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Big techs perdem US$ 364B em valor de mercado em julho

Temporada de balanços não empolgou os investidores, apesar de alguns resultados terem superado expectativas

Wall Street
Wall Street

As gigantes da tecnologia sofreram um baque em seu valor de mercado em julho, após o início de uma temporada de balanços pouco empolgante no mercado norte-americano. Depois de um momento de euforia com a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, quando a Nvidia teve suas ações negociadas acima de US$ 1.000 pela primeira vez, os investidores agora parecem estar menos empolgados com as perspectivas da inteligência artificial nessas companhias.

A perspectiva de juros ainda altos nos Estados Unidos também não ajudou. O mercado já havia antecipado que o Federal Reserve, banco central norte-americano, não alteraria a taxa de juros, o que se concretizou na quarta-feira, com a decisão de manter o juros na faixa de 5,25% a 5,50%. Essa é a oitava reunião consecutiva sem alterações.

Juntas, as Sete Magníficas – grupo formado por Apple, Microsoft, Nvidia, Alphabet (Google), Amazon, Meta e Tesla – perderam US$ 364 bilhões em valor de mercado em julho, segundo levantamento do consultor Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, feito com exclusividade para o Startups.

Apenas Apple e Tesla tiveram um saldo positivo no fim do mês, com ganhos de US$ 175 milhões e US$ 110 milhões, respectivamente, em valor de mercado. A Apple divulgou seus resultados apenas no dia 1º de agosto, após o fechamento do pregão, por isso não impactaram no desempenho da empresa no mês de julho.

Microsoft

O pior desempenho ficou por conta da Microsoft, que perdeu US$ 212 milhões em valor de mercado. Apesar de ter registrado receita e lucros levemente acima das expectativas no segundo trimestre, a companhia desapontou no segmento de cloud computing, onde cresceu 29% na comparação anual, ante uma expectativa de 30,6%. Além disso, mostrou desaceleração em relação à alta de 31% do trimestre anterior. 

“A Microsoft informou que a demanda por processamento ligado a Inteligência Artificial foi responsável por 8 pontos percentuais do crescimento da receita do segmento, um aumento em relação aos 7pp do trimestre anterior. Já os outros segmentos da companhia, como computação pessoal (+15% A/A) e produtividade (+12% A/A) reportaram resultados acima do esperado e ajudaram a empresa a superar as estimativas”, avalia relatório da XP.

A empresa registrou receita de US$ 64,7 bilhões, contra estimativas de US$ 64,4 bilhões. E lucro líquido de US$ 22 bilhões, uma alta de 10% em relação ao registrado no mesmo período do ano anterior. O lucro por ação passou de US$ 2,69 para US$ 2,95, acima das expectativas de US$ 2,94.

Alphabet

A dona do Google e do YouTube perdeu US$ 137 milhões em julho mesmo após apresentar resultados sólidos no balanço do 2T24. A Alphabet registrou receita de US$ 84,74 bilhões, acima das expectativas de US$ 84,29 bilhões. O lucro da companhia alcançou US$ 1,89 por ação, superando as estimativas de US$ 1,85.

“O destaque vai para o negócio de cloud que ultrapassou os US$ 10 bilhões pela primeira vez e superou as estimativas dos analistas. Os YouTube Ads foi o ponto que decepcionou, ficando levemente abaixo dos números que Wall Street esperava”, apontou a Avenue, em relatório.

Meta

Nesta quarta-feira, a Meta superou as expectativas do mercado, tanto na receita (US$ 39,1 bilhões, ante expectativa de US$ 38,3 bilhões) e no lucro por ação (US$ 5,16, ante US$ 4,72 esperados).

“A Meta surpreendeu positivamente com suas vendas no segundo trimestre, superando as expectativas. Importante destacar que a empresa reforçou que o desempenho ilustra a eficácia de seus investimentos em inteligência artificial, que têm melhorado a personalização e direcionamento de anúncios, impulsionando o crescimento. As projeções futuras divulgadas pela empresa também são positivas – isso, combinado com a sinalização do Federal Reserve de iniciar um possível corte de juros em setembro, beneficiou as ações da Meta, que subiram fortemente ao final do dia”, afirma Raquel Zucchi, head de research da Investo.

A companhia também anunciou um guidance de receita para o 3º trimestre de US$ 38,5 bilhões a US$ 41 bilhões ante uma expectativa do mercado de US$ 39,1 bilhões.

“Ao longo do trimestre, a empresa de Mark Zuckerberg investiu cerca de US$ 8,2 bilhões e avisou ao mercado que pretende continuar o ritmo acelerado. O CapEx total em 2024 deve ficar entre US$ 37 bilhões e US$ 40 bilhões e o documento antevê crescimento “significativo” desse número em 2025, sem especificar valores. As ações da companhia refletem os bons números e guidance, porém, vemos motivos para preocupação com o elevado nível de gastos da empresa”, ponderou a XP.

Tesla

A Tesla ganhou US$ 110 milhões em valor de mercado após superar as expectativas de vendas no segundo trimestre do ano. A montadora de carros elétricos informou que entregou 443.956 veículos no período, acima da estimativa de analistas, que era de 439.302. Com relação ao mesmo trimestre do ano passado, porém, houve queda de 4,8%.

As vendas automotivas totalizaram US$ 19,9 bilhões no 2T24, uma queda em relação aos US$ 21,27 bilhões do mesmo período do ano passado.

“A empresa continua a ser a principal vendedora de veículos elétricos nos EUA, mas enfrenta crescente concorrência, o que tem afetado sua participação de mercado. Durante o trimestre, a Tesla ofereceu descontos e incentivos, incluindo financiamentos subsidiados na China e nos EUA, para estimular a demanda. Essas ofertas impactaram negativamente a lucratividade, com a margem de lucro ajustada caindo para 14,4%, em comparação com 18,7% no segundo trimestre de 2023”, apontou a Avenue.