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*Leandro Souza viajou a Toronto a convite do Collision

Com o breakeven no horizonte, a Cora tem planos maiores do que ficar na oferta de contas para pessoas jurídicas. O plano da fintech é intensificar sua atuação no ramo de crédito, uma área que, segundo a companhia, pode chegar a representar a maior parte da receita. Um novo passo nessa direção foi dado recentemente, com a autorização do Banco Central para que a companhia passe a atuar como uma instituição domicílio.

Com a novidade, a fintech agora também poderá transacionar os recebíveis em maquininhas de crédito. “Foi uma decisão tomada para atender todos os segmentos possíveis de pequeno negócio”, afirmou Igor Senra, cofundador e CEO da fintech, em entrevista ao Startups durante o Collision, em Toronto.

O comentário faz relação com o plano de atender negócios B2B, que também recebem valores via cartão de crédito, mas principalmente atacar negócios B2C que viam na falta deste recurso um obstáculo para adotar a fintech como sua conta empresarial. “Aprendemos do jeito difícil, pois já tivemos clientes que vieram para a Cora, gostaram da conta, mas saíram pois viram que não tinha recebimento de cartão”, revela Igor.

No caso, para receber pagamentos em cartão, os clientes da Cora tinham que ter uma segunda coisa somente para receber os pagamentos e depois transferir para a conta na fintech. “A gente sempre soube que essa não era a melhor solução, mas de agora teremos a oportunidade de capturar um público que passava por nós, mas não abria conta”, pontua o CEO.

Maior importância do crédito

A fintech já oferecia cartão de crédito para seus clientes desde o ano passado, mas os novos movimentos representam uma nova fase da fintech, cuja meta é tornar ainda maior a participação do crédito na receita do negócio. Segundo Igor, hoje o crédito representa 20% da receita da Cora, e o plano é inverter isso, fazendo o faturamento com as contas PJ (depósitos e rendimentos) virarem os 20% e crédito responder pela fatia maior do bolo.

Com os movimentos, a expectativa da companhia é fechar o ano com um crescimento da ordem de 150% na receita e também ampliar mais um tanto a base de 1 milhão de clientes atingida este ano. “Em 4 anos de vida chegamos nessa marca, superando nossa expectativa inicial”, avalia o executivo.

Segundo Igor, a maior parte da clientela da Cora está na faixa de microempreendedores enquadrados no Simples Nacional, onde a fintech compete com nomes como Conta Simples, Linker, e que parece aumentar a cada dia, inclusive com players que são de outras verticais e estão atacando o mercado PJ. “Sabemos que a competição só vai aumentar, mas por incrível que pareça, eles não são nossos rivais. Boa parte dos nossos clientes vem de bancos como Caixa (Econômica Federal), Itaú, Banco do Brasil“, reconhece o executivo, mostrando que a “mordida” é em outro lugar.

Igor Senra, cofundador e CEO da Cora.
Igor Senra, cofundador e CEO da Cora (Foto: Leandro Souza)

Buscando o breakeven

Desde o começo do ano, o discurso do líder da Cora tem sido o de sustentabilidade. Em abril, ele chegou a declarar que o plano para a sua fintech era o de não precisar fazer novas rodadas de VC nunca mais. “Antes, quando levantamos rodadas, estávamos em um ritmo de crescer rapidamente, mas agora estamos em um estágio de crescer com sustentabilidade”, pondera Igor.

Em operação desde 2020, a Cora foi fundada por Igor Senra e Leonardo Mendes, ambos ex-Moip. De lá pra cá, a fintech levantou três rodadas de investimento — a última foi um cheque de US$ 116 milhões (mais de R$ 600 milhões) anunciado em agosto de 2021, ou seja, antes de o “inverno” começar.

A companhia afirma que está no caminho para atingir o breakeven este ano, entretanto o crédito é um dos empecilhos para isso, devido aos índices de inadimplência. Entretanto, com a chegada de novos produtos, incluindo pacotes de crédito que a fintech quer lançar no futuro, a expectativa é que as taxas de juros passem a compensar e render mais para o negócio. “A demanda por crédito é enorme, e vamos aproveitar isso”, afirma Igor.

Para bancar a operação de crédito, é necessário ter grana no caixa, e Igor sabe disso. Porém, não faz parte do plano diluir mais o seu capital. “Precisamos sim de um caixa robusto, mas estamos pensando em investidores específicos para crédito, algo como um FIDC, pois faz mais sentido, aumenta nossa capacidade de conceder crédito e de impacto, sem comprometer nosso capital”, avalia.

Ainda falando sobre a sustentabilidade de sua companhia, Igor comentou sobre a demissão em massa que a empresa fez em abril desse ano, quando demitiu 59 pessoas (13% do quadro). “Estávamos indo em uma outra direção, de crescimento rápido e com projetos de longo prazo. Entretanto, com a necessidade de sermos mais sustentáveis, tivemos que deixar estes projetos mais incertos”, explica.

Um conto de duas Coras

Durante a conversa com o fundador e CEO da Cora, o tempo todo uma brincadeira se repetiu. “Estou falando da minha Cora, não da sua Cora“, disparou Igor. Para explicar melhor – e inclusive dar contexto sobre a chamativa foto que estampa esta matéria, Cora é o nome da cachorra do repórter que vos escreve.

Aliás, se você assina a newsletter desde honorável site, ela estampa o gif da seção final do email, com os recados finais. De qualquer forma, a nota totalmente não relacionada com a matéria principal rendeu boas risadas na conversa com o fundador da fintech, o que pode render até planos para um futuro trabalho de influencer para uma cachorrinha cadeirante. “Vamos mandar fazer uma blusinha rosa da Cora para a sua Cora“, propôs Igor, com um sorriso no rosto.

Cora do Leandro
Cora do repórter, muito amada pelo Startups (Foto: Leandro Souza)

Nota final do repórter: sei lá como na minha vida, dois nomes de conhecidas startups brasileiras estão tão próximos de mim. Para completar, o nome da minha namorada é Alice.

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