Conectados pela fronteira no Rio Grande do Sul, faz sentido que Brasil e Uruguai combinem seus ecossistemas de inovação justamente em um evento gaúcho, a Gramado Summit, que acontece nesta quinta e sexta-feira em Punta del Este. Com um público de cerca de 2 mil pessoas, o evento realizado tradicionalmente no Brasil traz para a cidade uruguaia palcos de conteúdo e uma feira de negócios, com oportunidades para networking entre empresas e investidores.
“Esta é a nossa primeira edição fora do Brasil e estamos muito felizes com todo acolhimento que o Uruguai tem nos oferecido. Acreditamos muito que, em poucos anos, faremos algo tão grandioso ou ainda maior em Punta del Este do que aquilo que já realizamos no Brasil. O país é muito aquecido, muito inovador e tem nos mostrado diversas possibilidades de internacionalização”, disse o CEO da Gramado Summit, Marcus Rossi, na abertura do evento.
Um dos palcos desta edição é organizado pela Ventiur, investidora e aceleradora gaúcha, que abriu a programação com um painel sobre a complementaridade entre os mercados brasileiro e uruguaio de inovação. Para Carlos Klein, diretor de Operações na Ventiur, as empresas brasileiras podem aprender muito sobre internacionalização com o ecossistema do Uruguai.
“O Brasil ainda tem uma mentalidade muito fechada. Justamente por ser um país muito grande, o empreendedor brasileiro olha pouco para fora. E mesmo como investidor a gente costuma falar para as startups que não adianta pensar em exportar quando você nem explorou o mercado internamente. Mas podemos aprender muito com os uruguaios nesse sentido”, afirmou.
Por estarem em um país menor, com mercado consumidor pequeno, as empresas uruguaias já nascem olhando para fora, acrescentou Cristhian Martínez, coordenador de Comunicação do Uruguay Innovation Hub.
“Uruguai e Brasil se complementam, estamos unidos pela fronteira. As startups brasileiras podem usar o Uruguai como uma plataforma para se internacionalizar, como um ponto de partida para outros países da América Latina. Temos uma política de incentivos, além de o fato de sermos um país estável e democrático, o que nos torna mais atrativos que outros países da região. E as startups uruguaias podem pensar no Brasil como um lugar para expandir”, disse Cristhian.
Mariane Martins, assistente de Inovação no Tecnopuc, destacou que existem hoje diversas oportunidades de trocas entre os dois países, inclusive com a participação em editais de fomento.
“Hoje em dia até mesmo as indústrias para crescer e se tornarem competitivas têm que se abrir para startups, para inovação. E aí por que não se conectar a startups brasileiras e uruguaias? Cada país tem a sua oportunidade, e os empreendedores devem tentar entender onde podem aproveitar melhor essas diferenças”, disse.
A Gramado Summit foi criada em 2017 pelo empreendedor CEO Marcus Rossi. Em 2024, na sua última edição no Brasil, recebeu 15 mil visitantes. Segundo a organização, 100% do valor dos ingressos vendidos para a edição de Punta del Este será revertido às vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul.