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Em 2012, Fabiano Cruz e Rodrigo Miranda desenvolveram nos EUA um hardware de pagamentos que eles colocaram no mercado com um produto B2C. A ideia gerou um registro de patente e atraiu investidores como a Qualcomm Ventures. Mas os fundadores perceberam que esse não seria o caminho e mudaram o modelo para uma oferta B2B, oferecendo para outras empresas as tecnologias que tinham criado para uso próprio.

Pouco mais de uma década depois, a Zoop chegou a R$ 70 bilhões em transações realizadas (TPV) em suas ofertas banco e de pagamento como serviço. A receita vai passar de R$ 300 milhões e o negócio é sustentável. “Estamos em um clube de fazedores de receita com EBITDA positivo [de algumas dezenas de milhões], que é um clube muito pequeno. Somos um camelo bilionário. Quase um camelo com chifre”, brinca Fabiano. Segundo ele, com essas credenciais a companhia já mira uma próxima pernada: chegar a R$ 1 bilhão de receita.

Road to billion

Apesar de ousado, a expansão de três vezes parece ter uma rota já bem mapeada. O primeiro caminho é tornar-se um adquirente e internalizar uma receita que, atualmente, é repassada para outras empresas. Só com esse movimento Fabiano calcula que a Zoop possa ampliar seu top-line em, por baixo, R$ 200 milhões – atingindo a metade de sua meta. Ele cita o exemplo de clientes como Nubank e OLX, que poderiam trazer dezenas de milhões de volume para a companhia. “Até mesmo o iFood poderia capturar quatro ou cinco vezes mais se estivéssemos dominando os 400/500 mil estabelecimentos que eles atendem”, diz o fundador.  

O aplicativo de entregas que também pertence à Prosus, aliás, é uma alegoria interessante do desenvolvimento da Zoop nos últimos anos. O negócio, que respondia por uma parte significativa da operação, passou a ser um décimo disso na medida que o portfólio e a lista de clientes aumentou.

Hoje a oferta da Zoop é composta pelo que ela chama de portfólio ABC: acquiring e pagamentos, banking e crédito. A terceira parte é a mais recente e ainda engatinha. “Com os juros baixando a gente começa a ter mais oportunidades”, diz Fabiano.

Cada uma das três caixinhas tem diferentes ofertas, e a lista vai crescendo com o passar do tempo. Hoje são mais de 300 APIs disponíveis. Segundo o fundador, com a licença de instituição de pagamento conquistada no fim do ano passado, a Zoop passa a ter uma ligação direta com o Banco Central, o que dá a ela mais flexibilidade para desenvolver novas ofertas em cima dos novos desdobramentos do Pix, do DREX etc. “O céu é o limite. Tudo que tem de serviços financeiros podemos ter”, explica, fazendo um paralelo com a AWS e sua ampla prateleira de serviços. “As empresas sempre poderão criar o seu. Mas pra que se tem uma nuvem dedicada?”, questiona.

Curiosamente – ou não – outra empresa do mercado de infraestrutura de serviços financeiros, o Stark Bank, também tem adotada a analogia de ser a AWS do mercado. A resposta à comparação com concorrentes vem rápida. “A gente tem muito mais receita do que a maior parte dos nomes do mercado”, alfineta Fabiano.

Em um terceiro ato da expansão da Zoop, o fundador cita a exploração de oportunidades fora do Brasil. Segundo ele, isso já tem acontecido por conta de clientes que operam internacionalmente e a companhia já tem presença no México e na Colômbia.

Apesar das expectativas bastante positivas, Fabiano prefere não se comprometer com uma data para a fintech chegar ao tamanho almejado.

Mais investimento?

Hoje a equipe da Zoop conta com 275 pessoas. Na contração do mercado entre 2022 e 2023, ela não fez nenhum corte. Segundo Fabiano, isso se deve à mentalidade de eficiência do negócio. “Temos um time menor e mais sênior, mais especialista”, comenta. Segundo ele, é possível crescer sem ter que que inchar o quadro. “A mentalidade sempre foi de eficiência. Em alguns momentos podendo queimar um pouco mais, mas sempre com o pé no chão, sabendo que o mercado é cíclico”, pondera.

Em seus 11 anos de trajetória, a Zoop levantou US$ 47 milhões em investimento. As rodadas mais recentes acontecerem em 2020 e 2021. Em 2020, a  Movile liderou uma injeção de R$ 60 milhões no negócio. O valor atribuído a ela foi de R$ 400 milhões, segundo apurou o Startups na época. De acordo com Fabiano esse número já cresceu bastante desde então.

Quando o aporte foi feito, alguns investidores minoritários como a Darwin Startups participaram, e a Movile garantiu para si uma opção de comprar do controle já no ano seguinte. A opção foi executada quando ela assinou um novo cheque, de R$ 170 milhões. Com a Movile tendo deixado de existir ano passado, o negócio passou para as mãos diretas da Prosus.

Segundo Fabiano, não há, no momento, a necessidade de buscar novos investimentos porque o negócio já caminha sozinho. “Prefiro tocar do jeito que estamos tocando. Incorporando os serviços pelos quais a gente ainda paga, ampliando as parcerias, reduzindo despesas, ou realmente buscando fazer mais dinheiro”, diz.

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