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Desde a sua fundação, no final de 2020, a Elleve atua para financiar o acesso de estudantes a escolas que oferecem cursos técnicos e profissionalizantes com o objetivo social importante: gerar renda de forma perene. Até aqui, a fintech colhe números dignos de nota: são mais de 50 mil estudantes financiados, R$ 150 milhões em originação de crédito e 350 escolas parceiras.

Agora, a empresa quer acelerar o passo. Para isso, anuncia o seu novo fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), com emissão inicial de R$ 100 milhões — volume que foi captado em uma rodada junto a investidores qualificados no início do ano.

Segundo o CEO e fundador da Elleve, André Dratovsky, a fintech optou, em um primeiro momento, pela emissão de debêntures via securitizadora, uma opção “mais barata e flexível”, nas palavras dele.

“Mas, com a evolução dos negócios, os valores ficaram muito mais expressivos. Precisamos olhar para instrumentos que tenham um nível maior de governança e mais parrudo sobre diligência, o que o FIDC oferece”, afirma o empreendedor, ao Finsiders.

Com o incremento no caixa, a expectativa da Elleve é beneficiar outros 60 mil estudantes, somar 600 escolas parceiras e originar R$ 250 milhões em crédito até o final de 2023. As metas, de acordo com o executivo, são até conservadoras, uma vez que o momento do mercado para capital de risco é visto como delicado.

André Dratovsky, CEO e fundador da Elleve (Foto: Divulgação)

“Poderíamos crescer mais, mas fazemos isso de forma consciente e sólida. Crescer 100% já é bastante agressivo, mas conservador, para ser mais rigoroso e analisar cada escola e curso que entram na nossa base”, diz.

Estratégia

Há uma grande variação nos cursos ofertados pelas instituições de ensino parceiras da Elleve — de enfermagem à data science, passando por corretagem de imóveis e conhecimentos no mercado financeiro. São escolas como a Trevisan, de negócios, e a Escola Britânica de Artes Criativas e Tecnologia (EBAC), de design e programação, entre outras.

Como o foco é geração de renda, não entram no cardápio as graduações, por exemplo. Os cursos duram, em média, nove meses, podendo variar de seis meses a um ano e meio. E há algumas estratégias para lidar com o aumento da inadimplência e a dificuldade dos usuários para bancar os gastos com educação em meio às instabilidades na economia.

A primeira delas é que o prazo para pagamento vai até 24 meses, e, em casos específicos, pode alcançar os 36 meses. O segundo aspecto é que a taxa de juros é de 2,5% ao mês — inferior a outros métodos de pagamentos. O terceiro ponto levado em conta é o impacto na vida financeira das pessoas.

Do público aprovado, 90% têm entre 20 a 35 anos e ocupam as classes C e D, com renda média familiar entre R$ 3 mil a R$ 4 mil. “É um crédito que olha para o passado, mas que bota um peso no propósito para o futuro, que mais contribui com a saúde financeira de quem está tomando crédito”, diz André.

Na prática, isso significa que tanto os cursos quanto os parceiros passam por um crivo que avalia o potencial de empregabilidade e o propósito da solicitação. Prova disso é que das 150 mil solicitações já feitas, apenas um terço (os 50 mil beneficiados) recebeu o ‘sinal verde’.

Breakeven na mira

Para as escolas, também há um ganha-ganha. As instituições de ensino conseguem incrementar as vendas em 20% no prazo de três meses ao disponibilizar as soluções da fintech entre as opções de pagamento, que atacam o problema da desistência dos cursos, de acordo com o CEO. Mas não representa a única alternativa. Os estudantes podem pagar à vista ou via parcelamento tradicional.

Nesta toada, o executivo ressalta os pés no chão para o novo momento de expansão da startup. A Elleve deve atingir o breakeven ainda no primeiro semestre e está posicionada como um importante cotista do seu próprio FIDC. “Há um alinhamento. O primeiro dinheiro que está na reta é o nosso.”

Com o aumento da demanda por cursos profissionalizantes, que no Brasil soma cerca de 6% dos adultos formados, contra 40% nos países da OCDE (o clube dos países ricos), a fintech entende que ainda há muito a ser feito no setor de educação do país. Mas, por óbvio, não está sozinha.

Disputa

O setor tem outros players atentos para abocanhar uma fatia desse mercado, como a pioneira Pravaler, que tem o Itaú Unibanco como um dos seus principais acionistas. Em dezembro, a empresa anunciou uma linha de crédito para escolas e faculdades.

Outro que vem forte para na disputa é o Educbank, que atua com escolas de ensino básico. Em julho passado, a startup fez uma rodada de R$ 200 milhões lirada pela Vasta Educação, rede que faz parte do grupo Cogna.

Mais um concorrente posicionado em crédito estudantil é a Provi. Nos últimos meses, a empresa vem fazendo reajustes e demissões na sua estrutura em meio ao ‘inverno das startups’.

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