A agência de risco Fitch concedeu rating A+ (bra) para a fintech brasileira QI tech, especializada em infraestrutura para serviços financeiros. A agência classifica a perspectiva de longo prazo da startup como “estável”, por conta de seu crescimento robusto, liquidez, altas margens e diversificação de linhas de receita.
“Como instituição financeira, há riscos de imagem, credibilidade, riscos operacionais e fiduciários. A QI Tech movimenta um alto volume de processamento e transferências, e possui grandes clientes, então é importante ter uma certificação para que o mercado entenda quais são as fortalezas e os riscos do negócio”, afirma Pedro Mac Dowell, fundador e CEO da QI Tech, em entrevista exclusiva para o Startups. “Buscamos o rating de um ator independente e com credibilidade global para fazer uma análise criteriosa da empresa e mostrar para clientes, parceiros e mercado que somos seguros.”
A nota atribuída à startup é a maior concedida pela Fitch para fintechs brasileiras. A agência também estabelece à QI Tech uma avaliação F1+(bra) no rating nacional de curto prazo. “Para um primeiro rating, consideramos o resultado muito positivo. A empresa é nova, não conseguimos chegar na nota máxima muito por uma questão de tempo de operação, e menos pelo respaldo financeiro”, avalia o executivo.
Fundada em 2018, a QI Tech oferece quatro linhas de negócio – Conheça seu cliente, Banking-as-a-service, Lending-as-a-service e DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários). Todas operam modelo as a service, com o intuito de formar um ecossistema para seus clientes – em geral, grandes corporações e players do mercado de capitais. Na construção do rating, o modelo recebeu uma avaliação positiva, atribuído com “diversificação crescente” por parte da Fitch.
Visão de negócio
De acordo com Marcelo Bentivoglio, cofundador e CFO da QI Tech, o rating da Fitch é importante para mostrar ao mercado que a startup é robusta operacional e financeiramente. “A certificação mostra que a QI Tech é uma companhia saudável e já tem margens positivas. Que não vai quebrar daqui um ou dois anos; pelo contrário, é um negócio com foco em longevidade”.
A fintech registrou receita líquida de R$ 102 milhões no 1º semestre de 2023, alta de 63% quando comparado ao mesmo período de 2022. Segundo a Fitch, as métricas de rentabilidade da QI Tech são consideradas “fortes e acima da média de outras instituições avaliadas”.
Marcelo define o momento atual da companhia como um “novo dia 1”. “Temos uma operação jovem, estamos com clima e energia de dia 1 para crescer muito, buscar ainda mais clientes e entender as dores dos nossos parceiros”, afirma. “Temos bastante confiança de que já estamos e vamos conseguir entregar produtos ainda melhores para os clientes”, acrescenta.
Há menos de dois meses, a fintech lançou uma DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários) high-tech para atender o mercado de capitais, com a possibilidade de movimentar ativos em alta frequência e automatizar processos na administração e custódia de fundos de investimento. A DTVM é uma das principais estratégias de diversificação de receita para os próximos anos.
“Essa nova unidade de negócio é uma das principais verticais de crescimento da empresa, com muito espaço para crescer. Considerando apenas os clientes com quem já fazemos emissão de crédito, a gente estima chegar a pelo menos R$ 10 bilhões de ativos sob custódia nos próximos um ou dois anos”, prevê Marcelo.
O executivo ressalta que a chancela da Fitch contribuirá para um aumento de confiança e credibilidade do mercado em relação à QI Tech, o que terá um impacto direto no avanço dos negócios. “Temos uma estratégia de atender grandes clientes, que estão preocupados em trabalhar com um provedor que consiga não só oferecer o melhor produto e experiência, mas que também tenha robustez financeira para conseguir crescer junto com ele, o que já é o caso da QI Tech”, pontua.
Segundo a Fitch, há a possibilidade de elevação de rating caso a QI Tech seja capaz de manter a atual trajetória de crescimento e expansão de receitas, com a gradual melhora na diversificação de sua base de clientes e produtos, e a manutenção dos atuais índices de rentabilidade, qualidade de ativos, capital e liquidez.