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Para o fundador e CEO da Darwin AI, Lautaro Schiaffino, os negócios de pequeno e médio porte acabam sendo sempre os esquecidos em meio às revoluções tecnológicas. No caso da inteligência artificial, enquanto a guerra no nível enterprise já está a todo vapor com nomes como OpenAI e Anthropic, no mid market existe a fome para utilizá-la, mas faltam as ferramentas.

“As PMEs já estão por dentro das tendências, sabem o que é a IA e como ela pode impactar negócios. Mas muitas estão frustradas, pois ainda não encontraram soluções que atendam as suas necessidades”, disparou Lautaro, que lançou no ano passado a Darwin AI ao lado do sócio Ezequiel Sculli.

Em sua interação inicial, a inteligência da Darwin AI funciona como um “funcionário digital”, atuando nas áreas de vendas dos pequemos e médios negócios. Operando como uma espécie de SDR júnior, ele é capaz de interagir com clientes, aprender com estas interações e, se necessário, conectar automaticamente os clientes com atendentes humanos.

Com essa proposta, a Darwin em menos de um ano já recebeu US$ 2,5 milhões em aporte. O mais recente, um seed de US$ 2,1 milhões, foi liderado pela Canary, com participação da H20 e investidores anteriores como a Dalus, FJ Labs e Latitud, que entraram em um pré-seed de US$ 400 mil feito em junho do ano passado. “Fizemos esta primeira captação sem um pitch deck”, revela Lautaro, em primeira mão para a imprensa brasileira com o Startups.

Com o aporte, o plano da companhia é intensificar seus esforços no mercado brasileiro e investir ainda mais na plataforma, enriquecendo sua base de modelos de linguagem (LLMs) de terceiros com prompts proprietários, a fim de aprimorar a experiência de uso para seu público-alvo, algo bem diferente de grandes negócios que têm recursos para montar times dedicados a IA.

Ezequiel Sculli e Lautaro Schiaffino, cofundadores da Darwin AI (Foto: divulgação)
Ezequiel Sculli e Lautaro Schiaffino, cofundadores da Darwin AI (Foto: Divulgação)

Apesar de não abrir números da base de empresas atendidas, Lautaro destaca que a demanda já é alta por parte do mercado. “Estabelecemos uma meta de chegar a uma receita recorrente anual (ARR) de US$ 1 milhão até o ano que vem, mas isso pode vir até mais cedo, no fim de 2024 ou no começo de 2025”, avalia o CEO, ilustrando como a tecnologia da Darwin está aquecida.

Atualmente, a companhia tem clientes no México, Peru, Argentina e Colômbia, mas como já era de se esperar, o Brasil ocupa a maior fatia do bolo – inclusive, 30% da força de trabalho da empresa está por aqui. “A expectativa é que o Brasil represente de 30% a 40% dos negócios”, pontua Lautaro.

Lembrando dos esquecidos

A Darwin AI não é a primeira empreitada de Lautaro e Ezequiel. Argentinos, os eles criaram (ao lado de outros dois sócios) anos atrás a Sirena, plataforma de comunicação entre clientes e empresas via WhatsApp que se tornou um sucesso nas pequenas e médias durante a pandemia, quando diversos negócios menores tiveram que encontrar soluções para se relacionar com clientes à distância.

Em 2020, a Sirena, então uma empresa grande com mais de 3,5 mil clientes, foi adquirida por um valor não divulgado pela Zenvia, e os dois sócios ficaram por lá durante dois anos. Ao fim do contrato com a empresa brasileira, e já baseado em São Paulo, Lautaro tirou um período sabático e no ano passado se reuniu com Ezequiel para pensar a Darwin.

“Pensamos em criar um negócio disruptivo para pequenos e médios negócios, e hoje a IA é essa tecnologia. Entretanto, as pequenas e médias costumam ser as últimas a aproveitar dessas vantagens. Estamos fazendo com a AI o que fizemos com o WhatsApp quando fundamos a Sirena, levando tecnologia de ponta a uma parte do mercado que é esquecida”, afirma Lautaro.

Em média, os clientes da Darwin AI vão de 50 a 100 funcionários – negócios que já saíram da fase de atender seus clientes de forma personalizada e precisam escalar seu volume de vendas. “Vimos a evolução do mercado intermediário, à medida que business-to-consumer na América Latina percebeu que há muitos leads, mas a taxa de conversão é baixa. As pessoas precisam conversar com 100 ou 200 leads para vender um produto”, explica.

Segundo o CEO, neste começo de operação a Darwin está de olho em verticais estratégicas para prospectar clientes. Entre elas estão setores como imobiliário, educação, automotivo e outros negócios B2C que tenham um estilo de venda mais consultivo e tickets mais altos.

Com as expectativas de expansão, que inclusive podem ser superadas antes da meta inicial, desta vez Lautaro quer algo diferente para a sua startup, sem pensar em um exit como o que rolou com a Sirena. “Já tivemos essa experiência, mas com a Darwin quero ir para o próximo nível. Queremos ser o maior player de IA para PMEs na América Latina”, finaliza.

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