento da companhia, o executivo destacou que um dos desafios é tornar os preços mais acessíveis para que o Uber deixe de ser visto como um produto de classe média, classe alta. E isso, passa pelo uso de diferentes modais de transporte e poderá chegar também ao uso de carros autônomos. De acordo com o executivo, o crescimento do Uber passa por tornar seu uso mais acessível em termos de preços e também com mais opções de serviços.
