Por mais que a inteligência artificial (IA) esteja avançando a passos largos, ainda não exploramos o seu verdadeiro potencial. Embora suas aplicações já estejam impulsionando a produtividade, a eficiência e a inovação, tanto nos negócios quanto na vida cotidiana, ainda estamos no início de uma jornada para compreender e maximizar o impacto dessa tecnologia disruptiva. A chave para um futuro repleto de oportunidades está na adoção de uma nova mentalidade – não apenas pelas lideranças, mas por toda a sociedade.
Essa reflexão guiou os debates no Palco Divergente da Gramado Summit Punta del Este, nesta quinta-feira (26). Segundo Luiz Candreva, head de inovação da Ayoo, historicamente o ser humano sempre foi protagonista da criação do futuro — desde a invenção da lâmpada até o desenvolvimento do computador.
Contudo, com a ascensão da IA generativa, esse papel está mudando. “Nós sempre fomos os responsáveis por criar a próxima fase. Agora, temos um parceiro, um copiloto”, ressaltou Candreva, explicando que a IA deixa de ser apenas uma ferramenta e passa a atuar na criação de novas possibilidades.
Apesar disso, a ideia de ter um “copiloto” ao lado ainda está longe de ser totalmente compreendida. “Muitos pensam que a IA vai tomar suas ocupações, mas, pelo menos no início, o que ela faz é sequestrar o tempo ocupado nas tarefas, permitindo que a gente produza muito mais com os mesmos recursos”, explicou.
Essa transição, no entanto, exige que líderes e profissionais em todo o mundo compreendam como a IA pode amplificar as habilidades humanas. “Com essa ferramenta, temos o potencial de sermos extremamente eficientes. Ela vai potencializar os aspectos humanos, embora também substitua outros”, enfatizou Candreva.
IA como copiloto
Ricardo Wagner, diretor Copilot da Microsoft nas Américas (foto), destacou que, apesar de a IA já estar presente em atividades cotidianas como sugestões de respostas, leitura imersiva e legendas automáticas, seu verdadeiro potencial ainda está longe de ser totalmente explorado. Para ele, o diferencial da IA generativa é sua capacidade de identificar o que ainda é desconhecido, ajudando a encontrar novas oportunidades e resolver desafios complexos que antes estavam fora do alcance humano.
“Hoje, a maioria foca em como a IA pode trazer ganhos práticos, como aumento de produtividade no dia a dia. Mas podemos pensar além, em possibilidades mais profundas, como a descoberta de um novo elemento químico. Há um universo de oportunidades”, ressaltou.
Ele frisou a importância de adotar uma abordagem ética e responsável no desenvolvimento e uso da IA, considerando fatores como privacidade, inclusão, confiabilidade e segurança. “A questão não é o que a IA pode fazer, e sim o que devemos delegar para ela fazer. Quem dá o comando são as pessoas. Por isso, a IA é um copiloto, e o piloto é o ser humano”, afirmou.
Wagner também apresentou os cinco pilares para que as empresas se destaquem na liderança em inteligência artificial: estratégia de negócios, estratégia de tecnologia, experiência em IA, cultura organizacional e governança.
Experimentação e adaptação rápida
Denis Chamas, diretor de plataformas digitais da Coca-Cola na América Latina, trouxe uma visão mais prática sobre como os líderes podem se adaptar a essa nova era tecnológica. Para ele, a velocidade com que a IA está evoluindo desafia a todos a explorar as possibilidades da ferramenta.
Denis compartilhou como a IA tem o ajudado a organizar ideias e aumentar sua resiliência, fazendo com que ele se sinta mais forte e preparado para lidar com a complexidade do mundo atual.
Ele incentivou os líderes a experimentarem a IA em suas vidas pessoais, para entender como essa tecnologia pode ser aplicada de maneira mais estratégica nos negócios. Segundo Denis, esse processo de exploração é fundamental para que as empresas se tornem mais ágeis e adaptáveis às mudanças constantes.
Conclusão
Os painéis destacaram que a IA generativa deve ser vista como um copiloto que, ao lado dos profissionais, os ajuda a alcançar novos patamares de produtividade e criatividade. Seja na automatização de tarefas repetitivas, na descoberta de novos conhecimentos ou no suporte à tomada de decisões, a IA está moldando o futuro das organizações e exigindo que líderes e empresas repensem suas estratégias e culturas para se manterem competitivos.
Essa jornada deve ser orientada por princípios éticos e estratégias claras. É essencial que as empresas desenvolvam uma abordagem equilibrada, colocando a tecnologia a serviço das pessoas e mantendo o ser humano como principal tomador de decisões em um mundo onde dados, algoritmos e inteligência artificial se tornam cada vez mais prevalentes.