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A maquininha de cartão morreu. Pelo menos em seu formato mais tradicional, que tem como única função passar o cartão. Agora, ela ganhou uma outra cara. Com a adição de novos recursos e também novos formatos – podendo nem ser uma maquininha de fato -, ela renova e prolonga o seu reinado.         

“Tem uma maquininha hoje que é uma solução de pagamento. Ela vai aceitar um TED, um Pix, uma outra forma de pagamento. A gente está vendo um aparelho com um celular ou um tablet virando uma máquina de cartão para oferecer outra opção, pra ela sair efetivamente daquele formato tradicional e se tornar um ponto de vendas (POS) mesmo” disse André Martins, CTO da Zoop, durante o Zoop Summit, em São Paulo. O Startups foi media partner do evento.

Para ele, esse novo momento exige, inclusive, que os aparelhos sejam chamados de outra forma. “Maquininha é um nome muito ruim. [O que ela é] é um device que vai estar na ponta”, completou.

Duda Davidovic, superintendente de design e inovação de produto da Elo, traçou um cenário de um uso ainda mais amplo nesse cenário de evolução. “O cliente vai ser o dono. Vai ser o dono daquele saldo de pagamento dele, vai ser o dono do dado dele. Então quando a gente chegar em uma maquininha, a gente não vai chegar mais só com o cartão. Vai chegar com o Pix. A gente vai chegar lá com esse escopo que é muito maior de autonomia, com Open Banking, Open Finance, blockchain e assim por diante”, destacou.

Ela acrescentou também o Drex, que pode permitir que, na hora de um pagamento, as duas partes envolvidas estejam desconectadas da internet. “Isso está na agenda do Banco Central e está na agenda que a gente está olhando no nosso consórcio com a Caixa e com a Microsoft”, contou.

Do digital para o físico

Em sua segunda incursão no mundo dos pagamentos – depois de uma tentativa que não deu muito certo -, o iFood tem buscado não fazer uma maquininha. “O que a gente está fazendo são soluções para restaurantes. É tão mais que uma maquininha, que eu nem quero chamar de maquininha. Mas esse é o nome do mercado, então o que eu tenho é uma maquininha”, disse Thomas Barth, diretor de fintech do iFood, reforçando o movimento de ressignificação do dispositivo. De acordo com ele, a proposta é replicar a experiência de conexão entre clientes e restaurantes que o aplicativo construiu no mundo digital para o ambiente presencial.

E um componente fundamental disso é a fidelização. Pela maquininha do iFood, é possível identificar o cliente e saber se ele já é um cliente do estabelecimento frequente, seja no presencial ou no aplicativo. Também é possível criar campanhas para atrair o cliente do digital para o restaurante presencialmente, ou vice-versa. Tudo de forma tokenizada, para não ferir a privacidade de ninguém.   

Tap to pay

Uma das novidades que reforça a renovação das maquininhas é o Tap to pay. Com ele, qualquer celular – que tenha tecnologia NFC embarcada – se transforma em um terminal de pagamento. Hoje, o recurso está disponível em pouco mais da metade dos celulares brasileiros e a tendência, segundo João Banzato, gerente geral de pagamentos do Nubank, é que nos próximos cinco a seis anos, ele se torne muito grande. “Esse é o direcional”, disse.

O banco digital lançou o recurso em fevereiro para seus quatro milhões de clientes PJ e tem usado a funcionalidade como uma ferramenta de avanço no mundo dos pagamentos (usando a infraestrutura da Zoop) por conta da facilidade de uso e do baixo custo.    

Perguntado se o Nubank pretende, em algum momento, ter sua própria máquina física de cartão – ou uma roxinha, aproveitando o apelido de cor que muitos fornecedores colocam em seus equipamentos – ele disse apenas “depende”. “O que a gente mais olha é quais os tipos de dores que a gente quer resolver na visão do consumidor e do vendedor. Será que o Tap vai avançando, cobrindo todos os casos de uso que a gente quer atender? Então depende muito mais de onde que a bola está indo”, explicou.

Só as tops?

Todo esse novo cenário não significa, no entanto, que os modelos mais tradicionais irão simplesmente desaparecer do mercado. Ainda mais se falando de um país como o Brasil, com tantas diferenças regionais.

A tendência, na avaliação de André, da Zoop, é que eles continuem sendo uma opção no interior e também para quem faz transações de forma mais eventual. João do Nubank, acrescentou à lista os grandes varejistas, que vão usar terminais mais simples integrados às suas estruturas de ponto de venda.

Assim como acontece com a maior parte dos avanços tecnológicos, o novo rei do pedaço não mata o antecessor e cada um acha o seu espaço específico, ampliando o alcance e beneficiando mais gente. Em resumo: vida longa às maquininhas de cartão (ou seja lá qual for o nome que elas vão ganhar daqui a pouco).

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