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A relação entre bancos e startups não é nova, mas tem se intensificado à medida que a tecnologia avança e se torna mais sofisticada. Inteligência artificial, blockchain e big data são alguns dos temas que estão na mira dos programas de inovação aberta das instituições financeiras. Para as empresas especializadas nesses segmentos, o momento é de oportunidades.

É o caso, por exemplo, do conglomerado financeiro Fator, que lançou recentemente um desafio para recrutar startups com foco em IA. A iniciativa faz parte do Fator Inova, programa de inovação aberta iniciado em agosto. Das 129 startups recebidas no desafio, já foram selecionadas 87. As 10 soluções mais aderentes serão chamadas para apresentar um pitch defendendo o modelo e a aplicação nas demandas operacionais do mercado financeiro. O programa ainda aceita inscrições.

“Em 2023 a gente se conectou com mais de 100 startups e realizamos 12 provas de conceito. Desse total, oito soluções foram aprovadas e quatro foram de fato implementadas. As startups trazem um know-how específico que ajuda a gerar resultados mais rápidos. É claro que existe sempre um viés grande dos bancões, mas é bom ver como as startups estão vendo as soluções para o mercado financeiro”, explica Thiago Moreno, head de Inovação do Banco Fator.

Cultura de inovação

banco BV, por sua vez, encerrou o último ano com 40 contratos ativos com startups, quatro vezes mais que o número de empresas conectadas em 2022. Em entrevista ao Startups, Jimmy Lui, head de
Inovação e Open Finance da instituição, contou que a escolha das startups acontece muitas vezes após uma demanda de áreas de dentro do próprio banco, que buscam soluções para questões operacionais. Mas, para além disso, o BV também trabalha com temas que deseja fomentar. Para 2024, serão três: open finance; tokenização; e banco relacional.

“Todo ano a gente discute quais os potenciais grandes temas, que envolvem desde produtos novos a legislação, tecnologia, mudança de processos internos etc. Nós já vínhamos trabalhando com open finance e tokenização, que é uma tendência multindústria. E neste ano incluímos o banco relacional, que consiste em novos benefícios e funcionalidades”, explica Jimmy.

Jimmy Lui, head de Inovação e Open Finance do Banco BV (Foto: Divulgação)

A agenda de inteligência artificial também está presente na inovação aberta da instituição, segundo o executivo, inclusive com parcerias com grandes empresas de tecnologia. “O banco já trabalha há bastante tempo com IA, mas ainda temos algumas dúvidas sobre como funciona a GenIA em termos de regulação. Não está claro, ainda, quando uma GenIA responde para o cliente, quais as consequências disso. No passado, quando começou a se falar em blockchain, a indústria esperou avançar a agenda regulatória. Estamos fazendo o mesmo com a IA, e enquanto isso temos alguns pilotos”, afirma.

A atuação do banco com as startups acontece em diversas frentes, como o corporate venture capital (CVC) BVx e o Inova BV, um programa de intraempreendedorismo. Para Jimmy, o principal desafio no passado foi realizar uma mudança na cultura dos funcionários de entender que a interação com startups poderia ajudar a melhorar processos. “Tem temas que dificilmente surgiriam organicamente dentro da companhia, por isso é importante ter um setor de inovação”, avalia.

Ganho de eficiência

O Bradesco também atua em parceria com as startups por meio do programa de inovação aberta Inovabra e do CVC Inovabra Ventures, que busca oportunidades com potencial de alcance global em diferentes estágios e setores. Hoje, o banco tem 210 startups residentes no Inovabra e mais de 1.500 conectadas por meio de hubs parceiros. O programa de inovação realiza cerca de 70 provas de conceito por ano e fez mais de 40 contratações recentes. No total, são 18 startups investidas.

“Nosso foco é buscar oportunidades para ganhar eficiência nos negócios existentes e trazer novas linhas de receita, dentro das principais tendências que impactam hoje o setor financeiro como finanças embarcadas, uso inteligente de dados para ofertas hiperpersonalizadas, cibersegurança, ativos digitais, finanças sustentáveis, entre outras”, conta Renata Petrovic, head de inovação aberta do Bradesco.

Entre as soluções que surgiram dessa colaboração com startups está uma ferramenta inédita de gestão de fluxo de caixa para clientes pessoa jurídica dos segmentos de micro, pequenas e médias empresas, que possibilita uma visão consolidada do negócio no internet banking. A funcionalidade foi resultado da parceria do Bradesco com a ASAAS, fintech que automatiza processos de gestão financeira.

Os bancos Itaú e Santander foram procurados, mas não participaram da reportagem.

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