*A cobertura especial do Startups no Web Summit Rio 2023 tem o apoio da Headline.
No Brasil, quando alguém fala OnlyFans, a primeira palavra que vem à cabeça é “sacanagem” (pra não dizer outra palavra de calão mais baixo). Entretanto, segundo a CEO da plataforma de conteúdos para maiores, Amrapali Gan, o plano da empresa é ir além desse estigma.
“A maioria das pessoas acha que o OnlyFans é apenas para conteúdo adulto. Apesar de ser uma plataforma para maiores de 18 anos, o foco é dar maior liberdade e segurança para os criadores ao se comunicarem com suas comunidades”, destacou Gan, em painel realizado durante o segundo dia do Web Summit Rio.
A executiva está há um ano na liderança da startup, à frente de uma operação que pagou cerca de US$ 3,8 bilhões a seus criadores em 2021, mais de US$ 11 bilhões desde a sua criação. Atualmente, a plataforma acumula cerca de 220 milhões de usuários e 3 milhões de criadores.
Para ampliar este número, a companhia está entrando em novos nichos, além dos conteúdos mais apimentados que construíram a popularidade do aplicativo. Segundo Amrapali, nichos como os de humoristas com conteúdo para maiores e atletas de esportes de combate estão encontrando no OnlyFans o espaço para veicular (e monetizar) seus conteúdos que outras plataformas consideram “menos apropriados”.
Um dos passos que a companhia tomou nessa direção foi ainda em 2021, quando criou o OFTV, uma espécie de “YouTube próprio” que não é monetizado, mas funciona como porta de entrada para novos assinantes.
Entretanto, inicialmente o plano do OFTV era o de levar o OnlyFans em uma direção totalmente nova, deixando os conteúdos sexualmente explícitos para trás. Em meados de 2021, a empresa chegou a divulgar que eliminaria a veiculação de pornografia na plataforma, o que gerou uma resposta agressiva dos criadores de conteúdos – e a companhia voltou atrás ao ver que poderia perder seu principal apelo de mercado.
“Hoje somos orgulhosos de nossa base de criadores de conteúdos adultos”, destacou a CEO, que desde a sua nomeação faz questão de manter fortes os laços da plataforma com sua principal fonte de conteúdo – e de receita.
IA não serve para moderar
Apesar de ser uma plataforma que prega a liberdade para criadores, a CEO do OnlyFans frisa que a plataforma é firme em suas políticas de moderação, a fim de evitar publicações inapropriadas ou ilegais. “Temos uma operação robusta de conteúdo”, pontuou Amrapali.
De acordo com a executiva, cerca de 80% da força de trabalho do OnlyFans está focada na moderação das publicações, um trabalho que é feito majoritariamente de força braçal – ou seja, sem algoritmos ou aplicações de inteligência artificial para analisar os conteúdos.
“Todos os dias somos abordados por empresas de IA, oferecendo soluções para tornar mais rápida nossa estrutura de moderação. Temos alguns processos automatizados, mas no final do dia para nós esse é um trabalho que exige um olhar humano”, afirma a CEO.
Apesar da estrutura mais, digamos, analógica para moderar o crescente volume de conteúdos, a CEO do OnlyFans vê um crescimento acentuado em usuários e criadores na plataforma – e a América Latina é um dos principais mercados para isso.
A executiva não entrou em detalhes se o app tem planos de abrir uma operação oficial no Brasil – atualmente a cobrança do OnlyFans é feita em dólares, algo que é bom para quem produz, mas nem tanto para quem paga – porém foi direta: “O Brasil tem um potencial massivo, tanto em nossos assinantes quanto em exposição de marca”, finalizou.