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Fintech Zippi cresce 9 vezes e planeja dobrar volume de crédito

A startup quer acelerar a oferta do seu capital de giro semanal via Pix

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Foto: Canva

Zippi, fintech de crédito para microempreendedores e autônomos, quer acelerar a oferta do seu capital de giro semanal via Pix. Em 2022, a empresa aumentou em 9 vezes o tamanho da operação e liberou R$ 275 milhões em crédito em cerca de 500 mil transações. Para este ano, a expectativa é mais do que dobrar o volume, chegando a R$ 600 milhões em empréstimos originados.

Naturalmente, em um cenário de juros altos e crédito mais restritivo, a expansão não ocorre a todo custo. “Foi um crescimento com fundamento”, define André Bernardes, CEO e cofundador da Zippi. “Triplicamos a receita por cliente e reduzimos a inadimplência em 35%”, informa o empreendedor, com exclusividade ao Finsiders. Ele não abre o patamar atual da inadimplência, mas diz que as safras são “baixas o suficiente para ter um negócio rentável”.

Um dos segredos para o resultado da Zippi é o uso de ciência de dados na tomada de decisões de crédito. Tanto é que 40% do quadro de funcionários atua em ciência de dados e analytics. “[A análise de] crédito é como uma academia. Quanto mais repetições, mais forte fica”, brinca André. Daí a importância de se produzir, coletar e analisar cada vez mais dados.

Outro diferencial, diz o fundador, é o desenho específico do produto, que tem como foco os profissionais autônomos, microempreendedores individuais (MEIs), trabalhadores por conta própria. “É um produto de giro de ciclo curto, que ajuda o cliente a não se enrolar”, destaca André. Construída em cima do Pix, a linha de crédito da Zippi é paga semanalmente, às quartas-feiras, e a fintech cobra uma taxa de serviço de 4% sobre o que for usado do limite.

Com cerca de 20 mil clientes atualmente, a fintech mantém sua ambição de criar produtos para microempreendedores prosperarem. Neste ano, o foco continua no capital de giro via Pix, e a ideia é ampliar as operações de crédito, assim como aperfeiçoar o produto. “Crescemos muito a base e agora temos muito mais confiança nos ‘unit economics’, no racional da operação”, afirma o CEO.

Funding e trajetória

Zippi é responsável por toda análise, esteira e cobrança do crédito. O funding vem de uma debênture de R$ 30 milhões, estruturada no ano passado pela gestora Empírica — a fintech é uma das investidores do instrumento e, portanto, parte do capital próprio da empresa vai para as operações de crédito.

Para a infraestrutura de pagamentos e liquidação bancária, a fintech também tem parceiros, como fornecedores de banking as a service (Baas), “Não somos participantes do Pix, utilizamos fornecedores”, diz André, sem revelar o nomes dos parceiros.

Idealizada no MIT (Massachusetts Institute of Technology), a Zippi foi fundada em 2019 por André (ex-Bank of America Merrill Lynch e MoneyHero), Bruno Lucas (ex-Gávea e Opus Investimentos) e Ludmila Pontremolez (ex-NasaMicrosoft e Square).

De lá pra cá, a fintech levantou cerca de US$ 22 milhões em três rodadas de investimento. O último cheque — uma Série A de US$ 16 milhões liderada pelo fundo Tiger Global Management —, foi anunciado em junho do ano passado. No captable, a Zippi tem, ainda, investidores como Volpe CapitalGlobo VenturesCanaryY Combinator, entre outros.

Mercado

Normalmente invisíveis aos olhos (e bolsos) de grandes bancos, os brasileiros que trabalham por conta própria representam três em cada dez pessoas no Brasil, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). Ao todo, são 25,5 milhões de pessoas que atuam sem carteira assinada, de acordo com dados do IBGE. Os MEIs são cerca de 14 milhões, quase 70% das empresas ativas no Brasil, conforme boletim do Mapa de Empresas, do governo federal.

“Apesar de já termos um resultado expressivo, em perspectiva do tamanho [de mercado], estamos apenas começando”, diz André. Assim como a Zippi, fintechs como Bom e FinMatch também miram o público de microempreendedores individuais. Bancos digitais e fintechs que atendem pequenos de maneira geral também acabam, de certa forma, competindo por esse cliente.