No início de março, a fintech latinoamericana Belvo começou a oferecer o serviço de iniciação de transação de pagamentos, dando seu primeiro passo no mundo dos pagamentos. Agora, a empresa especializada em soluções de Open Finance coloca os dois pés no segmento com a compra de 100% da Skilopay, instituição de pagamento (IP) não regulada e participante indireta do Pix.
A partir da aquisição, cujos termos e valores não foram revelados, a Belvo vai ampliar o portfólio de produtos de pagamentos, que hoje inclui a iniciação via Pix no âmbito do Open Finance. O negócio com a Skilopay — uma fintech fundada em 2019 em Feira de Santana, no interior da Bahia — funcionará, ainda, como um “atalho” para a empresa expandir sua atuação como IP.
“Eles têm produto e tecnologia, com participação indireta no Pix, que nos permitirá acessar casos de uso que a iniciação hoje não permite. E assim poderemos ampliar o escopo da nossa licença de IP”, explica Albert Morales, general manager da Belvo no Brasil, em entrevista ao Finsiders. Atualmente, a companhia é autorizada a operar como IP somente na modalidade ITP.
Segundo ele, a aquisição abre um rol de novas possibilidades de pagamentos, que já estão sendo desenvolvidos e serão integrados à plataforma da fintech nos próximos meses. Uma das soluções é permitir receber e enviar dinheiro por meio da conta da Belvo, com transações instantâneas via Pix.
Outros temas no radar, e que têm sido bastante demandados pelos clientes, são pagamento em lote para empresas e split de pagamentos para e-commerces e marketplaces. “Com ITP ainda não dá para fazer isso porque cada transação precisa de uma autorização”, exemplifica.
Em paralelo a essas funcionalidades, a Belvo também acompanha a agenda evolutiva do Banco Central para o Pix, que prevê para este ano o Pix Automático. “Estaremos preparados para quando começar a funcionar. E o Pix Automático é algo que precede o VRP [sigla em inglês para pagamento recorrente variável]”, aponta Albert.
De olho em oportunidades
Com o primeiro M&A, a Belvo avança em sua estratégia de plataforma Open Finance, unindo dados e pagamentos. A ideia não é se restringir a essa transação anunciada hoje. “Estamos sempre de olho em empresas que façam sentido para nós, que complementam nosso negócio”, diz o executivo. “Estamos super capitalizados e a receita não para de crescer exponencialmente.”
Desde o início do negócio, a fintech já levantou US$ 56 milhões em rodadas de investimento. No captable estão investidores como Citi, Visa, Kaszek, Maya Capital, Future Positive, Kibo Ventures, FJ Labs, além de anjos como David Vélez (Nubank) e Sebastián Mejía (Rappi). O sócio-fundador da Skilopay, Victor Silva, também passa a ser um dos acionistas da empresa.
Fundada em 2019 pelos espanhóis Pablo Viguera e Uri Tintore, a Belvo chegou ao Brasil em 2020. Atualmente, tem um portfólio com mais de 200 clientes nos três países (Brasil, México e Colômbia) onde opera, incluindo nomes como Mercado Livre, Tribanco, Rappi, Conta Azul, Mobills (do Santander), entre outros. A plataforma da fintech possui conexão com mais de 60 instituições.
Competição
Quando o assunto é M&A na arena do Open Finance, a Belvo não está sozinha. Em fevereiro, por exemplo, a fintech de infraestrutura financeira Celcoin fechou a compra da Finansystech, que oferece soluções de Open Finance, em sua terceira aquisição no período de pouco mais de um ano.
Lá fora, ao longo do ano passado, o Open Finance movimentou R$ 18 bilhões num total de 39 operações, sendo 27 investimentos e 12 M&As (8 deles sem valor declarado), de acordo com análise da plataforma de conteúdo Let’s Open, com base em mais de 850 notícias ao redor do mundo. Destaque para as compras da Tink pela Visa (R$ 10,6 bilhões) e da Credit Kudos pela Apple (aproximadamente R$ 800 milhões).