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Há pouco mais de um ano, a Gupy fez o que muitas startups e grandes empresas desejam: adquirir a sua principal concorrente. A HRTech comprou a Kenoby, sua grande rival na área de recrutamento e seleção. A ideia era que a equipe da Kenoby fosse incorporada à da Gupy e em alguns meses o produto deixasse de existir com seu nome original.

No entanto, os planos mudaram no meio do caminho. “Empreendedores apaixonados pelo seu negócio sempre acham que o seu produto é melhor e que o do concorrente é ruim. Quando compramos a Kenoby, falamos que em 6 meses iríamos fechar a plataforma, integrar completamente a solução e colocar na Gupy, que era muito melhor”, afirma Mariana Dias, cofundadora e CEO da Gupy, em entrevista ao Startups.

Hoje, ela reconhece que a abordagem foi um erro, mas também um ótimo aprendizado. “Os clientes da Kenoby usavam várias ferramentas legais que eles tinham e nós não”, pontua. A solução foi refazer o projeto de integração das companhias e manter alguns recursos mais interessantes da concorrente, aproveitando a expertise do time que já conhecia a solução para desenvolver o produto dentro da Gupy.

Mariana conta que após a aquisição a Gupy perdeu pouquíssimos clientes que eram fiéis à Kenoby, mas que isso chegou a acontecer no meio do caminho e acendeu o alerta para a empresa se adaptar.

“Foi um exercício de humildade intelectual gigante para entender o que precisávamos fazer. Empreendedores costumam ser muito acelerados, para o bem e para o mal. Às vezes, precisamos parar e analisar a realidade. Optamos por fazer a integração em 1 ano de forma bem feita, ao invés de 6 meses como no plano inicial. Hoje, todo mundo está feliz porque conseguimos pegar o melhor da Gupy e o melhor da Kenoby. Mas demorou meses para entendermos isso”, conta ela.

Caixa cheio

A aquisição da Kenoby aconteceu semanas depois da Gupy anunciar uma rodada de R$ 500 milhões. Em janeiro de 2022, a startup fez história ao receber o maior investimento que uma HRTech já captou na América Latina – um cheque de R$ 500 milhões liderado por Softbank e Riverwood. Um ano depois, a Gupy voltou às compras e adquiriu a Pulses, plataforma catarinense de gestão de pessoas.

Segundo Mariana, a HRTech ainda tem dinheiro sobrando da captação. “Boa parte do que recebemos, ainda não gastamos. A gente não quer ser o tipo de empresa que precisa da grana do investidor para sobreviver”, afirma. Ela explica que desde o início de sua trajetória a companhia precisou ser pé no chão, gerando caixa por conta própria e crescendo de forma sustentável.

“De 2015 a 2019 a Gupy quase não levantou investimento. Até tentamos, mas recebi “não” de todo mundo porque HRTech não era sexy e não havia muitas coisas validadas sobre o tamanho desse mercado”, conta a CEO. Quando abocanhou os R$ 500 milhões, a companhia já tinha criado uma consistência econômica própria. A Gupy entra em 2023 com a mentalidade do início, trazendo consigo os ensinamentos dos últimos anos.

Nesta semana, a empresa inaugurou um novo escritório na cidade de São Paulo. Batizado de Gupy Hub, o espaço possui 700 metros quadrados com estações de trabalho, espaços de convivência, cabines individuais e coletivas para reuniões, e um auditório para até 60 pessoas, além de uma área exclusiva para funcionários da Gupy. “Esse escritório nasceu há 18 meses. Sempre fazemos as coisas com muita consciência, cálculos e milhares de parcerias”, explica Mariana.

Olhar assertivo

Com mais de 700 clientes, a Gupy ficou conhecida por sua plataforma de recrutamento e seleção, mas se posiciona como um ecossistema para impulsionar os negócios por meio do RH. Segundo Mariana, em 2023 as empresas precisarão muito mais do que contratar muito, trazer as pessoas certas.

“Uma empresa gasta pelo menos 4 vezes mais fazendo uma contratação errada, porque gasta tempo procurando, faz o onboarding, desenvolve o talento e depois desliga. Não é mais o tempo de contratar por contratar”, observa. Analisando a conjuntura atual, Mariana deixa claro que provavelmente as ondas de demissões vão continuar ao longo do ano, mas destaca uma tendência interessante para os próximos meses.

“Muitas estão optando por uma mobilidade interna neste momento em que estão remodelando o negócio. Por exemplo, se vai mudar o foco de vendas para suporte, por que não levar as pessoas que estavam na área de vendas para esse outro setor? Elas já estão na empresa, conhecem a cultura e passaram pelo on board. É quase como um recrutamento interno, mas um processo muito mais barato. As empresas que fizerem isso vão salvar dinheiro e ainda sair na frente”, conclui.

Assista aos melhores momentos da entrevista com Mariana Dias:

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