Inteligência Artificial

Desregulação e energia: qual é o plano de Trump para a IA nos EUA?

Governo Trump propõe desburocratização agressiva, combate à China e foco em competitividade para impulsionar empresas de IA

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Menos regulações e combate à IA chinesa faz parte do plano de Donald Trump | Foto: Shutterstock/Canva
Menos regulações e combate à IA chinesa faz parte do plano de Donald Trump | Foto: Shutterstock/Canva

Diminuir burocracias, eliminar regulações ambientais em favor da corrida energética para alimentar data centers e favorecer a exportação de tecnologias locais para evitar o avanço de modelos chineses. Esse é o plano do presidente norte-americano Donald Trump para colocar os sistemas de IA ianques no topo do mercado.

Os planos acima resumem em linhas gerais do “AI Action Plan“, que como já diz o nome, é um plano de ação bancado pelo governo dos EUA para favorecer empresas locais no desenvolvimento de IA, flexibilizando supervisões e salvaguardas – ou como diz o documento, para “remover burocracias e regulações onerosas”. Além disso, o documento aponta que a IA precisa estar livre de “viés ideológico”.

O plano também propõe que o governo conceda contratos federais a empresas que “garantam que seus sistemas sejam objetivos”. Segundo o documento, uma agência governamental ficará responsável por revisar diretrizes para o desenvolvimento de IA, removendo menções a diversidade, equidade e inclusão (DEI), mudanças climáticas e desinformação.

O relatório sinaliza que o governo Trump abraçou a IA e os apelos das empresas, que pedem liberdade (uma palavra bonita para menos regulação), o que segundo a administração dos EUA, é fundamental para que o país lidere uma nova era definida por essa tecnologia.

A decisão vai na contramão de outros mercados, como o europeu, onde a Comissão Europeia aprovou recentemente regulações para controlar o desenvolvimento da IA. Entretanto, segundo representantes de Trump dentro da Casa Branca, é uma decisão boa para os negócios.

“Achamos que estamos em uma corrida de IA”, disse David Sacks, encarregado de IA e criptoativos na Casa Branca, em uma ligação com jornalistas norte-americanos nesta quarta (23). “E queremos que os Estados Unidos vençam essa corrida”, completa.

Contudo, além das implicações econômicas, o plano da Casa Branca também quer moldar a forma como as ferramentas de IA complicam suas informações. Conservadores acusam algumas empresas de tecnologia de desenvolver modelos de IA com viés liberal embutido – o que não passa de especulação, já que a maioria dos modelos é treinada com grandes volumes de dados, de todo tipo de orientação política.

Data centers e energia

Como parte do plano de ação, estão previstas medidas para facilitar a construção e operação de data centers. Isso envolve a flexibilização de regulações ambientais e do uso de terras federais para agilizar o desenvolvimento dos projetos, incluindo o fornecimento de energia.

Segundo reportou a Reuters, espera-se que Trump tome novas medidas nas próximas semanas para ajudar as Big Techs a garantir as massivas quantidades de eletricidade necessárias para alimentar os data centers.

De olho em estados considerados mais liberais, como é o caso da Califórnia (onde não por acaso, grande parte de empresas de IA estão sediadas), o texto adverte que estados com leis consideradas excessivamente restritivas podem perder acesso a recursos federais relacionados à IA, e recomenda que a Comissão Federal de Comunicações avalie se as normas estaduais entram em conflito com sua autoridade sobre redes nacionais.

O relatório também afirma que o governo deve ouvir empresas e o público sobre regulações que “dificultam a inovação e adoção da IA”, e trabalhar com agências federais para tomar as ações cabíveis.

Outro ponto é a preocupação com a concorrência chinesa, que tem preocupado gigantes como OpenAI e Meta com modelos abertos e eficientes como o DeepSeek. No plano, o governo pretende criar mecanismos para favorecer a exportação de ferramentas americanas de IA e que agências federais devem ajudar a indústria a vender pacotes tecnológicos no exterior, além de atuar para conter a influência da China no setor.

“Como nossos competidores globais correm para explorar essas tecnologias, é uma prioridade de segurança nacional para os Estados Unidos alcançar e manter uma dominância tecnológica global inquestionável e inabalável”, disse Trump no plano. “Para garantir nosso futuro, precisamos aproveitar ao máximo o poder da inovação americana.”