Fintech

Latitud lança fintech para startups brasileiras na esteira do VC

Objetivo da Meridian é ajudar fundadores a administrar o caixa de suas startups e mover dinheiro entre fronteiras

Finanças
Foto: Canva

A Latitud, plataforma criada por Brian Requarth que investe e fornece infraestrutura para startups na América Latina, acaba de lançar a versão beta da Meridian, uma fintech que oferece conta empresarial internacional com serviço de câmbio integrado. O objetivo é ajudar fundadores a administrar o caixa de suas startups e transferir dinheiro de um país para o outro, mantendo o compliance no fluxo desses fundos.

O produto é voltado para startups brasileiras em estágio inicial que captam recursos de venture capital e têm (ou planejam ter) uma estrutura jurídica internacional. Entre os serviços, os founders terão acesso ao recebimento e administração do dinheiro recebido de investidores, câmbio (transferir fundos entre entidades jurídicas) e compliance integrado. Além disso, poderão checar métricas financeiras como burn rate (quanto se queima do caixa a cada mês) e runway (tempo até o fim desse caixa).

“Na nossa própria comunidade de fundadores, temos muitos com estruturas jurídicas nacionais e internacionais. Quando você tem uma companhia internacional, precisa de serviços financeiros internacionais”, afirma em nota Brian Requarth, co-fundador e CEO da Latitud. Segundo o executivo, o maior desafio para os fundadores neste momento é que não existem boas opções desses serviços financeiros para companhias latino-americanas com estruturas jurídicas internacionais.

Crise no Sillicon Valley

De acordo com a Latitud, a crise no Silicon Valley Bank escancarou um problema recorrente e que acabou de se tornar ainda maior para fundadores de startups brasileiras: a falta de bons produtos financeiros para empresas de tecnologia que também tem uma estrutura jurídica internacional. “O SVB foi um participante relevante do ecossistema e, com sua quebra, a importância de atender essa demanda ficou ainda maior. Pretendo passar a próxima década continuando a construir soluções que sirvam aos fundadores na América Latina”, diz Brian.

Segundo a companhia, esse é um segmento de mercado que raramente tem histórico de negócio ou dinheiro no banco suficiente para ser atendido pelos bancos norte-americanos tradicionais, que requerem até US$ 10 milhões em depósitos e têm seus próprios receios em atender startups.

Meridian by Latitud
Meridian by Latitud (Foto: Divulgação)

Esta semana, Brian comentou que a melhor alternativa diante da crise do SVB pode ser colocar a grana em um “não-banco”. Segundo o executivo, fintechs como Brex e Mercury estão com uma vantagem estratégica neste momento em que fundadores estão buscando saídas ágeis para proteger as economias de suas empresas.

“Estas empresas (Brex e Mercury) estão melhor equipadas para abrir contas na velocidade esperada, e já estão se ajustando para receber esse influxo”, avaliou o fundador da Latitud em um webinar sobre estratégias e caminhos para os empresários trabalharem seus recursos sacados do SVB.

A Meridian by Latitud surge após meses de desenvolvimento e entrevistas com potenciais clientes, incluindo os atendidos pelo produto de estruturação jurídica Latitud Go. A proposta é que a fintech ajude os fundadores a receberem os investimentos de venture capital e transferi-los ao Brasil de forma simples e transparente. Inicialmente, os serviços estarão disponíveis apenas para startups brasileiras. A expectativa é expandir a solução para o restante da América Latina ao longo do tempo.

Criadores de startups podem se inscrever para a lista de espera do teste beta da Meridian by Latitud por este link: https://updates.latitud.com/meridian.

Enquanto isso…

Enquanto a Latitud abriu sua fintech para testes, a Trace Finance colocou no ar oficialmente ontem sua conta global para startups. O projeto, que deveria acontecer mais adiante, foi antecipado por conta da demanda com a quebra do SVB. Em etrevista ao Startups, o fundador da fintech, Bernardo Brites, disse que a companhia tem na fila US$ 3 bilhões para serem trazidos do bano por startups brasileiras.