Focada em transformar a empregabilidade no Brasil ao conectar empresas e jovens talentos, a HRTech Bettha planeja o próximo movimento de sua estratégia. Os planos incluem ganho de escala com base em novos produtos para atrair PMEs e na captação de uma rodada de investimentos ainda neste semestre.
Fundada em 2016 a partir de um projeto de tecnologia da Companhia de Talentos, a startup é hoje uma empresa independente com mais de 1,2 milhão de profissionais cadastrados em sua plataforma. Com a proposta de qualificar os candidatos com ferramentas e conteúdos ao longo do processo seletivo, o negócio já deu suporte para mais de 125 organizações, incluindo players de grande porte como Google, Nestlé e RedBull.
“A grande conquista do último ano foi aumentar o número de vagas fechadas – foram mais de mil, com 60% delas direcionadas para grupos sub-representados no mercado de trabalho”, afirma Pedro Somma, CEO do Bettha, em entrevista ao Startups. A expectativa é ao menos quadruplicar esses resultados em 2024, encerrando o ano com algo entre quatro e cinco mil vagas fechadas por meio da plataforma.
Essa expansão será impulsionada pelo Self do Bettha, plataforma criada para garantir mais agilidade e assertividade no match entre candidatos e empresas. A ideia é oferecer uma experiência de autosserviço na qual empresas de todos os tamanhos, principalmente as pequenas e médias, tenham em mãos uma solução de inteligência artificial que faça o match entre os melhores candidatos para cada vaga sem a necessidade de contratar consultores durante o processo.
“Empresas menores não costumam ter orçamento para contratar uma consultoria especializada que faça um trabalho rápido, assertivo e qualificado de seleção dos talentos, pois tradicionalmente esse serviço pode custar até R$ 8 mil por vaga. O Self utiliza toda a tecnologia e experiência que desenvolvemos ao longo dos anos para que as próprias empresas possam recrutar os melhores candidatos, simplificando o processo seletivo enquanto mantém a qualidade e a agilidade necessárias, tudo por aproximadamente R$ 1 mil”, explica Pedro.
Com preços mais amigáveis para o bolso, a startup espera atrair um número maior de PMEs em todo o Brasil. A nova solução, atualmente em fase de teste com os primeiros clientes, é voltada principalmente para a seleção de talentos mais jovens, como estagiários e trainees, apresentando uma shortlist (lista de candidatos ideais) com mais de 90% de assertividade em poucos dias. Além do Self, a HRTech oferece testes comportamentais como o Genius e Lifestyle para que candidatos e recrutadores testem seus níveis de compatibilidade cultural e organizacional.
Reunindo investidores
O Bettha está buscando uma rodada de investimentos para consolidar os planos, tendo como prioridades o lançamento do Self no mercado e o aumento do número de vagas fechadas na plataforma com foco nas PMEs. “Até então, crescemos com recursos próprios e temos uma receita relevante que nos permitiria sobreviver com as próprias pernas, mas queremos captar para acelerar o ritmo”, diz Pedro.
O CEO da HRTech revela já estar em conversas com possíveis investidores, com a previsão de fechar a captação ainda neste semestre, com um cheque de aproximadamente R$ 15 milhões. “O objetivo do investimento será acelerar a pivotada no negócio. Vamos seguir vendendo o produto de consultoria, mas o principal será escalar a plataforma de autosserviço para atender às PMEs”, pontua.
Pedro ressalta que parte central da estratégia do Bettha é a diversidade e inclusão de talentos. “Não olhamos apenas para candidatos da USP, Unicamp, Insper, FGV ou Ufrj. Pelo contrário, fazemos um trabalho com todas as faculdades do país para aproveitar as melhores pessoas que estão entrando no mercado de trabalho. Além disso, participamos de programas que privilegiam a contratação de grupos sub-representados, como mulheres e pessoas negras, e fazemos um esforço intencional para isso”, afirma.
Entre os projetos, o Bettha já trabalhou com o Google para distribuir 60 mil bolsas de qualificação para pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica e com a Braskem para realizar a Jornada Preta, programa de estágio para potencializar a carreira de pessoas universitárias negras. “Nossas iniciativas incluem qualificações não só para os jovens, mas também para os gestores da empresa, que precisam estar preparados para receber esses públicos. Não adianta só contratar; eles têm que entender as vulnerabilidades e potencialidades dessas pessoas, acolhê-las e criar oportunidades da forma adequada”, finaliza.