Se já tem pessoas por aí reclamando que o South By Southwest não é mais o mesmo, e está perdendo a sua essência depois que a P-MRC comprou o controle do evento, essa é uma notícia para jogar mais lenha na fogueira. Hugh Forrest, uma das figuras mais tradicionais da organização do festival, foi demitido em meio a uma onda de desligamentos que foi anunciada este fim de semana.
Segundo reportou o Austin Chronicle, Hugh, uma figura central do SXSW desde que entrou para a equipe em 1989, foi uma das “vítimas” em um pacote de mudanças realizadas pela controladora da marca. Além de Hugh, vários outros membros da alta liderança saíram – e segundo eles, não foi uma decisão de comum acordo.
“Sair do South by Southwest definitivamente não foi uma decisão minha. Coloquei meu coração e alma neste evento por mais de 35 anos e estava ansioso para liderar várias outras edições”, disse Hugh, que segundo a publicação de Austin, foi demitido juntamente com outros dez ou mais funcionário, vários deles lideranças seniores.
Ex-editor do Austin Chronicle, Hugh Forrest se juntou ao festival em 1989 e foi uma peça fundamental no crescimento e na identidade do evento como diretor de programação. Foi ele que, em 1994, criou o SXSW Interactive, parte do festival dedicada a inovação e tecnologia, hoje um dos expoentes do evento. Em 2022, Hugh foi promovido a copresidente e assumiu o cargo de presidente único em dezembro de 2024, além de ser o chefe de programação.
A dispensa de Hugh Forrest vem em um momento de reformulações no SXSW, que desde o pós-pandemia está num processo de reconstrução. Em 2021, devido aos prejuízos decorrentes do cancelamento da edição 2020 em meio à pandemia, os donos originais do SXSW venderam 50% do controle do festival para uma joint venture entre a MRC Media & Info e a Penske Media.
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Outra mudança importante prevista para o SXSW 2026 é o fechamento do Austin Convention Center, que será demolido e reconstruído, com previsão de ser reinaugurado só para o SXSW 2029. Inclusive, a edição do ano que vem será mais curta, saindo dos tradicionais nove para sete dias e tornando simultâneas as programações dos três festivais que compôem o evento – Interactive, Music e Film & TV.
Numa nota mais filosófica, para muitos fãs mais tradicionalistas do South by Southwest, a saída de Hugh pode ser vista como um sinal definitivo da migração do SXSW para um evento mais corporativista, deixando cada vez mais para trás o viés contracultural e outsider que fez a fama do festival principalmente no começo dos anos 2000.
“Ele era um dos últimos laços com o conceito original, com o espírito que fez o SXSW“, destacou o jornalista Chris Zappone, do site australiano The Age, em seu perfil no X.
Entretanto, mesmo com a saída, Hugh deixou uma mensagem de esperança para o evento. “Estarei torcendo muito pela equipe de Austin daqui para frente. A cidade, o país e o mundo precisam da energia positiva que o South by Southwest sempre proporcionou — e precisam dela agora mais do que nunca”, disse.
