Para CEO da Sólides, ambição demais é amiga da falência

No início de 2022, a Sólides, que oferece uma plataforma completa de gestão de pessoas para PMEs, recebeu o maior aporte já captado por uma HRTech na América Latina: R$ 530 milhões pela americana Warburg Pincus. Mas até chegar a este ponto, a startup mineira fundada em 2010 passou por altos e (muitos) baixos, que inclusive quase culminaram em sua falência.

O segredo encontrado pela CEO da startup, Mônica Hauck, para dar a volta por cima e escalar foi revelado por ela mesma durante painel no último dia do Gramado Summit, evento de inovação e empreendedorismo que reuniu cerca de 10 mil pessoas esta semana na cidade sulista.

A empreendedora revelou que, em 2015, quando ela e o sócio (e marido) Alessandro Garcia, tomaram uma série de decisões erradas, na ânsia de querer escalar o negócio com rapidez, quase quebraram a empresa. Na época, e desde a sua fundação, a Sólides oferecia uma única solução, de mapeamento comportamental para RHs de PMEs.

“Meu primeiro erro foi executar uma visão certa da forma errada, não dimensionei o custo. Quis desenvolver algo grande, sem investidor, e acabei sem dinheiro e produto. Outro ponto foram as divergências de opiniões entre eu e meu marido. Se eu tivesse valorizado o olhar analítico dele, eu não teria quebrado. Valorize aquilo que te falta, você não vai ter nem saber de tudo”, declara Mônica.

A volta por cima

Atolada em dívidas, Mônica não desistiu. Continuou tocando a empresa, mesmo desmotivada. Foi então que ela e o sócio decidiram, em 2015, pivotar e criar um SaaS destinado a atender toda a jornada de gestão de pessoas em PMEs. Desenharam então um plano agressivo, com o objetivo de triplicar o crescimento por 2 anos seguidos e depois, dobrá-lo por mais 2 anos.

“Pivotamos no meio de uma crise econômica e sem investidor. Eu não tinha margem para erros. Foi então que aprendi a ser disciplinada com foco em eficiência operacional e decidi investir no desenvolvimento do meu time. Isso mudou o jogo totalmente”, afirma ela.

O primeiro aporte veio em 2019, do DGF Investimentos. A startup recebeu na época uma série A de R$ 3,5 milhões e os recursos foram utilizados para o lançamento de produtos e dar sequência ao seu ambicioso plano de expansão. Depois de 3 anos veio a pomposa série B de R$ 530 milhões e a primeira aquisição da Sólides: foi a Tangerino, startup de controle de ponto digital e gestão de jornada de trabalho. Atualmente mais de 25 mil clientes usufruem da plataforma de gestão de pessoas da HRTech.