“Startups deveriam olhar para o setor humanitário,” disse o médico Javid Abdelmoneim, dos Médicos Sem Fronteiras durante o Web Summit em Lisboa. “Estamos falando de um setor de bilhões de dólares, faminto por inovações tecnológicas. E as startups não estão atentas a ele”, convocou.
Os Médicos Sem Fronteiras são uma organização que oferece assistência a vítimas de conflitos, epidemias, e crises humanitárias. Em 15 anos no MSF, Jarid já esteve na Ucrânia, Síria, Gaza e Serra Leoa durante a epidemia de Ebola.
Durante o painel “Tech Contra Tragédias”, no último dia do Web Summit, ele contou como inovações tecnológicas são essenciais para que os médicos do MSF possam, por exemplo, transportar medicamentos que precisam de refrigeração a regiões remotas, que necessitam de dias de viagem sem acesso a eletricidade. Ou atender pacientes em áreas sem cobertura telefônica.
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Um app que usa AI para analisar exames e indicar o antibiótico mais indicado para o paciente pode reduzir o risco de infecções resistentes à medicação, e testes específicos para monitorar a qualidade da água em campos de refugiados, identificando riscos de transmissão de doenças não detectadas em análises tradicionais. Ele também contou que o MSF tem usado um modelo de inteligência artificial para prever a evolução de doenças epidêmicas como a malária.
Além de medicina, o setor humanitário precisa de inovação em áreas tão diversas como transporte, logística, gerenciamento de dados, agricultura, etc. “Precisamos de ser mais eficientes e mais eficazes com os nossos recursos e, se a tecnologia pode ajudar nisso, então sim, é excelente”, reforçou.
Ele citou que os Médicos sem Fronteiras têm sua própria plataforma, a MSF Transformation para apoiar projetos de inovações tecnológicas, mas eles estão longe de serem os únicos. Outros programas de apoio a startups no setor são o Innovation Accelerator, do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, o Prêmio Europeu para Inovação Humanitária, da União Europeia, ou o Fundo GSMA para Desafios Humanitários, para projetos relacionados a rede de telefonia em países em desenvolvimento.
