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Com a escassez de recursos no venture capital, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) se tornaram uma fonte de aportes importante para as startups. Em especial, as fintechs de crédito, que optam abrir mão dos rendimentos futuros em busca de uma liquidez imediata para o negócio. De olho nesse mercado, a gestora Ouro Preto Investimentos está com planos de aumentar a oferta de FIDCs para essas empresas, oferecendo, além dos recursos, sua experiência em análise de risco.

Em entrevista exclusiva ao Startups, João Baptista Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto Investimentos, afirma que o plano é passar dos sete FIDCs atuais destinados às fintechs para cerca de 50 ainda este ano. Ao todo, a gestora possui 125 fundos – sendo 93 FIDCs – e R$ 10 bilhões sob gestão.

“O mais interessante para a gente é fazer FIDCs para créditos específicos. Por exemplo, para financiar o setor da construção civil, do agronegócio, financiamento de veículos, entre outros. Percebemos que o segmento de crédito está se tornando cada vez mais especializado, e as fintechs têm um papel fundamental nesse movimento”, diz.

O Brasil possui hoje 1.481 fintechs, sendo 252 voltadas para crédito, segundo dados da Associação Brasileira de Fintechs (Abfintechs). O número equivale a quase 18% das startups do setor financeiro.

Assim como as demais categorias de startups, as fintechs de crédito podem captar recursos por meio de rodadas de investimentos. No entanto, além dos custos da operação, como investimentos em tecnologia e o pagamento de funcionários, essas empresas têm um custo extra com o capital necessário para oferecer o crédito. É aí que entram os FIDCs.

Por meio desses fundos, as fintechs de crédito conseguem captar recursos para oferecer aos seus clientes, sem que tenham que se descapitalizar.

FIDCs em crescimento

Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que esse tipo de operação tem crescido no Brasil.

De janeiro a junho deste ano, foram registradas 362 operações com FIDCs no país, contra 189 no mesmo período do ano passado – um aumento de 91%. Em relação aos primeiros seis meses de 2022 e 2021, a alta no número de operações com FIDCs no Brasil foi de 50% e 41%, respectivamente.

Uma das preocupações dos investidores, porém, é com relação aos riscos envolvidos nesse tipo de operação. “Um grande banco já possui um histórico de crédito dos clientes, então consegue avaliar melhor o risco para tomar certas decisões. As fintechs, não. Por isso, uma das coisas que a gente defende bastante é que a startup comece lentamente, testando a sua tese do ponto de vista do risco”, explica João.

Para reduzir esse risco, a Ouro Preto Investimentos oferece, além dos recursos, um trabalho de análise de crédito que é feito em conjunto com a fintech.

“Muitas vezes, a startup tem uma excelente ideia, mas não tem experiência. A gente complementa o trabalho, criando uma metodologia específica para cada operação, entendendo os riscos, se há garantias, como se comporta o devedor, quanto pode destinar para cada operação, e como controlar a inadimplência, tendo uma taxa de juros compatível com o mercado, que dê rentabilidade para pagar os investidores”, avalia o CEO da Ouro Preto.

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