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A brain4care, startup brasileira que desenvolve e oferta tecnologia de monitoramento não invasivo das variações de pressão e complacência intracraniana, está colocando em prática o próximo movimento de sua estratégia. Após validar sua solução no Brasil, a healthtech agora está direcionado esforços para os Estados Unidos, dando início ao seu processo de internacionalização.

Segundo Plínio Targa, CEO da brain4care, a expansão já estava prevista no plano estratégico da empresa em 2017. “A ideia era primeiro construir a infraestrutura tecnológica e uma boa rede de relacionamento técnico-científico no Brasil e fora, o que vem acontecendo há anos. Agora, já validamos o produto no mercado brasileiro e estamos no processo de avançar comercialmente nos EUA “, afirma.

A companhia desenvolveu um sensor capaz de monitorar as variações de volume e pressão intracraniana de forma não invasiva e em tempo real, conectado a uma plataforma analítica que gera automaticamente relatórios com informações adicionais que auxiliam na qualificação do diagnóstico, orientação da terapêutica e indicam a evolução de distúrbios neurológicos. 

A internacionalização começou a se concretizar de fato em 2021, quando a empresa recebeu a aprovação do FDA (Food and Drug Administration, a agência reguladora de saúde nos Estados Unidos) para comercializar a tecnologia por lá. Para fortalecer o movimento, a startup de São Carlos (SP) inaugurou um escritório em Atlanta, capital do Estado norte-americano da Geórgia, e o sócio, Carlos Bremer, passou a se dedicar integralmente às operações dos Estados Unidos, assumindo como presidente da brain4care na América do Norte.

“O mercado nos Estados Unidos tem algumas características particulares, e é preciso compreendê-las muito bem, antes de entrar na região. É gigantesco, não dá para atacar todo o ecossistema de uma vez só. Além disso, é bastante descentralizado, não tem redes hospitalares nacionais e não conta com um sistema universal de saúde pública”, destaca o especialista. A estratégia da brain4care tem sido aproximar-se do que Carlos chama de key opinion leaders – pessoas referência do mercado local com alta influência no restante da comunidade médica.

“Começamos a visitar os principais hospitais de pesquisa da área de terapia intensiva nos Estados Unidos para mostrar a nossa tecnologia e desenvolver as redes de relacionamento. Atualmente, temos conversas com pelo menos metade das pessoas mais importantes do país, o que nos dá uma massa crítica interessante. Já colocamos o sensor em uso para que alguns deles validem o produto clinicamente. Quando esses indivíduos conhecem a brain4care e acreditam na nossa solução, isso acaba reverberando para todos os lados”, acrescenta.

Além disso, a companhia passou a desenvolver e publicar artigos e estudos científicos em centros renomados no Brasil e nos EUA, com o intuito de levar mais informações sobre o método brain4care e os benefícios de implementar a tecnologia. Para ampliar essa conexão com o ecossistema, Plínio e Carlos têm participado de diversos eventos e conferências ao longo dos anos, o mais recente deles sendo o Biotech Showcase, que aconteceu na última semana, no Vale do Silício.

Crescimento estratégico

Em paralelo à internacionalização, a brain4care deseja avançar sua consolidação no mercado com uma rodada de investimento. Os executivos estão há cerca de seis meses em conversas com potenciais investidores, e buscam um parceiro internacional para ajudar escalar as operações fora do Brasil.

“Estamos avaliando a melhor estratégia para fazer a captação, avaliando oportunidades e como os investidores estão olhando para o mercado neste momento de capital mais restrito”, afirma Plínio. De acordo com o CEO, existe a possibilidade de fazer uma rodada maior para já acelerar os planos, ou focar em um aporte menor para não diluir tanto o negócio neste momento.

No Brasil, a tecnologia brain4care já está presente em mais de 80 instituições de saúde, principalmente clínicas e hospitais. Sem abrir números específicos, Plínio revela que a empresa tem dobrado o faturamento anualmente e que, para 2024, a previsão é triplicar o negócio. “Temos visto um aumento de interesse pela solução da brain4care, e estamos em negociações avançadas com um número de clínicas e hospitais maior do que o que temos na base de clientes atual. Assim, a expectativa é dobrar a base de clientes no Brasil nos próximos meses”, diz o executivo.

Ele acrescenta que, atualmente no Brasil, o procedimento para medir e colher dados sobre a pressão intracraniana é realizado apenas em instituições privadas de saúde, mesmo no caso dos processos invasivos, em que pacientes são submetidos a uma cirurgia para perfurar o crânio e inserir um cateter – um procedimento limitado a casos extremos, apesar da importância de se acompanhar o quadro clínico.

“Nem mesmo o método mais invasivo faz parte do procedimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Ou seja, o paciente não tem acesso à monitorização da pressão intracraniana em quase nenhuma instituição pública de saúde. Felizmente, temos visto um grande interesse do sistema público e, recentemente, fechamos contrato com os dois primeiros hospitais públicos da nossa base para oferecer o método não invasivo. Isso reforça que a curva de crescimento no Brasil será forte e que a brain4care vem deixando um legado no país”, finaliza Plínio.

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