fbpx
Compartilhe

Com 14 rodadas de investimento, as fintechs brasileiras levantaram quase US$ 48 milhões até meados de março de 2023, de acordo com a mais recente edição do Distrito Fintech Report. O volume está bem abaixo do registrado no ano anterior, quando essas empresas captaram US$ 784 milhões de janeiro a março de 2022, em 50 rodadas.

Até o momento, o destaque deste ano em número de startups é o segmento de crédito, com 252 startups, que equivalem a 17,8% das 1.481 fintechs brasileiras mapeadas no estudo. Cerca de 33% das startups de crédito foram fundadas após abril de 2018, depois de o Banco Central brasileiro publicar uma resolução que regulou essas companhias para pessoas e empresas no país.

“Agora, as fintechs de crédito estão diante do mais desafiador dos cenários para a indústria: uma economia com inflação e taxa de juros em alta. Se por um lado a atual conjuntura econômica castiga mais forte as jovens empresas de tecnologia fornecedoras de crédito, que dependem do mercado de capitais para arrecadar investimentos, por outro elas têm a chance de aproveitar essa brecha deixada pelos grandes bancos para conquistar mais clientes”, destaca o estudo.

Segundo o Distrito, a implementação da 4ª fase do Open Banking pelo Banco Central deve favorecer as fintechs de crédito em 2023. Isso porque as startups terão acesso aos perfis financeiros e histórico bancário dos clientes, permitindo que tracem um score de crédito mais preciso para cada um deles.

O Open Banking é, justamente, uma das tendências do mercado financeiro que devem permanecer no radar ao longo do ano, além do Pix, real digital, NFTs e blockchain. De olho na evolução desses mercados e nos potenciais que eles ainda podem trazer, o Fintech Report 2023 trouxe um panorama das tendências de tecnologia financeira que mais animaram os players do ecossistema de inovação. Veja a seguir:

1. Open Finance

O estudo mostra que 2 anos após o início das operações do Open Banking/Finance, o projeto teve adesão de 15 milhões de usuários, que equivalem a 8% dos brasileiros com conta em banco. “Especialistas apontam que o receio da população em compartilhar dados online pode ter comprometido o avanço do sistema nesse primeiro momento, mas que esse entrave deverá ser superado conforme as pessoas compreendam os benefícios do sistema”, analisa o relatório.

Apesar da baixa adesão, as expectativas seguem otimistas. Até o momento, foram registrados cerca de 22 milhões de “consentimentos”, autorização dada pelos usuários para que seus dados possam passar de uma instituição para outra. Há um ano, o número girava em torno de 3 milhões, o que representa um aumento significativo no período. O Distrito ressalta que 45 produtos e serviços já estão disponíveis para os clientes do Open Finance, incluindo crédito e agregadores financeiros.

“O sistema financeiro aberto foi planejado para ser implementado em quatro fases para que o compartilhamento das informações do consumidor fosse seguro e monitorado. A última delas já foi lançada, mas não implementada e será concluída neste ano e incluirá participantes de diversos setores como seguradoras, corretoras de investimentos, câmbio e previdência. Resta saber se na medida que o Open Finance avança sua adesão crescerá conforme as expectativas das instituições financeiras e do Banco Central”, afirma o relatório.

2. Pix

Em operação desde novembro de 2020, o Pix já é um enorme sucesso. De dezembro/21 a fevereiro/23, o número de novas chaves cadastradas no Brasil saltou de 381 milhões para 577 milhões. No último dia 20 de novembro, o Pix chegou à marca de 104 milhões de transações em apenas 24 horas.

“Graças ao enorme sucesso do Pix, algumas iniciativas estão sendo conduzidas pelas autoridades econômicas brasileiras para adicionar novas funcionalidades ao sistema de pagamentos. Uma delas é a formação de um bloco de pagamentos instantâneos para transações internacionais entre brasileiros e cidadãos da Colômbia, Uruguai, Equador e Chile. Outra é o chamado “Pix automático”, que deverá funcionar como uma alternativa ao débito em conta para pagamentos recorrentes”, pontua o Fintech Report.

3. NFTs

O auge dos NFTs foi em 2021. Naquele ano, o mercado global de tokens não fungíveis movimentou mais de US$ 24,8 bilhões em negociações, de acordo com a startup DappRadar. O volume ficou bem acima das vendas totais de NFTs em 2020, que não atingiram nem US$ 100 milhões. 

Mas em 2022 a coisa esfriou. “A novidade acabou gerando desconfianças por causa da enorme desvalorização dos ativos”, explica o Distrito. Ainda assim, as vendas de NFTs no ano passado atingiram 101 milhões de unidades no mundo todo, 67% a mais do que no ano anterior (DappRadar). O Brasil foi considerado o 2º país com maior número de proprietários de NFTs, atrás apenas da Tailândia, segundo uma pesquisa da Statista.

4. Blockchain

Em 2022, os investimentos globais em blockchain chegaram a quase US$ 27 bilhões, que mesmo com a desvalorização no 2º semestre representou um avanço de 4% em relação a 2021. A maior parte (56%) do volume investido no setor foi direcionada a startups de Web3, que levantaram 39% a mais do que em 2021.

O Distrito descreve os investimentos em blockchain no Brasil como ínfimos. “Para se ter uma ideia, no último trimestre de 2022 foram investidos apenas US$ 46 milhões na nova tecnologia em toda a América Latina (CB Insights). No mesmo período, os EUA, a Europa e Ásia arrecadaram US$ 1 bilhão cada região.”

O report mostra que por aqui, o que temos por enquanto são alguns projetos isolados de empresas ou da iniciativa pública. Como exemplo, o texto cita um Projeto de Lei che chegou recentemente à Câmara dos Deputados com a proposta de usar blockchain para combater o garimpo ilegal no Brasil, a partir da “a criação de mecanismos de rastreabilidade de todas as etapas da cadeia comercial do ouro, com documentos verificáveis por endereçamento eletrônico por Código QR e sistema de registro digital de cadeia de blocos — blockchain”.

5. Real digital

A moeda digial nada mais é do que uma criptomoeda com troca registrada em blockchain. “Elas são emitidas e controladas pela autoridade monetária do país e têm valor igual ao do seu equivalente físico”, explica o Distrito. Um exemplo é o real digital, que está em desenvolvimento pelo BC e deve ser lançado ao público no final de 2024, funcionando como uma extensão do dinheiro físico.

“A moeda virtual poderá ser convertida e sacada em papel-moeda e vice-versa. Diferentemente das criptomoedas tradicionais (bitcoin, ethereum), o real digital é privado e tem lastro”, acrescenta o texto do relatório. Os testes do projeto-piloto estão previstos para começar em maio deste ano, mas sem envolver transações reais. Ao longo do projeto, haverá simulações de uso da moeda digital por cidadãos comuns a partir de depósitos tokenizados.

Segundo o Distrito, a fase de testes deve durar até fevereiro do ano que vem. Em março, inicia-se a etapa de avaliação do projeto antes do lançamento para o público.

LEIA MAIS