Há cerca de um mês, quando anunciou o encerramento da HRTech Plure (Se Candidate, Mulher!), Jhenyffer Coutinho deixou o mercado ansioso para saber quais seriam os seus próximos passos. Agora, fim do mistério. Com exclusividade ao Startups, a especialista em empregabilidade anuncia sua chegada à Gupy, como sócia e líder na área de experiência de pessoas candidatas.
“O que me atraiu a fazer parte da Gupy foi a mesma coisa que me deixou com medo de aceitar o convite”, afirma Jhenyffer. “É uma empresa com grandes oportunidades no B2C, mas que estava vivendo desafios nessa área”. Um levantamento feito em 2023 pela Folha na Comscore revelou que menos de 1% das inscrições para uma vaga de emprego na plataforma acabam em contratação na Gupy. Em paralelo, a companhia enfrenta relatos frustrados nas redes sociais e reclamações frequentes sobre a dificuldade de conseguir um emprego pela plataforma.
“Alguém tinha que mexer nisso. Eu podia ficar na minha, reclamando e falando que a Gupy poderia se envolver melhor com a pessoa candidata, ou entrar nessa estrutura para tentar melhorar isso”, conta Jhenyffer. A especialista conta com mais de 10 anos de experiência em RH, liderança, gestão de pessoas, empregabilidade, startups e Diversidade & Inclusão, tendo apoiado as jornadas de grandes empresas como Heineken, Samarco, Volvo, Ambev e PAM Saint-Gobain com soluções recrutamento e seleção, marca empregadora e educação corporativa. Como CEO na Plure, ela contou com mais de 70 empresas parceiras.
A contratação de Jhenyffer reforça o compromisso da Gupy para evoluir sua experiência nos processos seletivos e aumentar o impacto positivo para os candidatos. Em 2024, a companhia lançou o Manifesto da Experiência da Pessoa Candidata com o objetivo de viabilizar candidaturas simples, apoiar seleções responsáveis nas empresas e impulsionar conhecimento para todas as pessoas em busca de emprego. Ao todo, a Gupy quer atingir 24 compromissos até 2025.
“Sempre trabalhamos para melhorar a experiência das pessoas candidatas, e com certeza esses esforços vêm se intensificando recentemente. Isso passa por novidades não apenas no time e em nossa estrutura, mas também por tecnologia e entrega de produtos”, afirma Guilherme Dias, CMPO e Co-Fundador da Gupy, em nota. “Com a contratação de Jhenyffer, queremos evoluir as experiências da Gupy nos processos seletivos. Sua história de vida, valores e propósitos voltados em relação às pessoas candidatas nos ajudará a conquistar o que almejamos com o manifesto”, acrescenta.
De um quase M&A à liderança
“Sempre pensei que a Se Candidate, Mulher! fosse uma empresa para M&A e fiz o máximo para me aproximar de empreendedoras de HRtechs – e a Mariana Dias era uma delas”, conta Jhenyffer. A ideia era criar relacionamentos fortes e deixar a SCM visível para, no futuro, negociar uma possível venda da companhia. Com o tempo, Jhenyffer foi convidada a se juntar à Máfia do Moscatel, grupo de empreendedoras criado pela CEO da Gupy para compartilhar erros, aprendizados e playbooks para ajudar outras founders a irem mais longe em suas jornadas. “Quando tinha a oportunidade, mostrava os números e resultados da SCM e ia cada vez mais conquistando essa relação”, relembra.
No ano passado, quando a SCM se reposicionou como Plure e abriu uma nova rodada de investimentos, Jhenyffer convidou a fundadora da Gupy para participar da captação. “Ela super topou. Mas, como investidora-anjo, disse que só conseguiria fazer o aporte se tivesse outro investidor liderando a rodada”. A expectativa era captar R$ 2 milhões e, embora a startup já tivesse cerca de 30% do capital comprometido, a rodada não avançou.
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Foi quando a CEO da Plure redobrou os esforços em busca de alternativas para salvar a empresa. “Numa terça-feira à noite, a Mariana me ligou. Lembro direitinho, pensei que era engano. Ela disse que, se não desse certo com a Plure, no dia que eu quisesse teria uma cadeira na Gupy. Agradeci, mas disse que ainda não estava nos meus planos”, revela.
Meses depois, a empreendedora tomou a difícil decisão de encerrar as atividades da Plure, devido à falta de captação de recursos e à falta de maturidade do mercado sobre a importância e os benefícios da equidade de gênero. Ciente de que queria continuar trabalhando com empregabilidade, Jhenyffer retomou o contato com Mariana para entender melhor quais seriam as oportunidades na Gupy. “Embora seja uma empresa B2B, a Gupy tem desafios com o B2C e sabe da importância de olhar para este público. No entanto, ainda não tinha uma área focada nisso e queria fortalecer essa área de negócio”, pontua.
Antes de aceitar a proposta, Jhenyffer tentou uma última cartada. “Tentei vender a Plure para a Gupy, e eles realmente cogitaram. Passei por todo o processo de avaliação para o M&A, incluindo conversas com o CFO e com todo o board. Depois de alguns meses, recebi o feedback de que a Plure ainda não tinha atingido a robustez tecnológica da Gupy – e, de fato, não tinha”, explica.
Mão na massa
“O convite da Gupy me dá a oportunidade de seguir fazendo o que eu fazia. Acredito fortemente que as pessoas não estão preparadas para os processos seletivos e que há um buraco enorme entre a instituição formadora e o mercado de trabalho. Já trabalhava para mudar este cenário, mas eu era uma gota no oceano. Agora, com o tamanho e a base da Gupy, tenho a possibilidade de ser um tsunami e ajudar as pessoas candidatas a não só passar pela Gupy, mas também nos processos seletivos em geral”, diz Jhenyffer.
Na nova posição, sua prioridade será atuar como o ponto focal que azeita a conversa entre as áreas da HRTech. “Assumi uma posição cross, que se envolve com todos os times da Gupy. Minha maior responsabilidade é facilitar todo o ecossistema de times da Gupy e movimentá-los em prol da pessoa candidata, do produto a uma melhor comunicação em marketing e em customer success”, explica Jhenyffer.
“Além disso, quero ajudar a empresa a crescer bastante e seguir pensando no que podemos fazer para as pessoas candidatas no futuro”, acrescenta. Um cheirinho do que está por vir é o workshop “Do 0 ao primeiro emprego”. Realizado em parceria com a Leapy, este é o primeiro evento da Gupy tendo a pessoa candidata como público-alvo, com o intuito de oferecer 550 vagas gratuitas de capacitação para jovens aprendizes entre 16 e 24 anos.
Da porta para fora, a executiva tem o desafio de transformar o mercado de empregabilidade como um todo. “Quero ajudar cada stakeholder dessa engrenagem a entender quais são os seus papéis e as suas responsabilidades. Isso inclui a Gupy, a pessoa candidata e nossos clientes, ou seja, as empresas”, conclui Jhenyffer.
