Web Summit Rio

Após reformulação, Jeeves entra no mercado das viagens corporativas

Em ritmo de crescimento, fintech gringa quer fazer do Brasil o seu 2ª maior mercado e se tornar SCD até o fim do ano

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Dileep Thazhmon, fundador e CEO da Jeeves | Foto: Web Summit
Dileep Thazhmon, fundador e CEO da Jeeves | Foto: Web Summit

No Brasil desde 2022, a Jeeves teve suas idas e vindas até organizar a sua operação no país. Contudo, de um ano para cá, parece que a fintech de pagamentos e despesas corporativas encontrou o seu ritmo. Com a contratação do ex-BxBlue Gustavo Gorenstein como CEO no país no ano passado, a empresa está crescendo sua operação brasileira, e agora já prepara a entrada em um novo mercado: o de viagens corporativas.

Durante o Web Summit Rio, Dileep Thazhmon, fundador e CEO da Jeeves, conversou com o Startups sobre este momento novo na trajetória da sua empresa no Brasil. “Algumas mudanças significativas aconteceram desde a chegada de Gustavo em setembro. Vimos um crescimento de aproximadamente 300% a 400%, tanto no volume transacional quanto na receita”, destaca o executivo.

Apesar de não abrir números de receita, a companhia divulga que em 2024, a operação brasileira da fintech registrou aumento de 250% no volume de transações (GTV). Para completar, Dileep frisou que o início de 2025 já trouxe resultados notáveis para a empresa, com o mês de fevereiro, isoladamente, concentrando mais de 25% de todo o volume transacionado ao longo do ano anterior.

Segundo ele, atualmente o país está no “top five” dos aproximadamente trinta mercados em que a fintech opera, que incluem países como Canadá, Chile, Colômbia, México, Reino Unido e Estados Unidos. “Queremos que o Brasil seja o nosso mercado número 2, atrás do México, até o fim do ano”, destaca Dileep.

Atualmente, a Jeeves atende hoje mais de 5 mil clientes, desde startups apoiadas por capital de risco até PMEs ao redor do mundo. Entretanto, o plano é crescer estrategicamente por aqui.

“Nosso objetivo não é o de atender 30 mil ou 40 mil empresas. É de atender bem 5 mil a 10 mil clientes que tenham operações sólidas, empresas de médio a grande porte com departamentos financeiros estruturados”, pontua.

Abrindo o leque

A Jeeves chegou no Brasil em 2022, oferecendo um sistema operacional financeiro construído para negócios globais, incluindo cartões corporativos, pagamentos entre fronteiras e software de gestão de gastos em uma plataforma unificada. A expansão veio no rastro de mais de US$ 380 milhões em aportes – inclusive, a companhia demorou apenas três meses para saltar da sua série A para a série B.

No ano passado, a empresa anunciou que aumentaria seus investimentos no Brasil em cerca de 40%. “Até agora em 2025, foi o mercado onde mais investimos”, destacou o CEO, explicando que esse movimento envolve abrir ainda mais o leque de produtos por aqui.

O mais recente dele é o lançamento no Brasil de uma solução baseada em cartões virtuais (VCN), voltada para a pagamentos e gestão de viagens corporativas, um segmento no qual a companhia ainda não atuava.

Conforme explica Dileep, o VCN funciona como um cartão virtual, que permite a pré-definição de datas de validade, limites de gastos, e outras restrições de uso, o que reduz significativamente os riscos de fraudes e uso indevido. Aliás, o Brasil será o primeiro mercado a receber a nova solução. “Foi um produto construído e formatado para o Brasil, mas tem o potencial de atender outros mercados. É um exemplo de como o Brasil nos permite construir soluções inovadoras, e depois podemos aplicar em outros países”, destaca.

Com isso, além de concorrer com fintechs como Clara e Conta Simples, agora a Jeeves “entra na arena” com outros nomes como como Portão3. Entretanto, Dileep não se mostra muito preocupado com os potenciais concorrentes. “Tem espaço para diferentes players, pois a maior parte desse mercado ainda pertence aos bancos tradicionais. Esse é a fatia grande onde queremos nosso pedaço”, avalia.

Por falar em bancos, outro plano da Jeeves é o de até o fim de 2025 conseguir a licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD) junto ao Banco Central. Segundo Dileep, essa será a camada que falta para a companhia completar seu stack de serviços financeiros, que será um grande motor de crescimento a partir de 2026.

“Creio que isso terá um grande impacto em nossa operação brasileira. Nos permitirá entregar um produto para ainda mais consumidores e melhorar ainda mais nossos outros produtos, pois não se trata apenas do crédito. Se trata do software, da experiência, de construir uma relação de banco com os clientes”, finaliza.