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Empresas europeias fazem coalizão por soberania digital na UE

Região é altamente dependente da tecnologia americana, incluindo serviços de nuvem de empresas como Amazon, Microsoft e Google

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União Europeia | Foto: Canva
União Europeia | Foto: Canva

Empresas de tecnologia europeias formaram uma coalizão para exigir ações radicais da União Europeia em prol da soberania digital do bloco. O grupo, composto por representantes de diversos segmentos do setor, alerta para a dependência excessiva de infraestruturas e serviços digitais controlados por empresas estrangeiras, o que, segundo eles, compromete a segurança, a confiabilidade e o crescimento da Europa.

A iniciativa ganha força em um momento em que gigantes como a Amazon tentam reforçar sua presença no continente, com o lançamento recente do programa AWS European Sovereign Cloud, infraestrutura de nuvem hospedada e operada inteiramente na União Europeia. A iniciativa, porém, não agradou os europeus, que já falam em “sovereignty washing”.

Enquanto isso, empresas locais como a francesa Mistral AI e o modelo generativo Claude brigam por espaço com gigantes como a norte-americana OpenAI e a chinesa DeepSeek, que têm atraído investimentos bilionários.

Com mais de 250 assinaturas, incluindo de empresas como Airbus e Dassault Systèmes, a iniciativa, chamada de EuroStack, propõe a criação de um Fundo de Infraestrutura Soberana para apoiar investimentos públicos em áreas intensivas em capital, como computação quântica e chips. O grupo também considera a criação de um Fundo Europeu de Dinamismo no formato fund of funds.

Os signatários do EuroStack defendem ainda a campanha “Buy European” para aumentar a demanda por produtos e soluções tecnológicas desenvolvidos por empresas da UE.

No centro da questão está a deterioração das relações entre a Europa e os Estados Unidos de Donald Trump. A região é altamente dependente da tecnologia americana, incluindo serviços de nuvem, com empresas como Amazon, Microsoft e Google ocupando mais de dois terços do mercado europeu, segundo dados da Comissão Europeia.

“O setor privado precisa de incentivos e induções adequados para direcionar parte de sua demanda para fornecedores europeus que possibilitem soluções soberanas. Priorizar áreas onde a Europa já pode entregar será fundamental para transferir recursos rapidamente para fornecedores europeus, criando valor e mercado em um círculo virtuoso. O objetivo não é excluir players não europeus, mas criar espaço onde fornecedores europeus possam competir legitimamente (e justificar o investimento)”, destaca a carta aberta enviada pelo grupo à Comissão Europeia.