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Fintech WohPag espera transacionar R$ 300 mi em 2023

Depois de receber a licença do Banco Central para operar como SCD, a empresa viu a sua base de usuários aumentar em 30%

Foto: Canva
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Durante 20 anos, Marcelo Assunção trabalhou no mercado imobiliário, passando, inclusive, por administradoras de condomínios. Ao longo dessa jornada, entendeu que o setor era desassistido em termos de serviços financeiros. No “boom” recente das fintechs, ele resolveu, em 2019, que colocaria no mercado a WohPag, uma startup que se denomina a grande parceira das administradoras.

A empresa deu os primeiros passos como instituição de pagamento (IP) em agosto de 2020. Para ganhar espaço em um mercado que tem diversas particularidades, o CEO diz ter algumas ‘cartas na manga’. Uma delas é a sua experiência.

“Muitas fintechs chegam e passam a focar no condomínio. Sem tarifas e com conta digital, os síndicos logo cortam a relação com as administradoras. Mas elas (as administradoras) não fazem apenas a emissão de boletos, como também emitem os recebíveis, realizam a gestão de impostos e oferecem consultoria financeira”, afirma Marcelo, em entrevista ao Finsiders.

Desde o começo, a WohPag levantou R$ 7 milhões e está em vias de finalizar a sua terceira captação, colocando outros R$ 3,5 milhões no caixa, conforme reportou o portal parceiro Fintechs Brasil em abril.

Marcelo Assunção, CEO da WohPag (Foto: Divulgação)

Evolução

Depois de receber a licença do Banco Central (BC) para operar como Sociedade de Crédito Direto (SCD), a empresa viu a sua base de usuários aumentar em 30%, com mais 3 mil clientes no primeiro semestre.

Atualmente, são 10,8 mil contas condominiais, que, juntas, têm um saldo de R$ 400 milhões. Das 10 principais administradoras do mercado, a fintech possui parceria com três.

No ano passado, a fintech transacionou R$ 150 milhões, volume que deve dobrar este ano, para R$ 300 milhões. Para 2024, a perspectiva é ter um salto ainda maior, movimentando R$ 4 bilhões. O plano é chegar a R$ 15 bilhões em 2025.

Score de crédito próprio

Para avançar, a WohPag tem alguns produtos na prateleira. Em banking, disponibiliza conta digital, emissão de boletos e faz a liquidação de pagamentos. Na parte de crédito, faz empréstimos para os condomínios, oferece capital de giro, tem linhas para manutenção predial e está começando com recebíveis. Oferece, ainda, crédito consignado para os funcionários e linhas para projetos sustentáveis, com grande foco em energia solar.

Segundo Marcelo, o patamar da Selic em 13,75% foi muito mais benéfico do que nocivo para o desempenho em 2023. Para oferecer recursos, as instituições financeiras tradicionais normalmente pedem o balanço dos últimos seis meses aos tomadores. Por outro lado, os condomínios não costumam ter esses dados organizados. Para resolver esse ‘gap’, é preciso criatividade.

Na WohPag, um dos grandes diferenciais é o score de crédito próprio. São levadas em conta a qualidade da gestão financeira, como saldo, comprometimento de arrecadação e inadimplência, e dados financeiros da operação, a exemplo do tamanho do condomínio e a relação com a administradora no mercado. Esse pacote, então, permite entender o nível de profissionalização da gestão do prédio.

“A gente passou a ser um alento para as administradoras terem um serviço melhor, com um entendimento da operação e ganho operacional. Entendemos como funciona a troca diária entre a administradora e um banco. É nisso que estamos focando”, diz Marcelo.

O CEO reconhece que o ‘inverno do venture capital’ criou dificuldades para as fintechs ou qualquer startup, por conta da escassez de dinheiro. “Para as fintechs do mercado imobiliário que não entraram em parceria com as administradoras, elas sofreram um pouco mais.”

Funding

Na oferta de crédito aos condomínios, a WohPag conta com um capital social de R$ 1,5 milhão, dos quais R$ 500 mil (cerca de 30%) já foram concedidos. A empresa já tem um parceiro para conceder outros de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões. Há uma negociação em curso com um outro fundo para ter no mínimo R$ 90 milhões disponíveis a partir de 2024, o que pode destravar ainda mais o crescimento.

Neste momento, a fintech está passando também por uma migração da solução de TI. A ideia é trazer uma plataforma mais amigável para as administradoras, com uma interface que facilite a gestão de milhares de contas em um mesmo ambiente. Para o próximo ano, além das administradoras, fornecedores e funcionários, a ideia é atuar na relação entre proprietário e inquilino do imóvel, facilitando a concessão de garantia, na locação, e crédito para reformas.

“Quando a gente fala de condôminos, você começa a entrar em um mar aberto que tem Itaú e Nubank. Não é a nossa ideia. Existe espaço para mudar a dinâmica da arrecadação, de receber e pagar o boleto. Vamos fazer isso com as administradoras e seguindo as regras do mercado, sempre focados no nosso setor”, aponta o executivo.

Setor aquecido

Em um segmento com grande potencial a ser explorado, a WohPag não é a única a brigar por espaço. Um desses players que brigam para ser o ‘banco dos condomínios’ é a CondoConta, fintech que prevê transacionar R$ 1 bilhão até dezembro.

Outro forte concorrente é a Superlógica, plataforma de gestão financeira para condomínios e imobiliárias que há pouco mais de um mês recebeu um aporte de R$ 150 milhões da Warburg Pincus.