Adobe | Foto: Canva
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Em um mercado onde a IA se apresenta como um disruptor (pra não dizer uma ameaça) para seu modelo de negócio, a Adobe está se movimentando – e comprando. A gigante dos softwares gráficos anunciou nesta quarta (19) a aquisição da plataforma de otimização de SEO Semrush.

Segundo destacou a Adobe em comunicado no seu site, o negócio será de US$ 1,9 bilhão, no qual ela pagará US$ 12 por ação da Semrush, em dinheiro. Na semana passada, os papéis da empresa comprada eram negociados por cerca de US$ 6,8.

No comunicado sobre a aquisição o presidente da divisão Digital Experience da Adobe, Anil Chakravarthy, destacou que, juntas, Adobe e Semrush pretendem resolver grandes pontos de dor dos clientes à medida que o mercado migra da otimização para mecanismos de busca tradicional (SEO) para a otimização de motores generativos impulsionada por IA (GEO).

“A visibilidade de marca está sendo redefinida pela IA generativa, e as marcas que não abraçarem essa nova oportunidade correm o risco de perder relevância e receita”, disse Anil. “Com a Semrush, estamos desbloqueando o GEO como um novo canal de crescimento para os profissionais de marketing, ao lado do SEO, impulsionando mais visibilidade, engajamento de clientes e conversões em todo o ecossistema”, completou.

As ferramentas da Semrush serão integradas aos serviços da Adobe, como o Adobe Experience Manager, Adobe Analytics e o recém-lançado Adobe Brand Concierge. As duas empresas buscarão uma abordagem holística para a forma como as marcas aparecem em buscas tradicionais, em modelos de linguagem de grande escala e na web em geral.

A Adobe oferece a principal plataforma de orquestração de experiência do cliente e trabalha com 99% das empresas da Fortune 100, incluindo Coca-Cola, General Motors e IBM. Contudo, nos últimos dois, a companhia tem enfrentado uma queda contínua em seu valor de mercado – só no último ano, as ações da empresa caíram 27%

Por sua vez, a Semrush trabalha com clientes como Amazon, JPMorgan Chase e TikTok para aumentar a visibilidade dessas marcas na web. No primeiro trimestre deste ano, a companhia bateu seu recorde de receita, chegando a um faturamento recorrente (ARR) de US$ 425 milhões.

Agora vai?

A transação deve ser concluída no primeiro semestre de 2026, sujeita a aprovações regulatórias e outras condições de fechamento. Esse detalhe é importante, pois vale lembrar que a Adobe tentou uma aquisição de impacto não muito tempo atrás, mas acabou não conseguindo.

Em setembro de 2022, a empresa anunciou que pagaria US$ 20 bilhões pela plataforma cloud de design Figma, uma de suas principais concorrentes. Entretanto, o deal ficou no limbo de aprovações regulatórias por mais de um ano, com a resistência de órgãos como a Comissão Europeia e a U.K. Competition and Markets Authority no Reino Unido.

O negócio foi visto de forma negativa por muitos órgãos reguladores, sob o pretexto que ele seria nocivo no segmento de ferramentas gráficas, onde a Adobe já é uma líder de mercado. Tanto a agência antitruste do Reino Unido quanto a da União Europeia lançaram investigações para analisar os impactos do negócio.

No fim das contas, em dezembro de 2023, ambas as partes (Adobe e Figma) optaram por cancelar o negócio, afirmando que “não havia um caminho claro para receber as aprovações regulatórias necessárias”.

Corta para 2025 e a Adobe está de olho em outras aquisições, enquanto a Figma avalia suas opções para um possível IPO – a um valuation de US$ 18,8 bilhões.