Algumas semanas atrás, falamos de como o sonho elétrico da montadora de carros Fisker tinha se tornado um pesadelo, e de como a companhia que chegou a ser cotada como uma possível rival da Tesla estava à beira da falência. Bem, agora é oficial: a Fisker registrou o seu pedido de recuperação judicial (Chapter 11) na corte norte-americana.
Segundo reporta o TechCrunch, o pedido é uma medida desesperada para a companhia se salvar, em meio a dezenas de processos de usuários e recalls de produtos defeituosos que minaram a credibilidade e as finanças do negócio.
“Depois de avaliar todas as opções para o nosso negócio, determinamos que prosseguir com a venda dos nossos ativos sob o Capítulo 11 é o caminho mais viável para a empresa”, destacou o CEO Henrik Fisker, em comunicado.
De acordo com o documento registrado junto à justiça de Delaware, a empresa estimou ativos entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão, e passivos entre US$ 100 milhões e US$ 500 milhões.
Quanto aos credores, a Fisker relatou entre 200 e 999 empresas, incluindo SAP, Adobe, Salesforce e Ansys. O pedido ocorre apenas um ano depois que a empresa entregou aos clientes seu veículo totalmente elétrico, o Ocean SUV. Entretanto, o produto foi um desastre, sendo alvo de reclamações de consumidores em função de problemas mecânicos e de software.
Além disso, a companhia já vinha no último ano com grandes dificuldades de manter sua operação. Apesar de ter produzido mais de 10 mil veículos em 2023, a empresa entregou apenas cerca de 4,7 mil, um volume bem abaixo do que tinha previsto para clientes e investidores.
Para completar, em abril a empresa largou seus planos de expandir o portfólio. No ano passado, ela anunciou dois novos produtos: o Pear, um veículo elétrico de baixo custo (US$ 30 mil) e produzido pela Foxconn, e o Alaska, querendo entrar no badalado mercado das pickups elétricas.
Segundo um processo aberto nas últimas semanas, foi divulgado que Fisker parou de pagar à empresa de engenharia que a ajudou a desenvolver esses veículos. A empresa, uma subsidiária norte-americana da gigante de engenharia alemã Bertrandt AG, também acusa Fisker de reter indevidamente propriedade intelectual associada a esses veículos. Está pedindo cerca de US$ 13 milhões em danos – detalhe, segundo reports internos, a companhia não tem muito mais do que US$ 50 milhões em caixa.
Curiosamente, esta é a segunda empresa de veículos que o CEO Henrik Fisker terminou de forma mal-sucedida. A Fisker Automotive foi fundada em 2007 e pediu proteção contra falência em 2013. Essa empresa também colocou o seu veículo – um carro desportivo eléctrico híbrido – em produção na estrada, antes de se deparar com problemas de qualidade e outros fatores externos que se revelaram fatais.