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No mês passado, já tínhamos falado da aparente derrocada da Byju’s, edtech indiana que até um ano atrás era uma das maiores potências do segmento de educação, com um valuation de US$ 22 bilhões e investidores como a Prosus. Entretanto, o mais novo desdobramento da história mostra que é possível cair ainda mais um pouco.

Recentemente, a Byju’s anunciou uma emissão de direitos de subscrição – que dão preferência na compra de novas ações – para levantar US$ 200 milhões, com um valuation pre-money de US$ 20 milhões a US$ 25 milhões, uma impressionante desvalorização de 99% no negócio. Segundo reportou o TechCrunch nesta quarta (21), a edtech destacou que a emissão já foi “totalmente subscrita” pelos investidores.

Entretanto, segundo o site norte-americano, a nova captação não veio sem alguns perrengues. De acordo com fontes, a empresa teve que “fazer uma pressão” junto a alguns de seus maiores acionistas para investir mais um pouco, já que nos últimos tempos a relação da edtech com seus investidores não tem sido das melhores.

Só que nomes grandes do captable da edtech até então, como a Prosus (maior acionista da startup com 9% do negócio) e a Peak XV, não demonstraram interesse nos direitos. E se elas não subscreverem à emissão, correm o risco de perder sua participação na Byju’s.

“Nossa emissão de direitos está totalmente subscrita e minha gratidão aos meus acionistas continua forte”, escreveu o fundador Byju Raveendran, em uma carta aos acionistas. “O meu referencial de sucesso é a participação de todos os acionistas na questão dos direitos. Construímos esta empresa juntos e quero que todos participemos desta missão renovada. O seu investimento inicial lançou as bases para a nossa jornada e esta emissão ajudará a preservar e construir maior valor para todos os acionistas”, declarou em nota.

Para apaziguar os ânimos junto ao seu corpo de investidores, a companhia frisou que nomeará uma agência terceira para acompanhar a captação de recursos na emissão de direitos, e está empenhada em reestruturar o conselho, trazendo novos executivos para cargos de liderança administrativa.

“Entendo que participar nesta questão de direitos pode parecer uma escolha de Hobson”, afirmou Byju, fazendo menção ao termo dado para uma situação que mostra uma aparente livre escolha, quando apenas uma opção é realmente oferecida. “No entanto, esta é a única opção viável que temos hoje diante de nós para evitar a erosão permanente do valor”, completou o fundador.

Passos para trás

Na visão de analistas, o corte violento no valuation é reflexo das dificuldades que a Byju’s tem encontrado para levantar um novo aporte, gerar folha de pagamento e saldar sua dívida de mais de US$ 1 bilhão. Segundo fontes de mercado, a companhia passou o último ano na busca por investidores. A startup estava em fase final para arrecadar cerca de US$ 1 bilhão no ano passado, mas as negociações foram por terra depois que a Deloitte e três membros importantes do conselho deixaram a startup.

Antes disso, em 2022, a edtech estava se preparando para se tornar pública através de uma fusão com uma SPAC, colocando o valuation da startup na casa dos US$ 40 bilhões. Entretanto, crises como a guerra entre Rússia e Ucrânia, assim como o chamado “inverno dos VCs”, complicaram a situação para a empresa.

Em sua trajetória, a Byju’s somou mais de US$ 6 bilhões em investimentos, se tornando uma das startups “carro-chefe” do ecossistema indiano. Segundo dados do Crunchbase, a última rodada foi uma série F de US$ 50 milhões em 2021 e, desde então, a empresa levantou fundos em rodadas de private equity e financiamentos.

Em setembro do ano passado, sob nova administração do CEO Arjun Mohan, a companhia iniciou uma reestruturação interna para reduzir custos, resultando na demissão de até 5 mil funcionários. Para completar, a startup perdeu seu CFO de longa data, Ajay Goel, no mês seguinte.

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