A Payfy, plataforma que oferece soluções para ajudar empresas a gerenciarem os gastos corporativos, fechou uma rodada seed no valor de R$ 4 milhões. O investimento foi feito pelo BB Ventures, fundo de corporate venture capital (CVC) do Banco do Brasil gerido pela MSW Capital.
A startup foi fundada há 4 anos por André Apollaro e Matheus Anzzulin. No início, a proposta era atender o reembolso de despesas, otimizando um processo que até então era feito de forma manual, por meio de planilhas e envio de comprovantes físicos. Com o tempo, o negócio evoluiu para uma solução de gestão de gastos corporativos mais ampla, oferecendo um software que ajuda empresas a tomarem decisões de gastos mais inteligentes.
Além da plataforma de controle, a companhia oferece serviços de cartões inteligentes em versões físicas e digitais, com a possibilidade de definição dos limites de gastos e regras de aprovação personalizadas para cada orçamento, permitindo que o processo de compras e reembolsos para os funcionários seja realizado de forma mais simples. O objetivo é aumentar a produtividade e a colaboração da equipe, fornecendo visibilidade e controle para que o time financeiro se concentre em assuntos estratégicos.
Com mais de 500 clientes, entre eles Multilaser, Baterias Moura, LG, P&G e Unimed, a fintech tem duplicado o seu faturamento todos os anos desde a sua criação, e espera crescer 150% em 2023. O aporte será um reforço para atingir essa meta, levando as soluções para ainda mais empresas. Os recursos serão usados para aprimorar e desenvolver o produto e, segundo André, aumentar a equipe de vendas para manter o ritmo de crescimento. Novas funcionalidades também estão no radar, embora o executivo ainda não possa adiantar o que está por vir.
A fintech já havia recebido um investimento no final de 2021, em uma rodada de equity crowdfunding no valor de R$ 1,5 milhão, feita por meio da plataforma Captable.
Foco no smart
A Payfy chegou até o Banco do Brasil por meio da MSW, gestora especializada em Corporate Venture Capital responsável por gerir o BB Ventures. “A MSW é um parceiro estratégico, com ótimo posicionamento no mercado e uma experiência que vai agregar em todos os desafios que enfrentaremos como startup”, analisa o CEO da Payfy, André Apollaro.
Segundo Moises Swirski, sócio-fundador da MSW, o grande atrativo da startup foi a qualidade do produto. “Quando a Payfy nos procurou, nossa primeira pergunta era saber se eles faziam um bom trabalho. Então, buscamos os clientes e descobrimos mais de 500 empresas qualificadas que utilizam a solução. Essa pequena startup conquistou pela qualidade do produto, excelência técnica e competência de definir qual seria o serviço ideal e a tecnologia a ser utilizada”, explica.
“A MSW não entra em negócios em que não poderá fazer a diferença em termos de smart capital”, diz Moises. “Oferecemos conhecimento, networking, espaço para testes e provas de conceito, investindo em negócios que tenham valor estratégico para os cotistas, e vice-versa para um impulsionar o outro”, acrescenta.
Para o fundador da Payfy, a credibilidade do BB aliada à solução da fintech permitirá que empresas tenham acesso a cartões de crédito integrados à uma plataforma completa de gestão de gastos corporativos, desde o pagamento até a conciliação contábil e a integração com sistemas ERPs. “É inimaginável o potencial que o BB tem pela experiência que possuem no mercado financeiro e a capilaridade de oferecer nossa solução para seus mais de 50 milhões de clientes”, pontua André.
Os benefícios para o BB
“Somos um banco bastante inovador que vem buscando parcerias diferenciadas. No caso da Payfy, queríamos trazer uma experiência mais sofisticada para os nossos cliente PJ, especialmente aqueles que usam o cartão corporativo, já que há uma certa dificuldade no mercado para fazer o acompanhamento da prestação de contas”, explica Marisa Reghini, vice-presidenta de negócios digitais e tecnologia do Banco do Brasil.
Pedro Bramont, diretor de negócios digitais e open finance do Banco do Brasil, destaca a simplicidade de integração da Payfy. “O BB Ventures foca em startups que já tenham produto rodando, com clientes, e estejam consolidando sua atuação para cocriarmos soluções com ela. Por isso, o estágio da fintech é muito interessante”, afirma.
Esse é o 5º investimento do Banco em pouco mais de um ano de atuação do programa de CVC. Segundo os executivos, o BB Ventures tem acompanhado a conjuntura do mercado, mas não deve diminuir o ritmo. “Somos muito rigorosos no processo de avaliação das startups. Como investidores corporativos, a grande sacada neste momento é que temos a nossa visão de futuro e se identificarmos uma startup que nos ajudará a trilhar esse caminho, seguiremos investindo”, diz Pedro.
Marisa acrescenta que o Banco do Brasil acredita fortemente no programa de CVC e na interação da instituição com as startups. “Vamos continuar aportando com base nas empresas mais interessantes e na governança que criamos. Não vemos nenhum obstáculo para isso, apesar do mercado apontar para alguns direcionamentos.”
Jean Martinelli , gerente executivo de inovação aberta no Banco do Brasil, ressalta que o braço de CVC é “muito disciplinado e comprometido com a estratégia corporativa do banco”. “Essa é uma estratégia de longo prazo que já vem sido testada a cada ciclo econômico e temos navegado muito bem. Continuamos resilientes, o que já é uma característica dos fundos de CVC. Os fundos de VC, que agora estão mais restritivos, têm como foco o retorno financeiro. A gente prioriza o retorno estratégico, acreditando muito no conceito de inovação aberta e com a clareza de que não vamos desenvolver tudo dentro de casa”, finaliza.