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Bancada por investidores de peso como Tencent, Andreessen Horowitz, Y Combinator, CRV, GIC e outros, a fintech norte-americana Jeeves desembarcou no ano passado em terras brasileiros com moral para competir com o já acirrado mercado local de soluções para pagamentos e gestão de despesas corporativas. Agora, mais de um ano e meio depois da chegada, a empresa se movimenta para uma nova fase no país, e está com o Brasil no topo de sua lista de prioridades.

“Nosso foco principal é acelerar nossa tração no Brasil em 2024”, afirmou o general manager da Jeeves no Brasil e América Latina, Brian Siu, em entrevista exclusiva para o Startups. Para isso, o plano da fintech é “expandir seus tentáculos” para além do seu produto mais conhecido – o de cartões.

A nova fase é chamada pela própria fintech de “Jeeves 2.0”, e trará novas funcionalidades que, segundo o executivo, são demandas cruciais para a base atual de clientes da companhia, que são em sua maioria empresa de médio e grande porte. “São empresas que tem operações em outros países, ou que lidam constantemente com a necessidade de fazer transações com clientes ou fornecedores de fora”, explica Brian.

Para isso, a nova fase envolve a implementação de camadas de gestão e de funcionalidades bancárias, tudo isso sob um ponto de vista cross-border, o que segundo o general manager, é algo que muitas fintechs locais ainda não estão abordando, e a maioria das empresas ainda recorrem ao sistema bancário tradicional.

Além dos pagamentos, o plano da Jeeves é entregar pela sua plataforma a possibilidade de visualizar contas de diferentes países em um único lugar. “Sua empresa pode ter uma conta no Itaú no Brasil e outra no Itaú em Miami, mas são logins diferentes. Nós queremos centralizar isso”, explica.

“O nearshoring e a forma como as empresas fazem negócios hoje fazem desta solução uma parte importante dos seus processos financeiros. Poder pagar fornecedores de outros países, na moeda local com taxa preferencial e em menos de 24 horas, nos posiciona como líderes do segmento”, completa Brian.

Brian Siu, general manager da Jeeves na AL e Brasil (Crédito: divulgação)
Brian Siu, general manager da Jeeves na AL e Brasil (Foto: Divulgação)

Apesar do foco imediato estar nas necessidades externas dos clientes, Brian ressaltou que a Jeeves também está se movimentando para atender as demandas internas, incluindo recursos de conta e pagamentos via TED, DOC e Pix, funcionalidades que outros players de fora como a mexicana Clara também estão de olho, e que segundo eles é fundamental para bater de frente com fintechs nativas como Conta Simples e Portão3.

“Queremos tornar o produto ainda mais localizado. Para ser uma solução completa no Brasil, terá que oferecer Pix, boleto, TED e DOC. Queremos lançar tudo isso ainda no primeiro trimestre de 2024”, afirma Brian. Para isso, está nos planos da companhia se tornar uma entidade regulada pelo Banco Central.

Brasil é prioridade

Globalmente, a Jeeves tem presença em 24 países, atendendo cerca de 3 mil clientes. Na América Latina, o principal mercado é o México, onde ela entrou em 2021 de forma agressiva e já abocanhou uma fatia grande do mercado de lá, inclusive batendo de frente com fintechs locais como a já citada Clara. “México é nosso mercado líder, mas nosso foco é colocar o Brasil em primeiro lugar, ou o mais próximo possível, e estamos colocando mais recursos para crescer aqui”, pontua Brian.

Segundo o executivo, os recursos serão intensificados na parte de equipe, tanto em produto quanto em desenvolvimento, tornando as soluções da Jeeves ainda mais tropicalizadas. “Queremos que para os brasileiros, a Jeeves seja brasileira, assim como nós somos mexicana para os mexicanos”, pontua Brian, comentando sobre como a fintech, mesmo sendo norte-americana, conquistou grandes clientes por lá, como a unicórnio Kavak, por exemplo.

De recursos para acelerar no Brasil, a Jeeves está muito bem, obrigado. Em 2021, quando chegou em terras brasileiras, a startup tinha acabado de se tornar unicórnio ao levantar uma série C de US$ 180 milhões, liderada pela gigante chinesa Tencent. No total, a companhia já soma mais de US$ 380 milhões em investimentos.

Até o momento, 100% da receita da Jeeves com clientes brasileiros está na solução de cartão de crédito corporativo. Entretanto, com o início desta nova fase, as novas features, e a chegada de novas fontes de receita, a expectativa é ampliar o faturamento com um mix de receita vindo do crédito e de depósitos dos clientes.

“Queremos crescer de tamanho no Brasil, algo em torno de 30 vezes nos próximos anos. Se isso acontecer, nossa operação brasileira ficará, se não maior, do mesmo tamanho que temos no México”, finaliza Brian.

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