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A digitalização da economia, o aumento na procura pelos usuários, as flexibilizações do regulador e os investimentos no setor fizeram o ecossistema brasileiro de insurtechs avançar rapidamente e liderar a expansão na América Latina nos últimos anos. No entanto, soluções como o sandbox regulatório e o Open Insurance podem impulsionar ainda mais o setor. É o que mostra o estudo “O Mercado de Seguros e as Insurtechs”, realizado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) e divulgado em primeira mão ao Finsiders.

A análise da CNseg, associação que reúne as empresas de seguro, previdência e saúde suplementar, foi realizada entre 2021 e 2022. De acordo com o documento, o Brasil tem destaque especial no âmbito internacional pelo surgimento de novas empresas. Em 2017, eram cerca de 50 startups do tipo. Já no ano seguinte, um relatório do Distrito mapeou 78 empresas. Dois anos depois, em 2020, havia 113 insurtechs no país.

No período, a taxa de mortalidade de uma insurtech no Brasil foi de 6,14%, com 6,3 anos de idade média até deixar de operar. E elas estavam distribuídas em quatro categorias: na oferta de infraestrutura e back-end, produtos e distribuição, marketplaces e serviços adicionais. A maioria trabalha com soluções B2B (55,8%), seguido por B2C (38,9%) e, por fim, no B2B2C (5,3%).

Em julho de 2021, foram identificadas 129 empresas de tecnologia com operações em seguros. Ali, as inovações recentes começavam a despontar. Entre elas, estavam companhias autorizadas a operar no sandbox regulatório da Superintendência de Seguros Privados (Susep), e que deve ser importante no futuro.

“O compartilhamento do histórico de dados de seguros dos clientes entre as companhias participantes do ecossistema tende a derrubar importante barreira no sentido de aumentar a competitividade entre as empresas, que é a ausência de dados históricos para uma análise de risco e precificação mais assertiva”, diz a comissão de inteligência de mercado da CNseg, no relatório.

A previsão é que o acesso às informações como o histórico dos clientes deve aumentar as análises preditivas, movimento que abre espaço para a personalização da oferta ao usuário final.

Open Insurance

Em 2022, o relatório “Latam Insurtech Journey”, elaborado pela Digital Insurance para analisar a performance das startups de seguros na América Latina, mapeou 193 insurtechs no Brasil, crescimento de 32% na base de comparação anual. Dessas, 12 participavam do sandbox por aqui, enquanto outras quatro — 180º, Darwin Seguros, Latu e Azos — fizeram rodadas significativas de capital.

O report destaca, também, o avanço de negócios em função do Open Insurance. Cita, por exemplo, empresas de tecnologia como Finansystech (da Celcoin), Sensedia, TecBan e Teros. “O Open Insurance é um novo eixo regulatório para América Latina, como é o caso do Brasil, em particular. Além disso, está sendo falado na Colômbia e no Chile. Vai levar tempo, mas pode ser um verdadeiro game-changer.”

Em sua análise, a CNseg chama a atenção, ainda, para a mudança de comportamento do consumidor. Se no passado a confiança era o fator primordial na decisão de contratar um seguro, neste momento a experiência e o relacionamento com as empresas são considerados chave. Isso abre espaço para o aumento da concorrência.

“[Os consumidores consideram] contratar seguros de empresas de fora do setor, como bigtechs (Amazon, Apple e Google, por exemplo) e fintechs (plataformas e bancos digitais se tornaram potenciais pontos de contato inicial dos clientes com produtos de seguros)”, diz a entidade.

América Latina

Atualmente, são 464 insurtechs na América Latina, com crescimento anual de 18%, aponta a Digital Insurance. Além das 193 brasileiras (35% do total), há, ainda, 99 no México (18%), 81 na Argentina (15%), 58 no Chile (11%), 52 na Colômbia (10%), 19 no Peru (3%), 18 no Equador (3%) e 16 na Costa Rica (3%).

No ano passado, 115 empresas surgiram na região, ao passo que outras 44 desapareceram. Chile e Argentina são os países que mais ganham espaço no mercado internacional, com índices de 22% e 17%, respectivamente. Entre as chilenas, 22% estão instaladas em outros países, por exemplo.

A previsão da confederação nacional é bastante otimista. Até 2025, o segmento deve manter uma taxa de crescimento de 25% ao ano, alcançando a marca de mais de 1 mil insurtechs. Atualmente, a expansão mais dinâmica é do México (34%), seguido pela Argentina (31%) e Brasil (29%). Peru, Equador e Bolívia, que estavam atrasados em seu desenvolvimento, crescem a uma taxa de 56% ao ano.

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