Pelo jeito, parece que a história de Adam Neumann com a WeWork, empresa que ele fundou, transformou em um dos maiores unicórnios do mundo e depois foi expulso, ainda não terminou. Nos últimos meses, o excêntrico empreendedor vem tentando comprar a companhia, atualmente em recuperação judicial.
Segundo reporta o jornal The New York Times, a cartada de Neumann tem o apoio do conhecido investidor Dan Loeb, da gestora Third Point. Segundo o jornal, desde dezembro os dois estão coletando informações sobre a WeWork para montar uma oferta e estabelecer um plano de financiamento para as dívidas da proptech.
Segundo fontes, o plano está alinhado com a Flow Global, nova proptech de Adam, que está com seu caixa muito bem abastecido: ela tem cerca de US$ 350 milhões, aportados por investidores de peso como a a16z.
Conforme fontes que conversaram com o jornal norte-americano, a Flow se movimentou para comprar a WeWork e seus ativos, bem como fornecer financiamento para mantê-la funcionando em meio ao processo de recuperação que abriu em novembro passado. Num plano de reestruturação apresentado ao tribunal de falências no último domingo (04), a empresa disse que só tinha mais de US$ 4 bilhões em dívida garantida e que os principais credores incluíam o SoftBank.
Em uma audiência na segunda-feira (05), advogados de proprietários e outros reclamaram que a WeWork pode não ter dinheiro suficiente para pagar o aluguel, o que mostra que o sufoco financeiro passado pela antes gigante proptech é ainda mais grave do que se imagina.
Na avaliação de especialistas de mercado, a WeWork tem um valor atual de mercado na casa dos US$ 500 milhões, algo bem abaixo dos tempos em que Neumann liderava de forma espalhafatosa o negócio. Em meados de 2018, na expectativa de um IPO, a companhia chegou a valer US$ 47 bilhões, depois de receber cerca de US$ 11 bilhões em investimentos do SoftBank. Entretanto, com os excessos e falta de transparência na administração do negócio, que foram escancarados no escrutínio pré-IPO, Adam Neumann foi afastado do comando da empresa.
Te quero de volta
Entretanto, parece que o ex-founder superstar não superou a perda. Nos últimos anos, ele tentou se reaproximar da empresa que construiu. Em 2022, ele se propôs a buscar cerca de US$ 1 bilhão para investir e ajudar a estabilizar a WeWork, mas viu seu esforço ser barrado pelo então CEO da companhia Sandeep Mathrani. Aliás, Sandeep “pulou do barco” em maio do ano passado, deixando o cargo para David Tolley.
A própria Flow se pronunciou sobre a intransigência da WeWork em receber o apoio de Adam Neumann. “Escrevemos para expressar nossa consternação com a falta de engajamento da WeWork até mesmo para fornecer informações aos meus clientes no que se pretende ser uma transação de maximização de valor para todas as partes interessadas”, escreveram os advogados da Quinn Emanuel, escritório conhecido por representar estrelas como Elon Musk e Jay-Z.
Quando a WeWork entrou com o pedido de Capítulo 11, Neumann disse na época que “com a estratégia e a equipe certas, uma reorganização permitirá que a WeWork possa emergir com sucesso”. Mas ele também disse que a Flow – que tem como foco o mercado imobiliário residencial – “concorreria ou seria parceira” de sua antiga empresa.