HRTech

Seis meses após chegar no Brasil, Atlas suspende operações no país

Em onda global de cortes após entrada de novo CEO, HRTech terminou os seus times de vendas e marketing do Brasil

Apaga a Luz Atlas
Apaga a Luz Atlas. Crédito: Canva

Em fevereiro, noticiamos aqui no Startups a chegada da HRTech norte-americana Atlas no mercado brasileiro, o que incluia planos robustos de investimento para crescer na região. Corta para seis meses depois, e o cenário já mudou: a companhia anunciou o desligamento de diversas de suas operações na região, incluindo a demissão de 100% dos times de marketing e vendas da empresa no Brasil.

Segundo apurou a reportagem do Startups junto a ex-funcionários da Atlas no Brasil, cerca de 25 pessoas foram dispensadas na operação Latam, desligando todos os esforços de prospecção de clientes na região, voltando ao modelo de atendimento que a startup possuía antes. “Ficaram apenas com a equipe que cuida dos funcionários de empresas de fora remotos no Brasil. Agora só atendem no reativo”, explicou uma fonte que preferiu não se identificar.

Procurado pelo Startups, o CEO da Atlas, Ray Dile, confirmou os cortes, reforçando que eles afetaram somente as divisões de marketing e vendas. “Entretanto, é crucial frisar que a companhia continua comprometida em oferecer suporte a empresas que desejam se estabelecer no Brasil e América Latina. Por isso, nossos times de operação e serviço continuarão ativos”, afirmou, em nota enviada com exclusividade ao Startups.

Um detalhe interessante: Ray Dile está no cargo de CEO interino há apenas 15 dias, após o fundador Rick Hammell sair para ser o presidente do conselho da HRTech. Pelo jeito, não demorou muito tempo para o novo CEO propor medidas fortes para o negócio. Além dos desligamentos na América Latina, esforços de marketing na Austrália e África foram suspensos, assim como rolaram demissões em mercados como China e Índia.

América Latina e África tinham sido os anúncios mais recentes de expansão da startup – em entrevista ao Startups em fevereiro, Rick Hammell chegou a afirmar que a Atlas tinha separado cerca de 17% de seu orçamento do ano para investir em crescimento nestes mercados.

Aliás, o investimento viria no rastro de uma rodada de US$ 200 milhões que a Atlas recebeu em setembro do ano passado. Com o aporte, liderado pelo fundo Sixth Street Growth, a prioridade da HRTech era impulsionar sua expansão internacional, assim como aprimorar sua plataforma de gestão de talentos.

O último apaga a luz

Quando a Atlas anunciou sua chegada oficial no Brasil, os planos de Rick Hammell eram ambiciosos. Segundo ele afirmou ao Startups na época, a meta era ampliar a base de clientes em 60% a 65% em 2023.

Para sustentar esta visão, a Atlas fez contratações de peso. No começo do ano, Maíra Gracini, responsável pela expansão de empresas como Salesforce, Zendesk e Ebanx, assumiu como VP de Marketing e Carlos Butori entrou como VP de Desenvolvimento de Negócios, ambos cuidando de equipes locais.

De acordo com as fontes ouvidas pelo Startups, Carlos Butori saiu da empresa nesta onda de cortes, e Maíra Gracini deve sair nos próximos dias, em uma espécie de “o último a sair apaga a luz” das divisões de vendas e marketing.

O que a Atlas faz?

Fundada em 2015, a startup é uma employer of record, que assume o trabalho de empregar profissionais para seus clientes, assumindo as responsabilidades de vínculo empregatício e pagamentos ao colaborador. Para isso, a companhia abriu entidades próprias em mais de 160 países – segundo a empresa, esta entidade continua ativa no Brasil, ou seja, se uma companhia de fora deseja contratar alguém no Brasil, ela ainda pode fazer isso isso por intermédio da Atlas.

Atualmente, a companhia atende empresas em cerca de 30 países nos seus desafios de gerir times globais.