Dois anos depois de anunciar ambiciosos planos de expansão para outros mercados na América Latina, e até em outros continentes, o unicórnio mexicano Kavak vai rever suas prioridades. Uma medida para isso será a de pausar indefinidamente (um termo mais suave para “terminar”) as atividades da marca no Peru e Colômbia.
Segundo reportou o site Contxto, a decisão da plataforma de compra e revenda de veículos deverá ter efeito a partir de janeiro do ano que vem, uma mudança significativa para companhia, que entrou nos dois mercados em meados de 2022.
A Kavak afirmou que continuará suas operações nos dois países até que todas as suas obrigações com clientes, funcionários e fornecedores sejam concluídas. De acordo com a companhia, a decisão é decorrente de uma avaliação rigorosa das oportunidades de mercado nestas regiões, considerando o cenário macroeconômico global e projeções futuras do negócio.
A saída do mercado colombiano pegou alguns analistas de surpresa, já que na terra de Carlos Valderrama, a Kavak fez investimentos consideráveis, inclusive este ano. Em maio passado, a startup desembolsou US$ 2,1 milhões para abrir uma unidade de recondicionamento de veículos, com a meta de capturar 5% do mercado local de seminovos e vender aproximadamente 5 mil unidades diariamente. Entretanto, os planos ambiciosos não surtiram efeito, e rapidamente foram seguidos de cortes de pessoal.
A Kavak se tornou referência no ecossistema latino em 2020 após levantar uma rodada unicórnio – a primeira de uma startup mexicana – liderada pela SoftBank, DST Global e Greenoaks Capital, mas que não teve o valor revelado. Depois disso, a empresa continuou acumulando rodadas, passando dos US$ 8,7 bilhões no total, segundo dados do CB Insights.
Com saída do Peru e da Colômbia, a Kavak terá operações na Turquia, Argentina (a partir da aquisição da plataforma Checkars em 2020) e no Brasil, onde entrou em 2021 – isso, é claro, sem contar o México, seu mercado natal.
Para Jaime Macaya, head da Kavak para a América Latina, parece que o foco principal voltará ao México, conforme ele afirmou esta semana em um painel com investidores do fundo Wollef, e reportado pela Reuters. “Então, acho que agora estamos na fase de padronização”, disse ele, acrescentando que a empresa agora busca se concentrar no México, onde tem o maior share.
“Estamos encontrando nosso caminho para levar outros mercados à lucratividade e acho que isso nos levará boa parte dos próximos três ou quatro trimestres”, completou Jaime.