Nunca existiu um tempo mais interessante para se falar sobre o Bluesky. A bem da verdade, desde que Elon Musk assumiu o controle do Twitter (agora X), a rede social tem gradualmente atraído mais usuários. Com a exposição, a CEO Jay Graber também começou a ser mais vista – tanto que para o SXSW 2025 ela foi divulgada como uma das principais atrações. Em sua palestra esta segunda (10), ela aproveitou a plataforma, cutucando “tech bros” como Mark Zuckerberg e pregando por maior segurança no tratamento dos dados de usuários.
Logo ao subir no palco do Ballroom D (o maior do evento), Jay deixou clara sua aversão a bilionários da tecnologia. A CEO estava com uma camiseta com a frase “mundus sine caesaribus” – que em latim significa “um mundo sem Césares”.
O gesto foi uma provocação sutil ao CEO da Meta, que em setembro vestiu uma camiseta semelhante com a frase “aut Zuck aut nihil”, uma adaptação da expressão “ou César ou nada”. Aliás, até o design da camiseta era idêntico à de Zuckerberg.
Para alguns, a manifestação de Jay pelo seu vestuário foi tão impactante, que quase desviou das interessantes visões que ela compartilhou durante o painel. Segundo a CEO, o Bluesky não abre mão de sua estrutura baseada em um framework open source e descentralizada, e se estabeleceu como um app “à prova de bilionários”.
“Se um bilionário chegasse e comprasse a Bluesky, ou a assumisse, ou se eu decidisse amanhã mudar as coisas de um jeito que as pessoas realmente não gostassem, elas nos diriam para nos ferrar e seguiriam para outro aplicativo”, explicou a CEO.
É com esse apelo de ser uma alternativa mais livre em relação ao X e Elon Musk, que a Bluesky atualmente já acumula mais de 33 milhões de usuários. Ainda é um número modesto em relação aos acachapantes 3,35 bilhões de usuários que utilizam as redes sociais da Meta e 611 milhões do X.
Entretanto, não dá para ignorar a ascensão meteórica do app, que pulou de aproximadamente 3 milhões de usuários no começo de 2024 para cerca de 25 milhões no fim do ano.
Como ganhar dinheiro?
Apesar do seu aumento repentino de popularidade, ainda resta saber como a Bluesky irá gerar receita. A startup, que atualmente conta com apenas 21 funcionários, está explorando um modelo de assinatura como um “primeiro passo”, acrescentando que a Bluesky também está considerando a monetização de serviços para desenvolvedores.
Outro desafio que a Bluesky enfrenta são os modelos de IA, ávidos por dados, que extraem seu conteúdo. A xAI de Elon Musk, por exemplo, usa o conteúdo dos usuários do X para treinar o Grok. A Bluesky afirma que não tem planos de alimentar tais modelos com suas informações. No entanto, isso não impediu que terceiros raspassem conteúdo da plataforma.
Para combater esse tipo de comportamento, Jay disse que a Bluesky está trabalhando com alguns parceiros no desenvolvimento de um framework para o conteúdo dos usuários, no que diz respeito ao uso de dados para IA generativa. Esse framework funcionaria de forma semelhante aos arquivos robots.txt usados por sites para indicar aos rastreadores de mecanismos de busca quais páginas podem ou não ser acessadas — um padrão amplamente respeitado.
“Essa é uma conversa em desenvolvimento no momento, e há necessidade de mais clareza e transparência sobre como os dados são utilizados. Temos trabalhado nisso com outras pessoas do setor que estão preocupadas com o impacto da IA na forma como vemos nossos dados”, pontuou a CEO. “Acho que esse é um caminho positivo a seguir”.
A cobertura do SXSW 2025, diretamente de Austin, é um oferecimento da Nomad.