Listada na Nasdaq desde outubro do ano passado, a Nuvini, empresa fundada por Pierre Schurmann, quer lançar um braço de corporate venture capital (CVC) ainda em 2024. Em entrevista exclusiva ao Startups durante o Web Summit Rio, Pierre conta que também vai anunciar aquisições a partir do segundo trimestre, e que pretende fechar a compra de quatro empresas até o fim do ano.
Schurmann fundou em 2011 a Bossanova, gestora de venture capital hoje chamada de Bossa Invest. Em 2019, criou a Nuvini, uma holding de aquisição de startups de Software as a Service (SaaS). Em outubro de 2023, em plena seca de IPOs, a empresa começou a negociar suas ações na bolsa americana, com o ticker NVNI.
“A gente passou o último trimestre do ano passado se adequando a estar listado. E agora voltamos a reforçar o foco em aquisições. Uma parte da governança de estar listado é criar processos adicionais para garantir que a gente está fazendo tudo de forma transparente para os nossos investidores, o que acabou postergando um pouco esse processo. Mas a gente continua com o pipeline bastante sólido e continua com a meta de adquirir quatro empresas este ano”, conta o fundador e CEO da Nuvini.
Segundo ele, as empresas já foram escolhidas e estão “amadurecendo a relação antes de casar”. A perspectiva é que dois dos anúncios sejam feitos ainda no segundo trimestre. Para Pierre, o IPO trouxe uma nova perspectiva para a Nuvini, que passa a pensar mais em estratégias de longo prazo.
“As startups sempre caminham para virar listadas, mas a gente já tinha em mente que isso era só mais um passo, e aí tem um horizonte muito mais longo. Quando a gente vai fazendo as rodadas, o objetivo é ter um exit ou listar. E aí te faz pensar em formas muito mais perenes de construção do negócio, diferente de captar para chegar na próxima rodada”, avalia.
Mercado vibrante
O corporate venture capital também é uma das apostas da Nuvini para este ano, com a estratégia de buscar negócios que complementem a estrutura da companhia. “Como a gente vê desde uma Microsoft, que investe em uma OpenAI, ou a Salesforce, que tem um programa bem estruturado de investimentos em negócios que não necessariamente ela compra, então faz parte ter um corporate venture capital. Mas no nosso caso é muito mais estratégico porque a gente também traz a base de clientes, traz muita coisa para a mesa”, destaca Pierre.
Do ponto de vista da liquidez do mercado, o executivo acredita que 2024 começou com muito mais expectativa e ânimo do que o ano passado. No entanto, a postergação na redução das taxas de juros nos Estados Unidos, somada às incertezas globais, fizeram com que essa recuperação leve mais tempo do que o esperado.
Pierre acredita que os IPOs voltem a ocorrer no Brasil em breve, mas começando pelos setores tradicionais, como infraestrutura. No segmento de tecnologia, ele projeta que as estreias em bolsa devem ocorrer “provavelmente no finzinho de 2025, início de 2026”. Com isso, a expectativa é que a liquidez demore um pouco a voltar, especialmente no late stage.
“O mercado já está criterioso, e acho que vai continuar sendo bem criterioso. Para que a gente consiga ter um ciclo que permita aos investidores terem mais tranquilidade para investir, precisa ter uma volta dos múltiplos a uma média histórica melhor, não tão pra baixo como a gente vê hoje, o que vai permitir que algumas empresas façam follow on e usem esse capital para fazer alguns exits. E aí na sequência a gente vê os investidores acelerando investimentos porque existe uma janela no horizonte de liquidez para eles”, explica o fundador da Nuvini.
No early stage, porém, a situação é diferente. Pierre acredita que o mercado está favorável para a abertura de novas empresas. “Tem muitos bons negócios acontecendo. O mercado está melhor do que nunca para começar um negócio, receber investimento anjo, investimento seed. Essa parte está muito vibrante. E à medida que essas empresas cheguem ao momento de precisar de mais investimentos, o mercado já deve ter se corrigido. Tem muito mais investidores no early stage, o que é bom para os empreendedores. E ainda tem muitos problemas para serem resolvidos no Brasil, o que gera oportunidades para quem está querendo abrir uma empresa”, diz.