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Se tornar um unicórnio a partir de seu sucesso no Chile e outros países latino-americanos de língua espanhola foi uma coisa. Entretanto, encontrar o balanço certo para atender os RHs no Brasil resultou em lições para a Betterfly – incluindo algumas difíceis. Um ano depois de desembarcar no mercado brasileiro, a HRTech aposta em um novo posicionamento para emplacar seu crescimento local.

“O ano que tivemos no Brasil foi um desafio, tanto pelo cenário quanto pelas dificuldades territoriais”, pontua João Kohn, country director e um dos fundadores da operação da companhia no Brasil. “Começamos com um produto semelhante ao que tínhamos no Chile, mas entendemos que era preciso adequar várias coisas por aqui”.

De acordo com o executivo, em 2023 a Betterfly dobrou a sua aposta em plataforma, trazendo recursos adicionais para atender os RHs, somando ao perfil de impacto social que a empresa tem em seu core business, em que os funcionários podem repassar doações a entidades beneficentes a partir do uso da plataforma. “Começamos com a vertical de well being e parcerias com entidades de impacto, mas vimos que era necessário ir além disso”, explica.

O movimento para uma plataforma mais abrangente já começou no fim do ano passado, quando a startup comprou a SeuVale, marca nacional de benefícios flexíveis, passo semelhante ao que ela já tinha realizado meses antes na Espanha, com a aquisição da Flexoh.

“Pegamos a parte da SeuVale, somamos à parte de bem-estar e impacto, tudo dentro de uma estrutura modular a flexível. É algo que vai além do que outros players do segmento oferecem, que não tem muito mais do que o uso do cartão”, destaca João.

De acordo com o executivo, o Brasil tem sido a linha de frente na parte de desenvolvimento de benefícios flexíveis para a companhia. “O fato da operação brasileira ter amadurecido de forma mais rápida em um ano em algumas frentes, nos fez exportar tecnologia para a Betterfly em outros países”, revela João.

Os resultados dessa guinada na operação brasileira também foram sentidos no número de clientes e pessoas atingidas. O executivo não deu números exatos nem abriu a receita para o país, mas revelou que a companhia já está nos cinco dígitos em número de usuários, atendendo cerca de 400 empresas. “Levamos dois anos para chegar nessa marca no Chile”, completa.

João Kohn
João Kohn, country diretor da Betterfly no Brasil (Foto: Divulgação)

Segundo João, o plano para este ano é conseguir chegar aos seis dígitos de vidas atendidas, utilizando parcerias com canais de peso para vender seus serviços. Dois destes canais são a Icatu e BV, que “plugaram” a solução da Betterfly às suas ofertas de seguro. “Isso traz um grande volume além do B2B, atigindo pessoas que talvez não teriam nem acesso, como autônomos por exemplo”, avalia.

Decisões difíceis

Exercícios de adaptação e reposicionamento envolvem decisões difíceis, e para a Betterfly isso significou entrar para um clube bastante frequentado no último ano: o de startups que promoveram demissões em massa. Em agosto de 2022, a companhia demitiu cerca de 30 das 100 pessoas em sua operação brazuca.

Os cortes se concentraram nas áreas de marketing, comercial e no time que estava responsável pelo Xerpay, produto de adiantamento salarial que a Betterfly comprou no ano passado após levantar US$ 60 milhões em uma série B. Segundo informações apuradas pelo Startups na época, a empresa tinha planos de chegar a 150 funcionários no Brasil até o fim do ano, mas vinha enfrentando problemas para se firmar no mercado local.

Tais dificuldades resultaram em uma segunda onda de cortes, realizada em janeiro. Dessa vez, o passaralho foi no quadro geral da companhia, demitindo cerca de 30% do quadro na América Latina. A operação brasileira não deu detalhes do quanto esses layoffs afetaram o quadro de colaboradores no Brasil.

“Durante 2022 a gente reviu uma série de coisas. As demissões tiveram muito a ver com o que o Brasil precisava, como formas de vender, formas de entregar. As necessidades que a Betterfly atende no Chile seguem na estratégia, mas para o Brasil vimos que precisávamos ser mais completos e ser mais flexíveis”, pondera o executivo.

Apesar dos cortes, João está otimista com a nova Betterfly para o Brasil, e o plano é inclusive dobrar os investimentos no país, tanto em produtos quanto em canais. “Já estamos chegando no dobro da receita que tivemos aqui em 2022”, finaliza.

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