Aos poucos, o serviço de iniciação de transação de pagamento (ITP) ganha força no Brasil, com crescimento no volume de transações, aumento de instituições aptas a operar nessa modalidade e, não menos importante, novos casos de uso. Um exemplo que acaba de “sair do forno” está unindo a experiência de pagar com Pix via Open Finance ao WhatsApp.
A solução é fruto de uma parceria entre as mineiras Blip, plataforma conversacional entre marcas e pessoas, e Efí Bank (antiga Gerencianet), fintech que foi o quinto player habilitado a operar como ITP, em junho de 2022, atrás somente de Mercado Pago, Banco do Brasil (BB), BTG Pactual e Itaú Unibanco.
Por meio de integração via APIs, a Blip está levando o fluxo de iniciação de pagamento para o ambiente do WhatsApp, em uma iniciativa que deve ser estendida a toda a base de clientes em breve. Na prática, a empresa utiliza a infraestrutura tecnológica e regulatória da fintech para conectar ao app de mensagens a experiência de transações via Pix no ecossistema do Open Finance.
Atualmente, a funcionalidade está sendo testada com o Instituto Mano Down, que realiza atendimento de pessoas com síndrome de Down e outras deficiências intelectuais. Por meio do chatbot da instituição, chamado de “Maninho”, é possível fazer pagamentos com Pix sem a necessidade de o doador ter de abrir o banco onde possui conta para realizar a transação por meio do famoso “Pix copia e cola”.
“Decidimos começar com um caso que tenha propósito e, ao mesmo tempo, como um projeto piloto que nos dê insumos para dar um passo escalável com essa solução num segundo momento”, conta Rodrigo Battella, diretor da divisão de serviços financeiros e pagamentos da Blip, em entrevista exclusiva ao Finsiders.
“Nos próximos 30 dias, acreditamos que conseguiremos liberar para todos os clientes da Blip — mais de 4 mil empresas. E num momento posterior, daqui a 45 dias, a ideia é abrir para o mercado como um todo, inclusive para empresas que não têm a Blip como plataforma.”
Experiência pode melhorar
Conforme diz o executivo, o piloto tem sido positivo, com um atrito menor do que a empresa esperava. “Os dados da operação hoje nos deixam confiantes para abrir para o restante da base de clientes”, garante. Ele reconhece, no entanto, que há espaço para melhorar a experiência e usabilidade das transações no ambiente do WhatsApp. “A própria Meta tem um roadmap nesse sentido”, diz Rodrigo. A Blip é um dos provedores de soluções de negócios (BSP, em inglês) do WhatsApp.
No caso da iniciação de pagamento no âmbito do Open Finance, Danilo Oliveira, diretor de produtos da Efí, avalia que o serviço possibilita uma experiência de pagamento mais rápida, fluida e com menos etapas. “O que o Open Finance resolve bem é trazer a jornada para um fluxo único, e assim possibilitar mais conversão e vendas”, diz o executivo.
Segundo ele, o recurso tende a ficar ainda mais simples com a implementação da jornada sem redirecionamento. Hoje, na iniciação de pagamentos, o usuário é redirecionado à sua instituição financeira detentora de conta para efetivar a transação. “A jornada sem o ‘redirect’ é o que vai fazer o mercado a ter mais engajamento, para tornar a experiência ainda mais fluida e segura.”
Segurança
Os executivos enfatizam que a solução de iniciação de pagamento no WhatsApp é segura e está de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a regulamentação definida pelo Banco Central (BC) para o Open Finance. Como de praxe, o compartilhamento das informações de pagamento depende de consentimento prévio do cliente, por exemplo.
“A própria estrutura do ecossistema do Open Finance tem protocolos e certificações de segurança, além de padrões de criptografia”, diz Danilo,. “Do lado do canal, todas as mensagens são criptografadas, seja por meio da solução da Blip, seja via WhatsApp. São duas camadas de autenticação”, complementa Rodrigo.
Pix e WhatsApp, juntos
A Blip e a Efí não são as primeiras a conectar a experiência da iniciação de pagamento ao WhatsApp. Em outubro do ano passado, o Banco do Brasil (BB) foi o primeiro banco a liberar essa funcionalidade. A instituição tem sido pioneira na oferta de soluções financeiras por meio do aplicativo de mensagens. Recentemente, inclusive, passou a disponibilizar seu gerenciador financeiro por meio desse canal.
Movimentações da indústria financeira nessa direção não são à toa. De acordo com a mais recente pesquisa de tecnologia bancária da Febraban com a Deloitte, metade dos bancos hoje oferece o WhatsApp como canal para transações — boa parte (37%) delas são para operações via Pix.
O app de mensagens da Meta está em 99% dos smartphones dos brasileiros, segundo levantamento do site Mobile Time com a Opinion Box. Já o Pix soma atualmente quase 140 milhões de usuários pessoas físicas, conforme dados disponíveis no site do BC.